Segredos
Uma garotinha extremamente pálida. Ela os olhava com curiosidade, como se nunca tivesse visto pessoas com cor em sua pele. O estranho era que ela parecia uma criança, sendo que aquela escola era Ensino Médio e não era fundamental.
Antônia
O que estão fazendo aqui?
Antônia
Sabem que não podem subir, não é?
Antônia
Ela não gosta de intrusos.
Antônio
Mas.. O que você está fazendo aqui?
John
Na escola? Você está perdida é isso?
John
Podemos falar para a diretora e..
Antônia
Não vão acreditar em vocês.
Antônia
Eu moro aqui. E ela não gosta de intrusos.
Antônio e John se olharam confusos, tinha uma criança naquele andar, pálida e com os olhos pretos sem vida, seus cabelos eram meio bagunçados, ela ainda usava o uniforme da escola, o tal que a maioria dos alunos não usava e uma rosa vermelho vivo estava em sua cabeça.
Antônia
Ou ela vai me mandar machucar vocês.
John
Você não machucaria a gente né?
O John olhou nos olhos sem vida da pequena garotinha e sorriu desajeitado, mas ela não esboçou reação, mostrando que estava falando sério.
Antônia
Vocês não vão? A outra que esteve aqui, eu quase machuquei, mas ela era escorregadia.
A garotinha deu um passo para frente como se seu aviso estivesse acabando o tempo.
Antônio
Espera. Você quer ganhar um pirulito?
Antônia
Eu não sou mais criança.
Antônio
Tá, eu sei, mas todo mundo gosta de pirulito!
Antônio
Pode ser o que você quiser.
Antônio
Tá bom. E como se chama?
Antônio ficou assustado com essa coincidência, mas não demonstrou.
Antônio
Temos nomes iguais. Eu me chamo Antônio.
Antônia ainda dava respostas vazias, mas um sorrisinho estava no seu rosto, sinal de que estava gostando daquele rapaz. Só que alegria de pobre dura pouco, passos ecoaram atrás da garotinha e o reflexo de uma katana fez as costas da garotinha se abrirem e ser arremessada pelo chão enquanto ela gritava de dor.
Ela se transformou em um ser que ninguém conseguia identificar, suas mãos cresceram, seu corpo não era mais de uma garotinha, seus olhos brilhavam intensamente em vermelho vivo e sua rosa vermelha estava ainda colada em sua cabeça.
Antônio
Porra! Eu tinha acabado de conseguir acalmar ela!
Maria
O problema não é meu. Ela iria matar vocês, uma hora ou outra.
Maria sai das sombras, a única que usava seu uniforme da escola, estava segurando suas duas katanas e seus olhos castanhos escuros refletiam contra o monstro que acabou de aparecer.
John
Você fala como se tivesse experiência nisso!
Maria não ligou para os comentários deles, apenas seguiu em frente, desviou de uma das mãos do monstro e fez um corte em sua costela. Maria logo recuou para perto dos dois.
Maria
Se não forem fazer nada, eu não me responsabilizo pelo que vai acontecer com vocês!
Antônio e John estavam perplexos demais com aquela cena em sua frente, principalmente o loiro, nunca iria pensar em ver um monstro daqueles em sua frente.
John foi o segundo a se mexer, tirando de seu bolso ele tinha um canivete que usava para se proteger de qualquer coisa e lá estava ele utilizando. O monstro não se mexeu muito, então John conseguiu dar um arranhão nele, mas logo depois quebrou o seu canivete.
John
Essa pele dele é muito dura!
Maria
Tenta arranjar uma coisa mais afiada e duradoura!
O monstro mostrou raiva, seus olhos brilharam mais forte, suas veias brilharam em vermelho e ele se fixou em Antônio, o único que estava parado. Suas mãos que eram garras avançaram contra ele e iriam acertar.
Antônio não queria admitir, mas estava assustado, com receio de fazer qualquer coisa. Maria se mexeu mais rápido e logo o empurrou, mas recebeu o golpe nas costas fazendo ela gritar de dor.
Por conta da dor, Maria desmaiou e Antônio viu suas costas cheias de sangue, algo em seu ser sentiu culpa por ver uma mulher o protegendo, sendo que devia ser ao contrário.
Antônio
John! Fica com ela!
John
O que? Não tem como, esse monstro vai acabar matando a gente!
Não adiantava lutar, a única que sabia disso agora estava desmaiada por incompetência de Antônio. Ele suspirou e se levantou com dificuldade, pegou Maria nos braços e enquanto John distraia o monstro, Antônio foi até às escadas e desceu com dificuldade. John viu uma oportunidade de sair das garras do monstro, derrapando no chão cheio de poeira e indo até às escadas.
Passou não muito tempo, Maria acordou devagar, ela se viu no hospital, com as suas costas doendo de forma infernal e sua cabeça latejando. Maria teve um flash em sua cabeça do que aconteceu, recebeu um golpe e desmaiou, talvez aqueles rapazes tenham morrido por culpa dela. Um som a fez se dispersar de seus pensamentos, a porta se abriu e viu Antônio adentrar com um olhar preocupado.
Antônio
Você acordou. Isso é bom.
Antônio
Você tinha perdido muito sangue, então pensei que fosse tarde demais.
Maria se mostrou confusa, se perguntando como ele estava vivo depois daquilo que conheceu.
Antônio
Está, ele só preferiu ir pra casa.
Antônio
Aliás, obrigado. Se não fosse você, eu estaria morto.
Maria não respondeu, ela apenas olhou o dia nublado daquele inverno e suspirou fazendo que não com a cabeça.
Maria
Eu falei pra se mexer.
Antônio
Voltei escutar da próxima vez, mas..
Antônio
Você parecia saber bastante daquele lugar.
Maria pensou consigo mesma se era realmente bom contar a ele o que estava acontecendo com aquela escola.
Maria
O terceiro, quarto e quinto andar daquela escola não funcionam desde que aquele lugar começou a funcionar.
Maria
E bom, todos os alunos que vão lá, desaparecem.
Maria
E a escola não faz nada a respeito disso.
Maria
A única coisa que eu sei é que tem uma mulher por trás disso. Aquela criança fala isso o tempo todo.
Antônio tentou pensar em alguma coisa, mas não se passava nada. Como uma escola não sabia o que se passava dentro dela?
Antônio
Mas, e a Diretora? Não sabe de nada disso?
Maria
Pessoas normais não conseguem escutar os arranhões, os gritos e muito menos as pisadas fortes.
Maria
É como se só tivessem pessoas escolhidas para escutar esse tipo de coisa.
Maria
Mas de qualquer forma, peço que não vá de novo àquele lugar.
Maria
É perigoso e não é todo mundo que sobrevive.
Antônio ficou em silêncio, enquanto olhava os olhos de Maria que estranhamente não tinham brilho.
Antônio
Mas você vai continuar indo pra lá não é?
Antônio
Como você quer que eu não interfira?
Antônio
Agora que eu sei que posso escutar essas coisas além das outras pessoas?
Antônio
E se você se machucar de novo e estiver sozinha?
Maria não respondeu de novo, não querendo dar um motivo para discutir pra ele.
Maria
Não precisa disso. Não nos conhecemos, não temos nada haver um com o outro, então você pode viver sua vida em paz.
Maria
A única coisa que estou te pedindo é pra não arriscar sua vida em prol da sua curiosidade.
Maria
Aquele lugar é perigoso.
Maria
E extremamente trapaceiro.
Antônio ficou quieto e suspirou apenas assentindo com a cabeça. Ele se despediu e saiu do quarto de Maria, pensativo sobre tal acontecimento.
Porém, no alto daquela escola e completamente escondido, alguém ria de forma curiosa. Mostrando que estava satisfeito por ter novos brinquedos para brincar.
???
Minha mestre, eles conseguiram fugir.
???
Eu não vejo isso desde tanto tempo... Isso é maravilhoso.
???
Está pretendendo fazer aquilo com eles?
???
Você me conhece, minha cara.
???
É claro que farei isso com eles.
???
E eles nem perdem por esperar.
Uma risada maléfica ecoou entre as paredes, mostrando que não iria ter piedade de ninguém, apenas um jogo no qual ela queria assistir.
???
O jogo só está começando.
Comments
Aiko
O drama tá esquentando, não deixa a gente na mão autora!🔥
2025-08-04
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