Cap. 04 VOLTA PARA CASA

O avião aterriza desço e vou para a esteira, pego a minha bagagem e já avisto os meus pais. Eu corro e o meu pai já me pega em seus braços fortes, vocês podem não acreditar mas, eles ainda treinam juntos todos os dias, e o meu pai ainda é o mesmo gato sarado de sempre. Nem parece que já passou dos cinquenta.

Emilly _ E aí velhinho?

Jack _ Quem é velhinho aqui?

Sam_ Dá para você deixar eu abraçar a minha filha?

Ela me abraça apertado. Parece que não me vê a séculos, e não no mês passado quando ganhei um prêmio por uma campanha publicitária, e eles foram para a festa em Nova York.

Sam_ Senti a sua falta filha.

Emilly _ Eu também mamãe! Você tá gatona!

Jack _ Eu sou o velhinho e ela gatona?

Emilly _ Você continua gato pai, é o único pai que eu conheço que usa cabelo comprido de cantor de rock.

Jack _ A sua mãe gosta!

Emilly _ Eu sei pai!

SAM_ O que aconteceu Emilly?

Emilly _ Podemos falar sobre isso depois que chegarmos em casa?

Sam_ Claro querida.

Emilly _ E os meninos? Como estão?

Jack _ Não deixe que eles te ouçam chamá-los assim.

Emilly _ Eu sei! Levei uma bronca em Nova York quando os apresentei como meus irmãozinhos.

Sam _ Pudera! São dois homens de 24 anos. Arthur está terminando sua especialização em pediatria.Lorenzo é o nosso braço direito na empresa, ele adquirindo um pouco mais de experiência, vamos nos aposentar e ele que cuide de tudo.

Emilly _ Vocês não acham que são muito novos para pensar em aposentadoria?

Jack_ Queremos curtir a vida! Viajar pelo mundo enquanto os netos não vêm!

Emilly _ Até parece que vocês não viajam todo ano de lua de mel!

Sam_ Mas só ficamos um mês fora. Queremos viajar sem ter dia para voltar.

Chegamos em casa, e nada é melhor do que o cheiro da nossa casa.

Emilly _ Estava com saudades de casa!

Jack _ Nada como voltar para casa.

Sam_ Você que quis ir viver em Nova York!

Jack _ Ela quis sair de debaixo das asas do velhinho aqui.

Emilly _ Pai, às vezes você me sufoca. Sei que é só preocupação de pai, mas é constrangedor, cada namorado que eu tive você investigou os caras até do avesso.

Jack _ E teria acontecido o que houve em Nova York? Eu teria investigado esse cara e saberia que era casado, teria evitado toda dor e sofrimento.

Emilly _ Não houve dor e nem sofrimento para mim, eu não o amo. Só fiquei com raiva de ter sido feita de idiota.

Sam_ Jack! Isso não é hora para isto. A menina está triste.

Jack _ Desculpe filha! Mas você ainda é minha princesinha. Só quero te proteger.

Emilly _ O monstro da parede se foi há anos papai, e você me ensinou muito bem como me defender. Precisava ter visto a surra que eu dei nele.

Sam_ Eu queria ter ido lá dar uma surra nele.

Emilly _ Não quero ver esse homem nunca mais! Fiquei com pena da esposa dele. Parece ser uma pessoa tão legal, tão doce e meiga. Sabe o que ele me disse? Que não podia se divorciar dela, pois o pai dela tem muito dinheiro.

Jack _ Ainda bem que você usava o nome de solteira da sua mãe. Ninguém sabia que você é uma Barrister. Nem mesmo na empresa.

Emilly _ Na empresa eu queria subir de cargo por mim mesma, não por ser filha do dono.

Sam _ E você conseguiu! Provou o seu valor.

Emilly _ Contei para vocês que assisti ao parto da filha dele?

Sam_ Não, como foi isso?

Emilly _ Como eu te disse no telefone, ela bateu na minha porta, e agora eu entendo a vovó. Fiquei tão triste por ter feito parte do sofrimento daquela mulher, mesmo sem saber eu a machuquei, espero que um dia ela possa me perdoar. Coitada, nunca senti tanta vergonha. Ela grávida de sete meses e ter que passar por uma situação dessas.

Ela passou mal no meu apartamento e acho que o estresse fez com que o bebê chegasse prematuramente. Eu a socorri e fiquei com ela na hora do parto, a sua família estava longe e ela não queria o verme perto dela nessa hora.