Olá, querido diário. Mais um dia na vida agitada de Maria
Eduarda da Silva Windsor, a Duda. A manhã começou com Clarisse, como de
costume, batendo na porta para me acordar.
"Senhorita Eduarda, está na hora de começar o dia.
Temos um itinerário cheio hoje", disse ela com sua habitual gentileza.
Conforme me levantava, me dei conta de como minha vida era
estruturada. Cada momento era cronometrado, cada atividade era supervisionada,
e Clarisse, como uma sombra atenta, sempre presente. Ainda assim, era
reconfortante ter alguém cuidando de mim, alguém em quem eu podia confiar,
mesmo que fosse parte de seu trabalho.
Após o café da manhã, Clarisse me guiou pelos compromissos
do dia. A rotina incluía aulas particulares, sessões de treinamento físico e
estudos supervisionados. Sempre acompanhada por um séquito de seguranças
discretos, é claro. Eles eram sombras que se moviam silenciosamente ao meu
redor, garantindo minha segurança, mas também reforçando a sensação de
isolamento.
No meio do dia, após as aulas, decidi dar um pequeno
intervalo. Peguei meu tablet, o meu querido diário digital, e fui para um dos
cômodos mais tranquilos da casa. Lá, comecei a escrever, compartilhando com o
diário os eventos do dia anterior e minhas reflexões sobre a vida tão incomum
que levava.
"Oi, diário. Hoje está sendo mais um desses dias
preenchidos. Clarisse está sempre ao meu lado, como uma sombra gentil que guia
meus passos. Às vezes, me pergunto se ela já teve a chance de ser uma garota
comum, de ter sua própria vida."
Enquanto escrevia, senti uma súbita onda de flashbacks.
Imagens de momentos que eu preferiria esquecer. Flashbacks da época em que meus
pais ainda estavam juntos, das brigas intensas que ecoavam pelos corredores.
Foi um período tumultuado, e meu rosto refletia o impacto emocional dessas
memórias.
Os seguranças, percebendo minha mudança de humor,
permaneceram alertas, mas mantiveram distância. Clarisse, no entanto, notou
imediatamente.
"Está tudo bem, Senhorita Eduarda?" ela perguntou
com preocupação.
Balancei a cabeça, tentando afastar as lembranças.
"Sim, Clarisse. Só estou me lembrando de algumas coisas do passado. Às
vezes, é difícil lidar com isso."
Clarisse se aproximou, sua expressão suavizando. "Se
precisar conversar sobre isso, estarei aqui para ouvir. Às vezes, compartilhar
ajuda a aliviar o peso que carregamos."
Aquelas palavras ressoaram em mim, e eu percebi que talvez
fosse hora de confrontar os fantasmas do meu passado. No entanto, a rotina
agitada e as constantes mudanças de lugar não permitiam que eu mergulhasse
muito fundo em minhas próprias emoções.
"Obrigada, Clarisse. Talvez um dia eu me abra mais
sobre isso", respondi, fechando momentaneamente o capítulo sobre meu
passado turbulento.
A tarde continuou com mais atividades, e eu me vi envolvida
em treinamentos físicos e aulas intensas. Enquanto corria no jardim, cercada
pelos seguranças que mantinham uma distância discreta, meu pensamento voltou-se
novamente para o diário.
"Diário, hoje foi intenso. Treinamento, aulas, tudo sob
o olhar vigilante dos meus guardiões. Às vezes, me pergunto se algum dia terei
a liberdade que tanto desejo. Será que há um equilíbrio possível entre a
segurança e a liberdade?"
A noite chegou rapidamente, e com ela veio o jantar. Mais
uma vez, na presença silenciosa dos seguranças, compartilhei uma refeição com
Clarisse. Ela parecia entender minha necessidade de privacidade, mas também
sabia quando intervir.
Após o jantar, subi para o meu quarto. "Até amanhã,
diário. Outro dia passou, repleto de questões não respondidas e sentimentos não
explorados. Mas, por agora, descansarei, pronta para enfrentar o que o próximo
dia reservar."
Desliguei a luz e me aconcheguei na cama, esperando que o
sono me levasse para longe, ao menos por algumas horas, desse mundo peculiar
que eu chamava de vida.
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Atualizado até capítulo 39
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