capítulo 3

Mais uma vez sinto-me perdida em um enorme espaço vazio e escuro, onde a solidão é minha única companheira. Não consigo discernir o que acontece em minha volta, pois sinto que mais uma vez a fantasia e a realidade se misturam a causar emoções conflituantes dentro de mim.

Por vários momentos sinto que algo acontece ao meu redor, mas ainda assim, pois é como se sempre estivesse alguém ao meu lado, embora nessa vasta escuridão eu esteja sozinha.

__você enlouqueceu?...por... diabos trouxe... para cá?

Uma voz estridente, e nem um pouco amistosa, rasga a escuridão do meu inconsciente e mesmo que eu procure por alguém, não consigo encontrá-lo.

Ouço passos, ruídos e conversas entre-cortadas á minha volta, mas não consigo entender se é um sonho, ou realidade. Quero mover-me, mas meu corpo parece pesar uma tonelada. Lembro-me então da floresta e do galpão abandonado, e o meu coração dispara. Lembro-me de alguém carregando-me em seus braços, mas ainda não sei quem seja.

As vezes tenho a sensação de ter alguém ao meu lado, sempre cuidando de mim, porém, não consigo vê-lo, podendo apenas sentir a sua presença e preocupação.

Quero abrir os meus olhos e descobrir onde estou agora, mas a inconsciência insiste em manter-me aprisionada na escuridão, de forma que, mesmo que consiga ouvir com mais clareza o que acontece ao meu redor, não consigo despertar.

__Volte ao vilarejo Bento. Vá buscar o médico novamente!

A ordem e dada por alguém de voz branda, que embora tente transparecer tranquilidade, parece estar muito aflito.

A conversa agora esta mais nítida do que das outras vezes, e mesmo não conseguindo acordar-me tento concentrar-me ao máximo no que dizem.

__O que houve senhor? Ela está a piorar?

Uma segunda voz, que também me soa familiar é ouvida, e tento a todo custo recordar-me quem são essas pessoas que parecem muito preocupadas comigo.

__Não se trata disso Bento, mas não sei mais o que fazer... Segui todas as orientações do dr Fausto e, mesmo assim ela não acorda!

Nesse momento sinto como se alguém sentasse ao meu lado, e de leve, tocasse o meu rosto.

__Tenha calma senhor. Ela estava muito fraca quando a encontrarmos. Certamente precisa de um bom tempo de repouso para se recuperar!

__Não acha que já se passou tempo demais? Faz três dias que ela não acorda!

O quê? Três dias? Como pude ficar assim?

Espanto-me inconscientemente ao ouvi-lo dizer o tempo que estou nessa situação. Não é possível que não consigo reagir, afinal, não me sinto mais tão mal quanto antes, pois já não sinto dores e a febre também fora controlada, então, porque não consigo acordar?

Não posso mais continuar assim. Preciso ser forte e quebrar essa barreira do inconsciente que me aprisiona em um espaço vazio e solitário. Essas pessoas parecem preocupadas comigo, e não posso deixá-los mergulhados nesse mar de incertezas, isso sem contar com o meu povo, que certamente está sentindo a minha falta, por isso preciso lutar, pois, não tenho mais tempo a perder.

Vou abrindo os olhos lentamente tentando reconhecer o lugar em que estou, e a primeiro instante noto que estou em um quarto amplo e um tanto escuro, embora veja, pela pequena fresta entre as cortinas da janela, que lá fora já é dia.

Um pouco mais adiante vejo dois homens, um é baixo e corpulento, e o outro, que está de costas para mim, é bem mais alto, possuiu cabelos negros e ombros bem largos.

__Vá de uma vez Bento. E não demore!

O homem de costas afirma ainda aflito!

__Acho que não será necessário senhor! Veja. Ela está acordando!

O tal Bento afirma a apontar para mim, que ainda estou um pouco confusa, pois a minha visão está um tanto embaçada e tento acostumar-me com a claridade depois de tantos dias de escuridão, mas ainda assim, mal posso acreditar no que os meus olhos vêem.

No instante em que aquele desconhecido virar-se na minha direção, sinto como se tivesse sido transportada parar os meus sonhos, ao ter em minha frente o mesmo homem de olhar intenso, com quem esbarrei nas ruas de São Martim.

Não! Não pode ser ele!

__Senhorita, como se sente?__ele pergunta vindo para perto de mim, e mais uma vez sinto a azul dos seus olhos manter-me aprisionada como da primeira vez__ Sente alguma dor?

Ele insiste diante do meu silêncio e certamente da minha expressão assustada.

Não é que eu não queira respondê-lo, mas sim que, simplesmente não consigo, pois ainda estou tentando entender como isso tudo pode ser possível.

Então, a fuga nas ruas de São Martim não fora apenas um sonho? Tudo aquilo realmente aconteceu e agora, estou novamente diante daquele homem misterioso por quem me senti estranhamente aprisionada naquela noite, mas quem é ele? E, porque tem esse poder sobre mim?

__Senhorita? Você, está bem? Bento, mande que façam algo pra ela comer. Deve está faminta!

Ele insiste mais uma vez, sentando-se ao meu lado na cama, e olhando- me confuso, o que me obriga a reassumir o controle das minhas emoções, ao ver que o tal Bento retira-se em silêncio, pois se tudo aquilo não era um sonho, eu não posso mais continuar aqui.

__Quem é você? Onde eu estou?

Consigo finalmente dizer em meio a toda essa confusão.

__Perdoe-me!__ele diz pondo-se de pé rapidamente__ Meu nome é Feliphe Veranese, e a Senhorita está em minha casa, aos arredores de São Martim!

Ele afirma com uma leve reverência e um sorriso encantador em seus lábios.

Agora que o vejo mais de perto, as feições do seu rosto são ainda mais encantadoras. Os seus olhos continuam com o brilho intenso que me enfeitiça e quando desço os olhos para seu maxilar forte e seus lábios rosados, sinto uma onda estranha percorrer o meu corpo, de modo que é algo que nunca senti antes.

__Então, senhor Veranese... Eu agradeço por salvar a minha vida, mas, eu preciso ir agora!

Digo, já afastando os cobertores querendo levantar-me, porém ele logo me impede.

__De maneira alguma a deixarei sair daqui!

Ele afirma segurando-me pelos ombros enquanto senta-se ao meu lado novamente.

__Mas eu não posso...

__O que não pode é sair por aí no estado em que está! Descanse e se recupere, então poderá ir aonde quiser!

Ele afirma já voltando a acomodas os travesseiros a cabeceira e cobre-me novamente.

__Por que não me diz primeiro o seu nome, e depois, se tiver alguém para quem queira mandar notícias, eu posso mandar um recado!

Ele pergunta já afastando-se para uma poltrona ao lado da cama.

__Me chamo Kaila… E...

Droga! Não devia ter dito o meu verdadeiro nome, mas agora é tarde. Só espero que ele são saiba quem eu sou.

__Kaila?__ele estranha, pois não é um nome comum__ É um belo nome. Diferente, mais ainda assim, muito bonito. A senhorita acaso não se recorda de mim?

Ele pergunta acomodando-se melhor na poltrona ainda olhando-me de forma constante.

Como eu poderia esquecer?

Meu pensamento divaga por um instante e preciso controlar minhas palavras, para não por tudo a perder.

__Claro que sim. O senhor encontrou-me naquele velho galpão e, salvou a minha vida. Muito obrigada senhor Veranese!

Digo de forma gentil, pois realmente sou grata a ele por ter me ajudado.

__ Não precisa agradecer-me senhorita, mas, estou certo que sabe, que não é a isso que me refiro? Acaso não se recorda do nosso encontro na passeata de São Martim?

Ele pergunta sendo direto, mas olhando-me com a certeza de que eu o reconheci desde o início e sinto meu coração acelerar fortemente.

Então, ele se lembra daquele dia?

...****************...

Continua...

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