Que Allah te amaldiçoe

    Arábia Saudita.

POV's Layla.

Fico na expectativa que ele pronuncie a terceira vez, para que ela seja devolvida à família.  Mas eu não sei o que acontece para o habibi desistir de fazer aquilo. 

Ele a deixa largada no chão, chorando. Latifah que toma atitude de cobri-lá com o seu véu. Já eu nem mexo do canto, não sei o que pode ter acontecido naquele quarto.

Vou em buscar de respostas, indo atrás do habibi. Quando vou pergunta-ló:

— Útrukni, Layla. 

— Por que fez aquilo?

— Já disse que agora não, Layla!— grita nervoso.

— Said....— aproximo-me, receosamente. — Não vou insistir.— meu tom soa delicado.—  Lamento que a terceira esposa não tenha sido aquilo que você esperava.— seus olhos me encaram distantes.

— Fui enganado, Layla.

— Como assim?

— Essa não é Zafira, é a irmã dela.

A revelação me faz ficar em choque. Sento no sofá, sem expressar nenhuma outra reação. Acho uma afronta, principalmente a Said.

— Você deve exigir o dote de volta.— digo. 

— Só não vou devolvê-la ainda....— enxergo-o ficar desconfortável ao falar.— Porque é necessário aguardar o período de al iddah, para ter certeza de que ela não ficou grávida. 

— Se você soubesse, você não teria a tocado.—solto, chamando a sua atenção.— Não me diga que você gostou dela?

— Claro que não, Layla.

— Sendo assim, você deveria devolvê-la imediatamente a família.

— Temos que seguir os costumes. — alega.

— A família da noiva não seguiu os costumes.— argumento, deixando-o reflexivo.

— É por isso mesmo que vou até Aldeia, exigir o que meu por direito. 

Após, sai em disparada.

— Said, o que você quis dizer com isso?— aos gritos, pergunto. — Allah, o que ele vai fazer?— penso, falando em voz alta.

Subo às escadas, indo tirar satisfação com a impostura. Nem traços de muçulmana essa mulher tem, parece ser estrangeira, acredito que habibi tenha sido mais uma vez enganado.

Escancaro a porta de com força ao abri-lá. Latifah está ajudando-a, inclusive a serviu com um copo d'água. 

— Yalla, Latifah! Yalla!

Minha irmã se recusa, ao notar eu bem nervosa.  No entanto:

— Saía.

— Layla.— me fita apreensiva. 

— Vá fazer o café da manhã pro nosso habibi, deixa que eu cuido dela. Ande, não fique aí parada. Yalla! Yalla! Yalla! — repito consecutivas vezes, impaciente.

Tranco a porta, quando Latifah se retira a contragosto. 

Olho para mulher que está descoberta, seminua. É uma vergonha. 

— Que Allah te amaldiçoe.— sussurro com desprezo, fazendo seus olhos chorosos focarem em mim.— Como ousa enganar o meu habibi? Como ousa?

Ela fica apenas chorando, enquanto aos berros despejo para fora a minha indignação. 

— Sinto muito, eu não queria enganá-lo.— se justifica.— Juro pelo profeta! 

— É um haram o que você está fazendo. La', não jure pelo profeta.

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Pov's Zafira.

Aldeia.

Pego a minha mala, terei que fugir antes do Yába e yáma acordarem. Nessas alturas, o tal Said já deve ter descoberto que foi a  Zahra no meu lugar. 

Percorro às pressas, para escapar. Assim que puxo a porta, me deparo..... Congelo, mirando diretamente para o fundo dos olhos do homem. Meu corpo inteiro estremece, ao ser flagrada.

Lágrimas de medo caem momentaneamente.

Ele ergue a mão para cima e fecho os olho, esperando levar um tapa. Mas ao contrário, o mesmo me puxa pelo braço.

–Por favor, me deixe ir.— o imploro.— Não faça nada comigo. Não faça nada!

Sou arrastada pelo deserto. 

Meu véu cai da cabeça e ele nem permite que eu me cubra de volta. Sou levada assim, sendo humilhada em público. 

Chego de frente à casa.

— Entre.— ordena autoritário. — Yalla.— gesticula com a cabeça, e assim faço.

Ando devagar, se direcionando para adentrar no ambiente. Olho para trás, ao ser seguida pelo homem. Sua presença me intimida.

Uma das mulheres que ajeita a mesa, assim que me vê derruba a bandeja que segura em mãos, com os olhos assustados.

— Latifah, limpe já essa sujeira! Por que está aí parada?— ouço a voz feminina repreende-lá.— Bismillah! Habibi, quem é essa?

— Layla, essa é Zafira, a leve pros aposentos.— me surpreendo, quando manda. 

— Você deveria repudia-lá, habibi, igual que fez com a outra.

Sinto meu coração apertar por Zahra. 

— Um homem deve honrar com os compromissos, se a família dela não honrou, eu vou honrar com a minha palavra. 

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