Capítulo 4: Quando a Realidade se Aproxima

**15 de Abril**

O relógio marcava seis da manhã quando abri os olhos. O céu ainda estava escuro, e uma leve garoa caía do lado de fora. Senti uma mistura de nervosismo e excitação percorrer meu corpo enquanto pensava em Roberto. Faltam apenas duas semanas para ele chegar, e a realidade de seu primeiro encontro presencial desde que começamos nosso relacionamento a distância finalmente está batendo à porta.

Passei a maior parte da manhã me ocupando com as tarefas cotidianas, mas a cada intervalo, minha mente voltava para o que estava por vir. Como seria vê-lo pessoalmente depois de tanto tempo apenas em telas? Como seria a primeira troca de olhares, o primeiro abraço, o primeiro beijo? E, mais importante, como seria lidar com a realidade depois de meses construindo expectativas?

À tarde, resolvi falar com Renata sobre tudo que estava sentindo. Trabalhamos juntas há anos, e ela sempre foi uma das minhas confidentes. Encontramos um tempo entre as reuniões e nos sentamos na cafeteria do prédio, onde pude despejar todas as minhas ansiedades.

"Renata, acho que nunca estive tão nervosa na minha vida," comecei, mexendo na xícara de café como se pudesse encontrar respostas no fundo dela. "Eu deveria estar feliz, certo? Mas estou aterrorizada. E se não for o que esperamos?"

Renata, sempre paciente e com seu jeito direto, sorriu para mim. "Andressa, é normal estar nervosa. Você colocou muita coisa em jogo nesse relacionamento, e é natural que a expectativa cause esse tipo de reação. Mas a verdade é que você nunca vai saber como será até viver isso. E, de qualquer forma, o que importa é como vocês dois lidam com as coisas juntas."

Seus conselhos fizeram sentido, mas o nervosismo continuava ali, persistente. A realidade de que Roberto logo estaria aqui, na mesma cidade, na mesma rua, na mesma sala que eu, era tão palpável quanto assustadora.

**16 de Abril**

Hoje foi um dia particularmente difícil. No trabalho, pareceu que tudo resolveu dar errado ao mesmo tempo. Uma apresentação que vinha preparando há semanas foi adiada, e tive que lidar com algumas crises menores dentro da equipe. Em meio a toda essa turbulência, Roberto e eu não conseguimos nos falar. Ele havia mencionado na noite anterior que teria um dia cheio, mas isso não diminuiu o incômodo que senti ao ver o dia passar sem uma mensagem ou uma ligação dele.

À noite, depois de um longo dia de trabalho, me permiti desabar um pouco. Sentei na cama, com o celular ao meu lado, esperando que ele aparecesse online. Quando finalmente vi a notificação de que ele estava disponível, meu coração deu um salto.

"Oi, como foi o seu dia?" mandei a mensagem rapidamente, tentando soar mais leve do que realmente estava.

A resposta demorou um pouco a chegar. "Oi, desculpa por hoje. O trabalho foi uma loucura. Estou exausto."

Aquela simples mensagem me deixou dividida. Parte de mim queria ser compreensiva, afinal, ele também estava lidando com sua própria carga de estresse. Mas a outra parte, a que estava ansiosa e carente de atenção, sentiu uma leve pontada de frustração. Nos últimos dias, essa desconexão parecia estar crescendo, e eu não sabia como lidar com isso sem parecer exigente ou insegura.

"Eu entendo," respondi, tentando manter a calma. "Também tive um dia complicado."

Silêncio. Esperei, mas ele não respondeu imediatamente. A demora em sua resposta parecia ecoar a distância entre nós. Quando finalmente respondeu, foi com uma breve mensagem dizendo que estava cansado e que conversávamos melhor no dia seguinte.

Desliguei o celular, me sentindo ainda mais sozinha do que antes. Faltam apenas duas semanas para o nosso encontro, e em vez de estar animada, comecei a questionar se estávamos realmente prontos para isso.

**17 de Abril**

Hoje, resolvi mudar de tática. Em vez de me deixar consumir pelas dúvidas, decidi que precisava tomar o controle da situação. A primeira coisa que fiz foi enviar uma mensagem a Roberto, sugerindo que fizéssemos uma chamada de vídeo à noite. Eu queria ver seu rosto, ouvir sua voz, e talvez conseguir entender melhor o que ele estava sentindo.

Passei o dia me preparando mentalmente para a conversa. Se eu queria que as coisas dessem certo, precisava estar disposta a enfrentar as dificuldades, e isso incluía ter conversas difíceis. Quando a noite chegou, e finalmente estávamos conectados, vi que ele parecia um pouco mais relaxado. Isso me deu um pouco de esperança.

"Roberto, precisamos conversar," comecei, sentindo meu coração acelerar. "Eu sei que estamos ambos cansados e sobrecarregados, mas precisamos nos conectar mais antes da sua visita. Sinto que estamos nos afastando, e isso me assusta."

Ele pareceu surpreso com a minha franqueza, mas logo relaxou. "Andressa, eu também sinto isso. O trabalho tem sido uma loucura, e estou preocupado que isso acabe afetando a gente. Mas eu não quero que isso aconteça. Eu quero que essa visita seja o começo de algo ainda melhor para nós dois."

Essas palavras me aliviaram, mas também me deixaram ciente de que estávamos ambos andando sobre gelo fino. Concordamos em fazer um esforço consciente para nos comunicar mais, mesmo que fosse apenas uma breve mensagem durante o dia para lembrar um ao outro de que estávamos presentes.

**18 de Abril**

Hoje, me senti mais tranquila. Talvez porque finalmente tivemos uma conversa honesta, talvez porque a proximidade da visita de Roberto começou a parecer menos assustadora. Decidi aproveitar o final de semana para planejar algumas coisas que poderíamos fazer juntos.

Fui ao shopping e comprei algumas coisas que precisávamos para o piquenique no parque que planejamos. Também comprei uma roupa nova, algo especial para o nosso primeiro jantar juntos. Enquanto andava pelas lojas, comecei a me sentir mais animada, mais otimista sobre o que estava por vir.

Quando voltei para casa, enviei uma foto da roupa nova para Roberto. "Comprei algo especial para o nosso jantar," escrevi, tentando manter o tom leve.

Ele respondeu rapidamente, elogiando a escolha e dizendo que mal podia esperar para me ver vestida nela. Aquela breve interação me trouxe um pouco de paz, como se finalmente estivéssemos voltando aos trilhos.

A noite chegou, e antes de dormir, me permiti fantasiar sobre o nosso encontro. Como seria vê-lo pela primeira vez no aeroporto, correr para seus braços, sentir seu abraço apertado. Esses pensamentos me embalaram para um sono tranquilo, algo que não acontecia há dias.

A contagem regressiva continua, e agora, com mais esperança do que medo, estou ansiosa para descobrir o que o futuro nos reserva.

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