Capitulo-4: laços na escuridão

Na manhã seguinte, acordei com um propósito renovado. A conversa com Vladimir ainda ressoava em minha mente, e a determinação de enfrentar os segredos da mansão se fortalecia. Eu me vesti rapidamente e desci as escadas, encontrando Vladimir já esperando por mim no salão principal.

— Bom dia, Louise, — cumprimentou ele, com um leve aceno de cabeça. — Espero que tenha descansado bem. Hoje começaremos nossa jornada para fortalecer o laço.

Assenti, tentando esconder a ansiedade que sentia.

— Estou pronta. O que precisamos fazer?

Vladimir me levou até a biblioteca, onde o diário de Nikolai ainda estava aberto sobre a mesa. Ele pegou o livro e o folheou até uma página específica, revelando um desenho intrincado de um círculo mágico.

— Este é o Círculo dos Guardiões, — explicou ele. — É um antigo símbolo de proteção que nossa família usa para fortalecer o vínculo com o portal. Precisamos desenhá-lo no porão e realizar o ritual de selamento.

— E o que exatamente esse ritual envolve? — perguntei, tentando absorver todas as informações.

— Precisamos de alguns ingredientes específicos, — respondeu ele. — Sangue, velas negras e um artefato da sua linhagem. Esses elementos, combinados com nossas intenções, irão fortalecer o selo.

Engoli em seco ao ouvir a menção de sangue, mas sabia que isso fazia parte da maldição que Vladimir carregava. Ele me entregou uma lista dos itens necessários e saímos em busca deles pela mansão.

Começamos pela sala de armazenamento, onde encontramos as velas negras. Em seguida, fomos até o quarto dos meus pais, onde Vladimir me ajudou a encontrar um antigo medalhão de família que pertencia à minha mãe. Era um belo artefato de prata, adornado com uma pedra vermelha no centro.

— Este medalhão será perfeito, — disse Vladimir, segurando-o com cuidado. — Ele carrega a essência de sua linhagem.

O último item, o sangue, me fez hesitar. Vladimir percebeu minha inquietação e colocou a mão no meu ombro.

— Sei que isso é difícil, Louise, — disse ele suavemente. — Mas seu sangue é necessário para o ritual. Apenas algumas gotas serão suficientes.

Respirei fundo e assenti, decidida a seguir em frente. Vladimir me levou até a cozinha, onde ele preparou uma pequena faca e um recipiente de vidro. Com um gesto delicado, ele cortou levemente meu dedo, deixando algumas gotas de sangue caírem no recipiente. A dor era mínima, mas o significado do ato era profundo.

— Pronto, — disse ele, guardando o recipiente com cuidado. — Agora, vamos ao porão.

Descemos as escadas até o porão, onde o ar parecia mais denso e carregado de uma energia inquietante. O espaço era vasto e escuro, iluminado apenas por um único feixe de luz que atravessava uma pequena janela no alto da parede.

Vladimir começou a desenhar o círculo no chão, utilizando um pó branco que parecia brilhar levemente na escuridão. Eu ajudei a posicionar as velas negras ao redor do círculo e coloquei o medalhão no centro.

— Agora, Louise, — disse Vladimir, estendendo a mão para mim. — Precisamos recitar as palavras do ritual juntos. Feche os olhos e concentre-se em suas intenções.

Fechei os olhos e segurei a mão de Vladimir, sentindo a conexão entre nós se fortalecer. Ele começou a recitar as palavras em uma língua antiga, e eu o acompanhei o melhor que pude, sentindo a energia do círculo crescer ao nosso redor.

De repente, uma luz intensa emanou do círculo, preenchendo o porão com um brilho sobrenatural. Senti uma onda de calor e poder percorrer meu corpo, como se algo dentro de mim estivesse despertando.

Quando a luz finalmente se dissipou, olhei para Vladimir e vi que ele também estava ofegante, mas havia um brilho de satisfação em seus olhos.

— Conseguimos, — disse ele, com um sorriso. — O selo está mais forte agora. Mas isso é apenas o começo, Louise. Ainda temos um longo caminho pela frente.

Assenti, sentindo uma nova confiança crescer dentro de mim. Sabia que, juntos, Vladimir e eu poderíamos enfrentar qualquer desafio que as sombras lançassem sobre nós. E, no fundo do meu coração, percebi que o laço entre nós estava se fortalecendo não apenas por necessidade, mas por algo mais profundo e verdadeiro.

Naquela noite, enquanto o silêncio envolvia a mansão, senti que finalmente começava a entender meu papel naquele lugar. E, pela primeira vez, não tinha medo do que o futuro reservava.

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