Zahra.
Zafira
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Arábia Saudita.
POV's Zafira.
Aldeia.
Enquanto minha irmã conta sobre o casamento arranjado que yába está ajeitando para mim, sinto os meus olhos marejarem.
– E um tal de Said.— ela acrescenta e levanto a cabeça para cima, encarando a minha fisionomia triste no reflexo.— O que foi, Zafira? Não está feliz?
—Na a'm. — minto.— Mafi Mushkila.
— Não parece. — se senta ao meu lado.— Bismillah!— expressa um tom de descrença.— Ainda está pensando em Ömer?
— Não repita esse nome.— a repreendo, fazendo sinal de silêncio. Entreolho para porta do quarto, com medo que alguém nos ouça.
— Yába quer o melhor para você, Zafira, você sabe dos costumes. É a família que deve arranjar o casamento, não podemos escolher.
Levanto, atormentada.
— Eu sei disso.— sôo, angustiada.— É por isso que eu e Ömer vamos fugir.
—Bismillah! Que Alá tenha misericórdia da tua alma. Irá jogar o nome da nossa família ao vento! — expressa espanto, com os olhos arregalados.
— Não vou me casar com um homem que eu não amo.— a olho, decidida a lutar— Yába não irá dizer por mim.
— Zafira, por Allah, não cometa essa loucura! — me aconselha, e resisto, com as lágrimas escorrendo.
— Se eu me casar, Zahra, serei uma mulher morta.— confesso, com muito medo.
— Não me diga que….
A confirmo que sim. E a minha irmã paralisa, em total choque.
Somos interrompidas por yáma que aparece nos chamando.
— Yalla, não fiquem aí paradas. yá bínti se cubra, seu futuro marido está na sala falando com seu pai. Vá servir café! Ande.— minha mãe ordena e ando de vagar.
Pego o niqab, deixando apenas uma pequena brecha que dá para ver os meus olhos. Aqui nessa região a mulher é proibida usar apenas o hijab, devemos usar também o niqab que cobre todo o rosto.
Caminho pelo corredor, indo até a cozinha preparar o café. Coloco muita açúcar e misturo com sal. Mexo com a colher, ouvindo yába gritar por mim. Peço forças a Allah e sigo, carregando a bandeja.
Entro e recebo toda atenção com a minha chegada na sala. Neste momento, me direciono para entregar a xícara de café ao tal prometido e propositadamente derrubo a bandeja, sujando-o.
O tal “Said” se levanta, se limpando.
— Não, tudo bem Zein.— ameniza, ao ouvir meu pai se desculpar.
— Que m’ssíbe! — meu yába lamenta, com a mão na cabeça, carregado de vergonha.
Enquanto isso, meus olhos por trás do niquab analisa o convidado, que possui olhos intensos. Não sei explicar essa sensação, mas no fundo dessa troca de olhares que ocorre, sinto uma coisa esquisita. Seu olhar penetrante, exala um ar de mistério.
Ele se retira para ir se limpar. Fico tão mexida com tal momento, que sinto o meu coração disparar.
Saio do transe, ao levar um tapa no rosto do meu pai, que me repreende por ter lhe causado esse vexame.
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No quarto.
Pov's Zahra
Allah seja misericordioso e não deixe que nada de ruim aconteça.
Termino de fazer oração de joelhos, estava pedindo Allah que der sabedoria a Zafira e que ela não cometa nenhuma besteira. Essa fixação por Ömer, só vai lhe causar problemas.
Ligo o som, dançando. Giro-me, rodando o meu véu sobre as mãos. Sorrio, rebolando a cintura, assim como os braços ao seguir o ritmo da dança do ventre.
Todas as tardes, faço isso. Gosto de fechar os olhos e pensar nos meus sonhos…. Quero poder ter a chance de ir numa escola e aprender a ler um dia. Eu sei que é um sonho muito distante, visto que a religião restringe.
— Me desculpe.— a voz masculina adentra e acabo deixando o meu véu cair no chão.
Penso em gritar ao ver o estranho parado na porta do quarto. É proibido, um homem ver uma mulher descoberta, sem que seja algum membro da família. É considerado um haram! O alcorão diz que devemos nos mostrar apenas para o marido.
— Não me toque!— afasto apavorada.
— Perdão.— novamente se constrange.— Não quis viola-lá— lhe encaro de relance— Perdão mais uma vez, não queria desrespeita-lá. — pega o meu véu e me entrega, mesmo sendo uma atitude inapropriada.
Me cubro, olhando pro fundo dos olhos azuis que estão em minha frente.
Nunca ninguém me olhou assim.
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Arábia Saudita.
Pov's Layla.
— Salamaleico.
— Aleikum as-salam— respondo de volta, dizendo: que a paz de allah esteja com você também.— Said foi buscar a terceira esposa.— aviso-a.
— E você está bem com isso?
— Estou ótima! Melhor impossível, Latifah.— viro-me, e sem que veja desfaço o sorriso. — Teremos mais uma, para nos ajudar com os afazeres domésticos.
— Ei.— me para.— Não precisa mentir para mim.— se coloca em minha frente, olhando-me com pena.— Você não está bem.
Meus olhos se formam em lágrimas, e completamente desmorono, abaixando a guarda.
— O que há de errado comigo?— choro.— Eu sigo os cincos pilares do islamismo, Latifah. Eu faço caridades aos necessitados. Eu jejum. Eu oro cinco vezes ao dia. Todo ano eu vou a Meca fazer a peregrinação. Reconheço Allah como único Deus e que o profeta é o seu escolhido.
— Você é incrível, Layla. — conforta-me, e balanço a cabeça negando.
— Se eu fosse uma boa esposa, pro meu marido, ele não estaria se casando com uma terceira esposa.— choramingo, com a cabeça apoiada em seu ombro.— Meu ventre é seco, Latifah!
— Não diga isso, Layla. No momento certo Alá vai te abençoar com um bebê.
A fito, desanimada.
— Você deveria consumar o casamento, Latifah.— a sugiro.— Assim essa terceira esposa não terá vez aqui. Se ela engravidar, Said voltará os olhos somente para ela e ficaremos de lado.
Exponho o meu maior medo.
Eu sinto que a chegada dessa mulher só trará desgraça.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Gabriela Beltramini
não conseguiria viver assim 🤨
2024-07-20
2
Juliana Vicentina Da Vo
Deve ser muito ruim ter que compartilhar o marido.🤭
2024-07-07
3
Marcia Gomes
vamos sim bora lê estou curiosa na leitura 😉
2024-06-27
2