Capítulo 4: Ecos do Passado

Clara observava a cidade através da janela do café, a fumaça do seu espresso misturando-se ao ar frio da manhã. As lembranças de Gabriel ainda a assombravam, cada risada, cada olhar apaixonado agora se transformando em ecos distantes. A dor da separação se sentia como um peso no coração, um lembrete constante de que o amor nem sempre é suficiente.

Enquanto mexia na xícara, seu celular vibrou. Uma mensagem. Ela hesitou antes de abrir, o nome de Gabriel brilhando na tela. "Você está bem?" O simples gesto de preocupação fez seu coração disparar, mas ela rapidamente se lembrou da razão pela qual estavam separados.

Decidida a não ceder à tentação de responder, Clara desviou o olhar e se perdeu em seus pensamentos. As imagens de seus momentos juntos eram como uma montanha-russa de sentimentos. Havia risos e carinho, mas também brigas e mal-entendidos que os afastaram. Agora, tudo que restava era um vazio.

Em um impulso, Clara decidiu que precisava de um novo começo. Levantou-se, pegou sua bolsa e saiu do café. O ar frio a recebeu como um novo desafio. Ela caminhou pelas ruas movimentadas, seus passos ressoando como promessas de um futuro sem Gabriel.

Mas as lembranças eram persistentes. Ao passar por um parque onde costumavam fazer piqueniques, Clara parou. Ali, entre risos e compartilhamentos de segredos, ela percebeu que não poderia simplesmente apagar o que viveram. E, com isso, uma ideia começou a germinar em sua mente.

Ela queria entender o que deu errado. Queria, de alguma forma, chegar a um fechamento. Naquela noite, Clara decidiu que se encontraria com Gabriel. Não para reatar, mas para conversar. Para finalmente expor os sentimentos que guardara e, quem sabe, descobrir se ainda havia alguma chance de recuperar o que perderam.

Com essa determinação, Clara se preparou. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio. Afinal, mesmo que o desejo de estar com Gabriel a consumisse, o desejo de se encontrar e se entender também era forte.Clara chegou em casa e sentou-se à mesa da cozinha, seu coração acelerando ao pensar em como seria o encontro. Enquanto preparava um chá, sua mente girava em torno do que queria dizer a Gabriel. Palavras de amor e dor misturavam-se, formando um turbilhão de emoções. O silêncio da casa a envolvia, amplificando cada pensamento, cada lembrança.

Naquela noite, Clara decidiu que escreveria uma carta para Gabriel. Era uma forma de organizar seus sentimentos, uma maneira de expressar tudo o que havia guardado desde a separação. A caneta deslizou pelo papel, e suas palavras começaram a fluir:

"Gabriel, há tantas coisas que eu gostaria de dizer... A separação foi difícil para mim. Eu não sabia o quanto você significava até que você se foi. Lembro de nossos momentos juntos, do riso, das promessas, mas também das mágoas. Quero entender o que aconteceu entre nós."

Enquanto escrevia, lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas havia uma sensação de alívio ao colocar suas emoções em palavras. Quando terminou, leu a carta em voz alta, ouvindo cada sílaba como se fosse uma oração. Ela a guardou em um envelope, decidida a entregá-la pessoalmente a Gabriel.

Na manhã seguinte, Clara acordou com um misto de ansiedade e determinação. Após se preparar, saiu em direção ao apartamento de Gabriel. A caminhada parecia eterna, cada passo aumentando a expectativa dentro dela. Quando finalmente chegou, seu coração estava acelerado, e ela hesitou por um momento na porta.

Bateu com a mão trêmula. O som ecoou pela entrada silenciosa. Após alguns segundos que pareceram uma eternidade, a porta se abriu, e Gabriel apareceu. Ele estava tão bonito quanto se lembrava, com o cabelo bagunçado e uma expressão de surpresa ao vê-la.

“Clara?” Sua voz estava carregada de incredulidade.

“Oi, Gabriel. Posso entrar?” Ela forçou um sorriso, sentindo um misto de nervosismo e esperança.

Gabriel assentiu e a deixou passar. O interior do apartamento estava iluminado pela luz suave da manhã, mas o ambiente parecia carregado com a tensão não resolvida entre eles. Clara se sentou no sofá, enquanto Gabriel a observava, os olhos cheios de perguntas.

“Sobre o que você queria conversar?” ele perguntou, quebrando o silêncio.

Clara respirou fundo, segurando a carta em suas mãos. “Eu escrevi algo para você.” Ela entregou o envelope a ele, seu coração batendo forte enquanto ele aceitava o papel.

“Clara, eu...”

“Por favor, apenas leia,” ela interrompeu, sua voz trêmula.

Gabriel abriu a carta e começou a ler em silêncio. Clara o observou, sua respiração presa na expectativa. Quando ele terminou, seus olhos encontraram os dela, e por um instante, o tempo pareceu parar.

“Eu não sabia que você se sentia assim,” ele disse, sua voz baixa, quase um sussurro.

“Eu fiquei perdida sem você,” Clara respondeu, a sinceridade em suas palavras ressoando no espaço entre eles. “Eu quero entender por que chegamos a esse ponto. Quero saber se ainda existe um nós.”

Gabriel hesitou, a dor da separação evidente em seu olhar. “Eu também me sinto assim, mas... e se tentarmos e tudo acontecer de novo? E se as coisas não mudarem?”

“Precisamos tentar, Gabriel. Não podemos viver com o que poderia ter sido sem ao menos dar uma chance ao que ainda pode ser,” Clara implorou, suas palavras carregadas de emoção.

O olhar de Gabriel suavizou, e ele pareceu ponderar suas palavras. Clara sabia que havia muito a ser resolvido, mas estava disposta a lutar por eles, se ele também estivesse.

“Eu quero tentar,” ele finalmente disse, a decisão clara em sua voz.

Clara sentiu uma onda de alívio e alegria, mas também sabia que o caminho à frente não seria fácil. A separação havia deixado cicatrizes, mas talvez, apenas talvez, houvesse esperança de reconstruir o que perderam.

Clara sentiu um misto de alívio e nervosismo ao ouvir Gabriel expressar o desejo de tentar novamente. Mas a lembrança das feridas passadas ainda pairava entre eles, como uma sombra que não poderia ser ignorada.

“Podemos nos encontrar mais vezes, conversar sobre o que aconteceu,” Clara sugeriu, ansiosa. “Precisamos ser honestos um com o outro.”

Gabriel assentiu, seu olhar sério. “Concordo. Precisamos entender por que nos afastamos. Eu sinto que, no fundo, não estávamos ouvindo um ao outro. Nossos medos e inseguranças nos afastaram.”

“Eu sei,” Clara disse, segurando as mãos dele, buscando um contato que a lembrasse do que ainda existia entre eles. “Nós deixamos as pequenas coisas se acumularem até que não conseguimos mais ver o que realmente importava.”

Um silêncio confortável envolveu o espaço entre eles, mas Clara sentia que ainda havia muito a ser falado. “Eu gostaria de saber mais sobre como você se sentiu durante a nossa separação. O que você pensou quando nos afastamos?”

Gabriel fechou os olhos por um momento, respirando fundo antes de responder. “Eu me senti perdido, como se uma parte de mim estivesse faltando. Tentei seguir em frente, mas não consegui. Cada lembrança de você era um lembrete do que eu havia perdido.”

As palavras dele tocavam Clara profundamente. Ela também havia sentido essa falta. “Eu queria que tivéssemos conseguido nos comunicar melhor. Eu me fechei em vez de te procurar. Tive medo de que você não se importasse mais.”

“Eu sempre me importei,” ele disse, seus olhos intensos fixados nos dela. “E me preocupei com você. Às vezes, é mais fácil fugir do que encarar a dor.”

“Sim, e o resultado foi que nos perdemos um do outro,” Clara respondeu, o peso da conversa começando a aliviar sua alma. “Mas agora, estou aqui. E quero tentar de novo. Quero que possamos ser mais do que éramos antes.”

Gabriel a olhou, um sorriso tímido se formando em seus lábios. “Então, o que você acha de começarmos devagar? Um jantar esta semana, apenas nós dois, para conversarmos mais?”

“Eu adoraria isso,” Clara sorriu, sentindo uma nova esperança florescer dentro dela. “Podemos recomeçar, passo a passo.”

Eles passaram o resto da manhã conversando, revivendo memórias e risadas, mas também reconhecendo as dores que os separaram. Com cada palavra, Clara sentia que estava desnudando seu coração, deixando Gabriel ver não apenas seu amor, mas também suas vulnerabilidades.

Quando finalmente se levantaram para se despedir, o ar estava cheio de promessas não ditas. Gabriel puxou Clara para um abraço, e ela sentiu a segurança de seus braços ao seu redor. Era como voltar para casa.

“Até mais tarde,” ele sussurrou, olhando nos olhos dela com uma intensidade que a fez sentir-se viva.

“Até,” Clara respondeu, seu coração vibrando com a expectativa do que estava por vir.

Ao sair do apartamento, Clara sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas estava disposta a enfrentar os desafios. A reconexão com Gabriel era uma chama que começava a reacender, e, apesar dos medos, ela estava determinada a explorar essa nova chance.

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