**10 de Abril**
Duas semanas se passaram desde a última vez que escrevi, e parece que a vida resolveu testar Roberto e eu de todas as maneiras possíveis. A distância, que já era difícil, começou a se transformar em um verdadeiro campo minado de emoções, expectativas e mal-entendidos. Agora, cada conversa parece uma prova, uma oportunidade para fortalecer nosso vínculo ou para nos afastar ainda mais.
No início de abril, finalmente confirmamos a data da visita de Roberto. Ele virá para São Paulo no fim do mês, e enquanto tento me manter otimista, a ansiedade começou a me consumir. Por um lado, mal posso esperar para vê-lo. Por outro, o medo de que o encontro não corresponda às nossas expectativas me assombra.
As conversas entre nós mudaram. Antes, elas fluíam naturalmente, cheias de risadas e planos para o futuro. Agora, são mais curtas, muitas vezes interrompidas pelo cansaço ou pelos compromissos diários. Roberto tem estado mais ocupado no trabalho, e isso se reflete na frequência e no tom de nossas conversas. Ele não é mais tão rápido em responder às minhas mensagens, e as chamadas de vídeo, que antes eram longas e cheias de carinho, agora parecem uma obrigação.
Ontem à noite, finalmente tivemos uma conversa mais séria sobre a visita. Estávamos no meio de uma chamada de vídeo, e Roberto parecia exausto, com olheiras marcadas e um ar distante. Decidi perguntar diretamente como ele estava se sentindo em relação a tudo isso.
"Eu não sei, Andressa," ele começou, suspirando. "Estou empolgado para te ver, mas ao mesmo tempo, estou com medo de que as coisas não sejam como esperamos."
Essas palavras me atingiram como um soco no estômago. Era como se ele estivesse verbalizando os meus piores medos, aqueles que eu tentava esconder no fundo da minha mente. O que se seguiu foi um silêncio desconfortável, onde eu podia ouvir meu próprio coração batendo forte no peito.
"Também estou com medo, Roberto," confessei. "Mas acho que precisamos tentar. Não podemos deixar que o medo nos impeça de viver isso. E se... E se for exatamente o que precisamos para fortalecer nossa relação?"
Ele assentiu, mas algo em sua expressão me dizia que ele não estava completamente convencido. E, para ser honesta, eu também não estava. A dúvida se infiltrou em mim como uma nuvem negra, tornando difícil ver as coisas com clareza.
**11 de Abril**
Hoje, algo diferente aconteceu. No meio da tarde, recebi uma mensagem inesperada de Roberto. Ele pediu desculpas pelo que disse ontem e me disse que estava apenas cansado. A mensagem dele foi cheia de carinho, como nos primeiros dias. Ele mencionou o quanto está ansioso para me ver, e como mal pode esperar para passar um tempo comigo, conhecer melhor a minha vida em São Paulo.
Isso trouxe um pouco de alívio ao meu coração, mas também me fez perceber como estamos caminhando em uma linha tênue. Parece que estamos constantemente equilibrando nossos sentimentos, tentando não deixar o medo ou a insegurança tomar conta. Cada palavra, cada gesto, agora carrega um peso maior. Como se cada pequena coisa pudesse desencadear uma reação em cadeia.
À noite, enquanto conversávamos, Roberto me fez uma proposta. Ele sugeriu que fizéssemos uma lista de coisas que gostaríamos de fazer juntos quando ele chegasse. Era a sua maneira de focar no positivo, no que nos espera em vez dos medos que temos. Aceitei a ideia imediatamente, e passamos a próxima hora trocando ideias.
"Quero que você me mostre o seu café favorito em São Paulo," ele disse, com um sorriso no rosto. "E depois, podemos ir ao parque que você sempre menciona. Talvez a gente até faça um piquenique."
Fiquei animada com a ideia. Comecei a imaginar como seria caminhar de mãos dadas pelo parque, rir juntos no café, compartilhar momentos simples que poderiam nos aproximar novamente. A lista cresceu rapidamente, cheia de pequenas coisas que queríamos fazer juntos – passeios, jantares, filmes. Cada item era uma promessa de que ainda podíamos ser felizes, mesmo com a distância entre nós.
**12 de Abril**
Hoje, no trabalho, minha mente estava completamente distraída. Não consegui parar de pensar na visita de Roberto, e em como essa viagem pode mudar tudo. As expectativas estão tão altas que tenho medo de que qualquer pequeno detalhe possa estragar tudo.
À tarde, Renata veio até minha mesa e percebeu que eu estava absorta em pensamentos. Ela me conhece bem demais para não perceber quando algo está me incomodando.
"Pensando no Roberto?" ela perguntou, com um olhar curioso.
Eu sorri e confirmei com um aceno. Expliquei sobre a lista que tínhamos feito e como estávamos tentando nos focar nos aspectos positivos da visita.
"Isso é ótimo, Andressa," ela disse, com sinceridade. "Mas lembre-se de ser realista. Vocês dois estão passando por um teste, e nem tudo vai ser perfeito. E está tudo bem. O importante é como vocês lidam com isso juntos."
Essas palavras me fizeram refletir. Talvez eu estivesse colocando pressão demais em nós dois, esperando que essa visita fosse a solução para todos os nossos problemas. Mas a verdade é que, mesmo que tudo corra bem, a distância continuará sendo uma realidade com a qual teremos que lidar.
**13 de Abril**
Hoje, Roberto me ligou de surpresa durante o almoço. A voz dele parecia mais animada, mais leve. Falamos sobre os planos para o fim de semana, e ele mencionou que tinha reservado um hotel perto do meu apartamento, para facilitar nossa logística.
"Nossa lista está ficando grande," ele brincou. "Acho que vamos precisar de mais de um fim de semana para fazer tudo."
Rimos juntos, e pela primeira vez em dias, senti um verdadeiro alívio. Parecia que as coisas estavam voltando aos eixos, e que estávamos ambos mais comprometidos a fazer isso funcionar.
Quando desligamos, me senti mais esperançosa. Talvez Renata estivesse certa. Talvez o segredo não seja esperar que tudo seja perfeito, mas sim estar disposta a enfrentar as imperfeições juntos.
A visita de Roberto está se aproximando, e com ela, a chance de realmente descobrirmos o que somos e o que podemos ser. Estou decidida a dar o meu melhor, a não deixar o medo dominar. Afinal, se o amor vale a pena, também valem os desafios que vêm com ele.
Enquanto escrevo estas últimas linhas, sinto uma mistura de nervosismo e empolgação. Ainda não sei como será quando finalmente estivermos juntos, mas estou pronta para descobrir.
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Atualizado até capítulo 21
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