Barulhos.
John sai da sala de aula depois de duas seguidas de matemática e uma de biologia. Ele estava indo atrás do Antônio para pedir desculpas por mais cedo.
John
Eu queria me desculpar, por ter provocado você.
Antônio
E o que eu tenho haver com isso?
John
Ah, eu acabei te irritando ao ponto de você quase dar uma surra em mim.
John abriu um sorriso maroto enquanto Antônio revirou os olhos. Estava achando o loiro irritante, mas o que poderia fazer.
Antônio
Ah.. Isso explica sua falta de melanina.
John
Ué! Você é mais pálido do que eu!
Antônio começou a andar e John começou a segui-lo. Irritante, mas não poderia fazer muita coisa.
Disse sem nenhuma paciência, John ficou quieto, mas continuou andando ao lado de Antônio. Porém, uma cena fez ambos os dois pararem.
Suzane
Como você tem coragem de me tocar?
Um pouco mais distante, perto das escadas do segundo andar, estavam três garotas, duas delas John reconhecia, mas a outra não. Antônio ficou confuso.
Suzane
Responda alguma coisa, vagabunda!
Maria
Eu já disse, eu não fiz nada. Nem te toquei.
Olívia
Suzane, deixa essa vadia sozinha. Ela não vai te responder.
Olívia
Pelo menos nós não somos putas que transou com um cara drogado.
Pessoas ao redor escutavam, Maria segurava a borda de sua saia e apertava com força, sua feição era séria. Suzane ria de sarcasmo e Olívia chamava mais atenção das pessoas. Antônio não aguentou o que viu e quando iria dar um passo, sentiu alguém segurar teu pulso.
John
Sabe lá o que essa garota fez pra estar sendo acusada assim.
Antônio
Você está cogitando que ela realmente... Esquece. É você tem razão.
Antônio suspirou e saiu dali ao lado de John, enquanto Maria olhava para ambos os dois com as esperanças cortadas. Fechou os olhos e...
Daniel
Já terminaram de fazer isso com a garota?
Um rapaz que nunca tinham visto na vida estava ali, protegendo alguém que nem conhecia. Ele estava com os braços cruzados, enquanto olhava para as duas garotas.
Daniel
Já deu. Ninguém aqui é mais criança.
Suzane
Veio proteger sua putinha?
Olívia
Acho que ela tem alguém que paga os serviços dela.
Daniel
E se fosse? Qual o problema?
Daniel
Isso não dá motivos pra vocês fazerem isso. A garota não fez mal a ninguém.
O silêncio era ensurdecedor, todos se olhavam até um por um começar a se afastar daquela cena e Olívia tanto Suzane bufaram, saindo dali olhando ele de cima a baixo. Daniel se aproximou de Maria com um olhar preocupado.
Maria
Vou ficar. Obrigada.
Ele disse colocando a mão no ombro dela e saindo dali com as mãos no bolso. Maria voltou ao que estava fazendo, suspirando e pensando no que tinha acabado de acontecer.
Daniel era novo ali, trocou de escola por escolha de seu pai e se afastou dos amigos que tinha. Ele estava um pouco mal, mas não podia fazer nada, seu pai, mesmo que de longe, mandava nele.
Daniel tomou um susto, seus olhos se fixaram em garoto de cabelos pretos azulados com uma mecha loira na franja, olhos âmbar e pele clara. Estava com um uniforme diferente, na verdade, era o único que usava e estava escrito "Conselho Estudantil".
Daniel
Foi mal, me desculpa.
Richard
Você deveria prestar mais atenção por onde anda.
Daniel
E-Eu já pedi desculpas.
Daniel ficou meio mal com aquela frase bruta que veio de Richard, mas abriu um sorriso culpado.
Daniel
Eu não sabia que você estudava nessa escola.
Daniel
É bom ver um rosto conhecido.
Richard
Não vai achar que só porque me conhece, vou ficar grudado em você ou vice-versa.
Richard e Daniel se conheciam de um curso que faziam nos finais de semana, então Daniel sabia como lidar com Richard.
Daniel
É bom ver você também.
Richard só virou o rosto. Daniel não entendeu o porquê de estar sendo tratado daquela forma, sendo que no curso, ambos conversavam tranquilamente.
Mas não querendo deixar Richard mais desconfortável ou irritado, Daniel saiu dali com o rosto abaixado.
Um rapaz de cabelos pretos com mechas azuis, olhou para suas amigas, Felícia e Agatha, falando sobre o que aconteceu mais cedo.
Agatha
Sim. Parece que estavam falando coisas horríveis pra ela.
Agatha
Por isso está demorando pra vir comer com a gente.
Eles estavam no refeitório, esperando por Maria, mas ela não chegava e isso estava começando a preocupar Agatha.
Sebastian
Fica calma, ela deve somente estar se acalmando no banheiro.
Felícia
É, já deve estar chegando.
Ambos os três estavam dizendo isso para si mesmos. A luz de toda a escola começou a piscar, um rugido ecoou por todo os lugares, mas somente Sebastian tinha escutado. Um arrepio percorreu pela espinha dele, mas decidiu ignorar.
Já um pouco mais à frente, John e Antônio estavam de frente a escada que ligava o segundo andar ao terceiro. As luzes piscaram, o chão tremeu e um rugido ecoou lá de cima fazendo os dois pararem.
Antônio
Que porra foi essa?!
John
Tá vindo de lá de cima.
John apontou para a escada que subia para o terceiro andar, tudo estava escuro e sentiam-se observados.
Antônio
Merda. Que isso? Essa andar não funciona?
John
Parece que não. Olha ali.
John apontou para uma placa do lado escrita: " Não subir. Você foi avisado."
Antônio
Que merda de aviso é esse?
Antônio
Não explicam nem a porra do motivo.
John
Eu não sei, mas eu acho melhor a gente sair daqui.
Um barulho de algo caindo no chão veio do teto, além de um grito feminino de dor. Antônio e John se olharam confusos com situação, mas por conta desse pequeno detalhe, as suas pernas se movimentaram sozinhas.
Ambos foram subindo de degrau e degrau, com uma lentidão que normalmente não teriam. O lugar era escuro, abandonado e sem higiene nenhuma. Assim que pisaram no último degrau, uma camada de poeira subiu e diferente do andar de baixo, as janelas transmitiam uma luz lunar sendo que estava de dia.
Antônio
Que porra é essa?...
John
Parece estar abandonado..
Antônio
Não me diga, alecrim dourado!
John revirou os olhos, enquanto olhava para os lados tentando enxergar alguma coisa, Antônio fazia a mesma coisa. Passos ecoam atrás deles e bruscamente os dois viraram para trás ficando assustados com o que estavam vendo.
Parecia que tinha algo estranho ali, assustador ou apenas um segredo. Eles eram novos, não sabiam, os segredos estavam vindo à tona ou eles poderiam sofrer com isso.
Talvez nem todo segredo merece ser descoberto. . .
Comments
Satsuki Kitaoji
Nunca tinha lido algo assim, estou surpreendida.
2025-08-03
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