Capítulo 5 - Realizando sonhos

Enquanto na Fazenda Magalhães, o assunto era a chegada do novo veterinário, o mesmo chegava na pequena cidade. Heitor tinha planejado ficar na capital e seguir até a cidade próxima à fazenda pela manhã, mas mudou de ideia ao chegar antes do horário previsto.

Heitor Meirelles, médico veterinário, chega no início da tarde a cidade onde moraria por tempo indeterminado. Veio de uma longa viagem, foram quase 1.500 km dirigindo. Saiu do Rio de Janeiro no dia anterior quando decidiu ir de carro, pois não queria ficar sem ele.

Estava cansado, mas exultante, era a realização de um sonho, por estar ali para trabalhar como veterinário.

Precisava encontrar um lugar para descansar e pernoitar, estava precisando de um banho e dormir um pouco antes de procurar um lugar para fazer uma refeição, pois, não parou nem mesmo para almoçar, mas o cansaço era maior que a fome que ele estava a sentir. Nas últimas horas ele não parou e só bebeu água, não quis parar para não atrasar a viagem. Heitor era de uma família rica, mas ele escondia o fato de todos, ele gostava de viver na simplicidade do campo, como o seu avô paterno.

Os seus pais o criticaram por sua decisão de ir para um lugar que ele não conhecia, morar no meio do mato, eles o criticavam por defender incansavelmente a ideia dele assumir a empresa que Heitor herdou da mãe.

Hernades, pai de Heitor, foi casado com Rosa, uma mulher rica e de muitos bens, com quem teve dois filhos Heitor e Emília. Um ano após ficar viúvo, depois que Rosa sofreu um infarto, ele se casou com Letícia, na época Heitor tinha quatro anos e Emília dez, Leticia os criou como filhos e eles a chamavam de mãe. Letícia tinha uma anomalia menstrual, chamada anovulação ou disfunção ovulatória, por esse motivo ela não conseguiu ter outros filhos.

Hernandes assumiu a empresa de consultoria empresarial que era de Rosa até que os filhos completassem a idade de assumirem. Emília se formou em Administração, fazendo doutorado em Economia, e trabalhava na empresa, mas não estava a frente como a responsável, mesmo sendo competente para isso, já Heitor detestava a ideia de assumir uma empresa, não lhe atraia ficar preso em paredes de concretos, ele sempre gostou do campo e aprendeu a amar a natureza com o seu avô Ismael.

Nada o fez mudar de ideia quando resolveu ser veterinário. O seu avô e Emília foram os únicos que o apoiaram, por querer fazer aquilo que gostava, seu pai o criticou, assim como Letícia também foi contra. Eles queriam que ele fosse o diretor da empresa e não Emília que ainda jovem se casou com Breno, que foi o seu professor na faculdade.

Heitor estava cansado de ter os pais no seu pé, tentando dizer o que devia ou não fazer. Eles queriam a todo custo que ele assumisse a empresa, mas não era esse o seu desejo e não faria algo que não queria para agradar os pais, além disso, tinha Emília, que era capaz de assumir, pois, parecia ter herdado o jeito empreendedor da mãe deles, Rosa.

Heitor gostava mesmo era de lidar com a terra com os animais como o seu avô gostava, por isso cursou veterinária. Heitor era uma pessoa calma, mas isso não o impedia de lutar pelo que queria. Nunca discutiu com os pais sobre essas questões, tentava os convencer sem falar alto ou os destratando, ele amava os seus pais, mas a insistência deles o aborrecia as vezes, e isso o deixava triste por eles não o entender.

O seu avô Ismael, tinha um pequeno sítio e, quando criança, Heitor adorava visitá-lo, ele ainda criança, ajudava o seu avô no cuidado dos poucos animais que havia no sítio. Foi com o avô que ele aprendeu a gostar das coisas ligadas ao campo, até como cuidar da plantação para alimentar alguns dos animais. Quando Heitor passou para uma faculdade federal, para o curso de veterinário, ficou muito feliz, enquanto os pais ficaram decepcionados.

A sua irmã Emília na época já estava casada, aos 24 anos trabalhava na empresa depois de se formar. Breno, marido de Emília, também trabalhava na empresa, no setor de advocacia. Emília mesmo nova era muito competente no que fazia, mas o sonho de Hernandes era que ele, Heitor, assumisse a direção da empresa.

Quando Ismael morreu, aos 87 anos, Hernandes fez questão de deixar o sítio que herdou para o filho, mas Heitor apesar de ter ficado feliz com a atitude do seu pai, decidiu presentear ao jovem que ajudava o seu avô no dia a dia, sabia que o seu avô ficaria feliz com a sua atitude. Nunca se arrependeu da decisão que tomou, pois o motivo maior que gostava de ir para o sítio, era poder está com o seu avô, e sem a presença dele o sítio não teria o mesmo valor.

Heitor na época estava no segundo ano da faculdade, e sofreu muito com a perda do seu querido avô, mas entendia que tinha chegado a hora dele, mas nunca esqueceria os conselhos e nem as palavras de incentivo que recebia dele quando estavam juntos. Nunca desistiria de seus sonhos.

Mesmo com os pais falando sem cessar em seu ouvido, Heitor concluir a sua graduação e abriu uma clínica veterinária em sociedade com Daniela a sua namorada na época. Eles se formaram juntos e acharam uma boa opção trabalharem juntos também.

Daniela era ruiva, olhos verdes, era muito bonita e fez a faculdade com a intenção de abrir o seu próprio consultório, diferente de Heitor, que sonhava trabalhar com animais de grande porte. Eles sempre se deram bem, mas nunca falavam em casamento, Heitor nunca pensou nessa possibilidade, dentro dele não tinha certeza se era isso o que queria, mesmo o namoro já tendo alguns anos, não se sentia preparado para dá um novo passo no relacionamento deles.

Tudo mudou entre eles quando Heitor recebeu um convite para trabalhar em uma fazenda, no lugar de um amigo que estava se casando e abandonando o cargo. Heitor decidiu romper a sociedade e o namoro com Daniela, ela aceitou sem drama, pois sempre soube que esse era o sonho dele, trabalhar em uma fazenda, e mesmo ela gostando dele, não houve grande sofrimento por romperem o relacionamento, ela estava feliz por ele.

Continuariam sendo amigos, não havia motivos de deixarem a amizade de lado, antes de namorarem já eram bons amigos e Daniela era uma das que o incentivavam a correr atrás de seus sonhos, inclusive ela era a única que sabia que se ele não fosse veterinário seria agrônomo, pois o seu objetivo sempre foi trabalhar no campo, em meio a natureza.

Heitor gostava de andar a cavalo, sentir o cheiro da terra molhada, gostava de ouvir os grilos cantando, e ver o céu todo estrelado, coisa que na cidade não poderia usufruir.