capítulo 04

A aula decorreu bem, observou nas crianças o desejo de aprender e de serem ouvidas, mas seus olhos sempre iam em direção ao garoto no fundo da sala, volta e meia a irmã Margarete passava pela frente da sala e olha para ver como Laura se saia, viu as crianças empolgadas participando animadas da aula, ela achou diferente o modo de Laura conduzir a aula, mas não quis tecer críticas até ver se teria realmente resultados.

Ao final da aula Laura dispensou os alunos, que saíram para as próximas atividades, o menino José levantou-se e foi saindo em silêncio e com a cabeça baixa, ele era o último a sair, Laura o observava e assim que passou por sua mesa ela chamou-o, fazendo ele parar diante dela olhando para o chão.

_José, é esse o seu nome né? Perguntou Laura vendo o garoto balançar a cabeça em sinal de positivo._ Vi que você não participou da aula, não gostou de mim? Perguntou dando a volta na mesa e abaixando-se um pouco para ficar na altura do garoto.

_ Porque não gostou de mim? Fez a pergunta segurando o pequeno queixo do menino e fazendo ele a olha._ Quero muito ser sua amiga._ deu uma pausa para observar a reação do garoto que ela percebera agora que tinha os olhos verdes como esmeraldas, ela podia ver a enorme tristeza que vinha deles, isso fez o coração de Laura sangrar.

_ Sabe José eu também não tenho muitos amigos aqui, e muitas vezes me sinto sozinha sabe iria gostar muito se pudesse contar com a sua amizade. Disse Laura sem esperar resposta.

Laura olhou para as mãos do garoto que segurava os materiais escolares e reparou haver sinais de machucados e pequenas cicatrizes circulares, por certo feitas pela palmatória, ela passou a pontas dos dedos sobre as mãos miúdas da criança, sentindo um enorme aperto no peito que fazia a sua respiração faltar, lágrimas inundava os seus olhos, abaixou a cabeça sobre a mão do menino passou a sua face sobre elas e a beijou, lágrimas que teimaram em descer molharam aquelas mãos que tão jovens já havia sido destruídas pela maldade de adultos, Laura sentiu uma enorme raiva e dor por ele, pois sabia que ele não poderia se defender, mas ela o defenderia.

O menino a olha assustado sem entender o porquê daquela mulher estar chorando segurada a suas mãos.

Laura ergueu se e se, pois de pé passando as mãos sobre o rosto secando as lágrimas que caíram, deu um beijo na cabeça do menino o dispensando.

O Garoto saiu com o rosto nitidamente impressionado com a atitude de Laura.

Laura sentia que deveria proteger aquele menino, e deveria descobrir como ele foi parar ali, recolheu os seus materiais e saiu da sala para o refeitório onde já haviam várias outras irmãs.

Ao chegar no refeitório percebeu que só havia ela de noviça, que todas as outras eram irmãs consagradas. Ao entrar se sentindo meio desconfortável e deslocada, logo foi recepcionada por uma irmã sorridente de corpo esguio e rosto fino e de pele morena.

_ Oi! tudo bem irmã?_ É nova aqui?_ Acredito que veio substituir a irmã Clarice não é?_ Eu chamo-me Irmã Angélica, também sou educadora tento ensinar esses pobres anjinhos a encontrar um caminho melhor. Falou irmã Angélica sem dar tempo de Laura responder nenhuma das perguntas feitas, enquanto Angélica falava ia a conduzir Laura a um dos enormes bancos de madeira que ficava envolta de uma mesa tão grande quanto o assento.

_ venha sente se aqui logo nos trarão a nossa refeição, espero que goste de crianças, até porque aqui tem muitas_ deu uma pausa olhou Laura olhando as crianças todas sentadas em outras mesas separadas da onde elas estavam. O seu olhar correia a procura de uma criança em especial, até que parou quando o viu sentado no último banco isolado como sempre, quieto de cabeça baixa. Angelica acompanhou o olhar de Laura até observar o menino.

_ Ele está aqui já faz dois anos e ninguém consegue fazer com que ele converse ou faça qualquer atividade aqui. Falou a olhar o garoto_ pobre menino.

_ O que sabe sobre ele? questionou Laura sem tirar os olhos do garoto.

_ Sei que ele veio para cá depois que a sua mãe morreu. Deu uma pausa depois continuou._ A mãe dele era mulher de vida fácil dessas que ficam em casas duvidosas, ela teve-o sem saber nem quem era o pai, ela deixou-o com um irmão para que ele não corresse riscos, em troca dava um valor todos os meses a ele para custear as despesas do menino. A dois anos atrás ela faleceu, por uma doença desconhecida, e o seu tio o trouxe para cá por não querer ficar com uma criança que não o dava recursos e só dava custo.olhou e viu a comoção que as suas palavras causaram a Laura._ Ele está melhor aqui do que com o tio isso eu garanto até porque lá ele era privado até das refeições básicas e por vezes dormia no Paiol no meio dos animais.

_ pobre criança. Foram as únicas palavras que conseguiu pronunciar ao sentir um imenso nó se formar na sua garganta.

_ Bem, mas você não me disse o seu nome. Falou Angélica.

_ meu nome é Laura, muito prazer e obrigada por me contar sobre o menino.

Laura só pensava em como o ajudaria.Mas uma certeza ela tinha nunca ela iria o abandonar.

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Comments

Edivania Amorim

Edivania Amorim

É muita maldade com uma criança.

2024-02-15

2

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