Daniel:
Minha mãe ficou toda empolgada quando contei que havia contratado uma nova arquiteta. Seu entusiasmo foi tão grande que parecia até que eu estava prestes a subir ao altar.
— Não é pra tanto, mãe. Eu apenas contratei uma nova arquiteta para a empresa. A senhora esqueceu que uma empresa contrata e demite funcionários o tempo todo?
— Mas eu sinto que dessa vez vai ser diferente... Sexto sentido de mãe. Essa mulher ainda vai mexer com você.
— Ah, mas ela não vai mesmo. Tem um defeito que eu não gosto nas mulheres.
— Ela é feia? Ou tem idade avançada?
— Não, mãe. Ela tem uma filha. Eu jamais me envolveria com alguém que tenha uma criança. Eu não quero ter filhos.
— Lá vem você com essa história de novo, Daniel! Você é meu filho, e eu desejo ter netos. É sua obrigação como filho me dar netos, não é mesmo, meu amor?
Meu pai, que até então só ouvia a conversa com aquele ar divertido, logo entrou no embalo.
— Claro, minha rainha. Já cansei de falar pra ele que, pra um homem ter sucesso na vida, precisa de uma mulher ao lado e formar uma família. Daniel, nunca ouviu aquele ditado? “Por trás de um grande homem existe uma grande mulher.” Se não fosse por sua mãe, eu não teria sido o homem de sucesso que sou.
— Você tem uma história de vida, pai. Eu tenho outra. Ainda não estou no topo da minha carreira pra formar uma família e arriscar tudo por isso.
— Desisto! Esse menino não tem jeito, meu amor. Só quero ver quando ele estiver perdidamente apaixonado... Ainda vou ter o prazer de segurar o meu neto nos braços. Pode contar com isso, Daniel!
— Sonhar é bom, pai. Mas a realidade costuma ser bem melhor.
Eles ainda acreditam que vão me convencer a mudar de ideia. Mal sabem que minha convicção é mais sólida do que parecem imaginar.
---
Cheguei mais cedo à empresa. Precisava apresentar a Bruna aos outros colaboradores. Assim que ela entrou na sala de reuniões, percebi o olhar enviesado de Leandra. Aquela mulher é cismada demais. Vou ter que ficar de olho pra garantir que as duas não entrem em conflito.
Surgiu um contrato para Bruna. Era de um cliente pouco exigente, ideal para um teste. Eu queria ver como ela se sairia — especialmente sob pressão. Fiz questão de deixá-la o mais nervosa possível, só pra testar como reagiria em situações estressantes.
À medida que ela conduzia sua apresentação, analisava atentamente cada detalhe do projeto. Minha empresa quase perdeu uma baita profissional. O que vi ali me impressionou. Mas é claro que não deixei transparecer. Elogios fáceis não constroem excelência.
— É suficiente, senhorita. Podemos marcar uma reunião para apresentar o projeto ao cliente. Mas acredito que você pode se esforçar ainda mais. Dedique-se mais ao trabalho. O próximo projeto pode ficar impecável.
Ela apertou o controle do projetor com as mãos trêmulas. Estava nervosa, mas não se deixou abalar.
— Sim, senhor. Prometo me esforçar para apresentar um resultado melhor na próxima vez.
— E espero que trabalhe também o seu vocabulário. Quem apresentará o projeto será você, e não eu.
Ela abaixou a cabeça, claramente irritada, e saiu da sala com o rosto corado. Assim que a porta se fechou, girei a cadeira devagar e sorri para mim mesmo. Quero extrair o máximo de potencial dela. E não é elogiando e dizendo que está no caminho certo que vou conseguir isso. É provocando. É desafiando. Só assim ela se superará.
Estava perdido em meus pensamentos quando Miguel entrou na sala sem bater.
— Com licença, irmão. Vim te devolver isso.
Me estendeu o relógio que eu nem havia notado ter esquecido na boate.
— O que você fez? Vi a maior gata saindo da sua sala soltando fogo pelas ventas.
— Assuntos de trabalho. E não quero você dando em cima das minhas funcionárias. Há mulheres de sobra no mundo pra você caçar. Aqui, não.
— Mas não dá pra negar que ela é uma gata. E olha que tava com aquela roupa formal de trabalho. Imagina ela num vestido sexy, indo pra boate...
— Você tá precisando de uma mulher que te coloque na linha.
— Olha quem fala... O homem que vive dizendo que nunca vai se casar.
— Mas eu não uso as mulheres e descarto depois. Não iludo nenhuma com planos e promessas falsas. Sou direto. Digo o que quero. Quem quiser passar um tempo comigo, tudo bem. Quem não quiser, não será enganada — ao contrário de você.
— Tá bom, cara. Você não tem solução mesmo. Vai morrer solteiro e sem filhos. Vai deixar sua herança pro governo!
— Falta muito pra isso acontecer. Ainda posso continuar com minhas convicções por muito tempo. Tenho tempo de sobra pra decidir com quem minha fortuna vai ficar.
— Eu tenho, sim, planos de formar uma família. Só não encontrei a mulher ideal ainda. Enquanto isso não acontece... Me divirto com as erradas.
Balancei a cabeça, discordando em silêncio. Miguel ainda ficou mais alguns minutos jogando conversa fora até, finalmente, ir embora. Voltei minha atenção para o trabalho.
A próxima reunião já estava agendada.
E seria a primeira vez que Bruna apresentaria um projeto para um cliente real.
Mal podia esperar pra ver como ela iria se sair...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 75
Comments
Margarida
Não digo que deva elogiar constantemente, mas dizer o que a pessoa merece ouvir e se for um elogio é necessário dizê-lo e depois dizer “sei que consegue fazer muito melhor”.
2024-04-17
226
Thaís
esse é o típico chefe q suga o subordinado. não valoriza, estressa e acaba fazendo com q o subordinado saia do emprego com estresse.
2025-01-06
0
Bel
Mas pq tem que ser obrigação, aff. Sempre colocam de 1a que elas ficam grávidas ou já tem filho(a). Ter filhos não e obrigação
2025-01-08
0