CINCO ANOS ANTES
Era um dia como outro qualquer, de muito calor e muito trabalho, Tuane estava ajudando a sua mãe a arrumar a casa onde moraria o novo veterinário da fazenda. Elas já tinham limpado praticamente tudo, e Tuane estava na varanda colocando alguns vasos de plantas para embelezar o ambiente, sorri feliz ao ver o resultado. Depois de tudo pronto elas vão embora, para começarem a preparar o jantar.
Tuane estava ajudando sua mãe na cozinha, com o seu fone de ouvido ouvindo os seus sertanejos como gostava, as vezes dava alguns gingados fazendo a mãe ri.
— Descasque essas raízes, Tuane, vou fazer um caribéu — Jaciara, a mãe de Tuane, pede e ganha um beijo no rosto, antes de Tuane ir fazer o que lhe foi pedido.
— Que delicia, já estava com saudade de comer caribéu, vou comer até passar mal. — Tuane responde animada, pegando a faca para descascar as raízes de aimpim.
Quando o pai de Tuane chega do trabalho, encontra a comida pronta e cheirosa, e corre para tomar um banho, para poder se sentar a mesa. O irmão de Tuane, Roani, vai até à cozinha ver o que estava tão cheiroso. Ao ver o que a mãe fez, quer logo experimentar, mas a mãe briga com ele para ir tomar um banho primeiro.
— Ou eu estou com muita fome, ou essa comida está muito cheirosa. — Geraldo, o pai de Tuane, fala. Ele tira a tampa e abre a panela que estava sobre a mesa, sentindo o cheiro subir.
— Pode me elogiar, eu ajudei mamãe a fazer o jantar, e tenho certeza que está uma delicia é só olhar que dá água na boca.
— Muito bem filha, parabéns. Só não digo que já pode casar pois está muito jovem ainda.
— Se continuar com esse gênio forte, vai morrer solteira, só mesmo Fabrício para gostar disso. Mas ao invés de aproveitar a chance de ficar com um homem rico fica dando coice no coitado. — Roani chega já provocando a irmã.
— Ser rico não é tudo Roani, eu já te disse isso. A sua irmã não gosta dele, e não ficará com Fabrício pela riqueza que ele tem.
— Vai morrer solteira, outro como ele ela não vai conseguir nunca, rico e que goste dela.
— Se for para ficar com aquele chato, prefiro morrer solteira. — Tuane responde ao irmão revirando os olhos — Além disso quero me casar depois dos meus 25 anos.
— Deixe de besteira menina, casar é bom, não me arrependo de ter me casado com o seu pai com 18 anos e sou muito feliz. Tenho um marido que me ama e dois filhos lindos.
— Uma filha né mamãe — Tuane implica com o irmão, que lhe joga um guardanapo amassado. — Mas confesso que jamais me casaria com os meus 18 anos, sou muito novinha.
— Fabrício disse que o novo veterinário chegará amanhã na capital, seria hoje, mas houve um imprevisto. Parece que ele já caiu nas graças de Magalhães. Antenor o elogiou muito, dizendo que o tal Heitor era o melhor da classe.
— Deve ser um velho, só assim para vir morar na fazenda sendo veterinário, poderia ter a sua clínica e cuidar de cachorrinhos e de gatos que são fofos — Tuane fala como se fosse o mais certo para um jovem veterinário.
— Engano seu, Fabrício me contou que ele é novo. Parece que ele já teve uma clínica, mas decidiu vir para um lugar mais sossegado. Ele morava no Rio de Janeiro, e foi muito bem recomendado por Antenor — Antenor era o veterinário que pediu demissão por ter se casado com uma mulher da capital.
— Deve está fugindo de algo ou de alguém — Tuane fala rindo, já com várias histórias passando por sua cabeça, traição, abandono, morte, assassinato...
— Se ele te conhecesse diria está fugindo de você — Roani provoca a irmã de novo.
— Nem ligo para o que você está dizendo — Tuane come mais um pouco antes de continuar falando — Esse veterinário deve ser um besta vindo do Rio de Janeiro, um besta metido a bonitão.
— Está doidinha para conhecer. — Roani zomba.
— Nem em sonhos, pode ter certeza, que nem em sonhos.
— Você vai mesmo trabalhar naquele bar? — O pai pergunta, mudando de assunto.
Tuane ajudava a mãe, mas ela não gostava de ficar direto fazendo o serviço de casa, por isso pediu a sua amiga Alice para conseguir um emprego para ela, e assim ela conseguiu no restaurante que trabalhava, era bar e restaurante. Como ela morava na fazenda, seria atendente de dia. A fazenda Magalhães tinha uma vila de casa para os funcionários, e como o pai e o irmão de Tuane eram funcionários, tinham direito a moradia.
O restaurante onde Tuane iria trabalhar era um dos mais procurados na pequena cidade, o lugar era frequentado geralmente pelas pessoas de maior poder aquisitivo da região, era um dos únicos restaurante com uma boa estrutura.
— Lá é um restaurante papai. — Tuane responde rindo — Amanhã eu vou trabalhar a noite com Alice, para ver como funciona, estou ansiosa, só espero não derrubar bandejas.
— Só não pode querer brigar com os clientes, lembre-se que lá você terá patrão irmãzinha. — Roani debocha.
— Seria ótimo se acontecesse isso, assim ela seria mandada embora no primeiro dia. — Jaciara fala desanimada, ja tinha feito de tudo para a filha desistir da ideia de ir trabalhar — Não estou gostando dessa história.
— Mamãe, não se preocupe, saberei me cuidar.
— Disso não tenho dúvidas. — Raoni já imagina ela acertando a bandeja na cabeça de alguém.
— Quando você sair do trabalho amanhã me avise, vou te buscar, não tem como você vir de bicicleta por essa estrada tarde da noite.
— Não precisa papai, vou dormir na casa de Alice, no dia seguinte já começo no meu horário.
— Tudo bem, mas ligue para avisar como foi o seu primeiro dia de trabalho.
— Pode deixar. Estou tão ansiosa que acho que nem vou dormir.
— Ansiosa para trabalhar ou para conhecer o novo veterinário?
— Para trabalhar é claro... não sou essas meninas que ficam doidas quando sabe que vai chegar peão novo na fazenda.
— Só acertou nas meninas doidas, elas estão tudo alvoroçada. Mas Tuane, ele não é peão não, ele não deixa de ser um médico, dos bichos, mas é médico. — Roani esclarece — Mas um dia eu também vou deixar de ser peão.
— Estude, para que possa ter uma profissõe — A mãe incentiva o filho.
— Vou fazer isso mãe, pode deixar, ainda vou dá orgulho a senhora.
— Você sendo trabalhador e honesto já me dá orgulho, meu filho.
— Ah! mãe, mas eu quero ser rico.
— Vá assaltar um banco ou abrir um bordel, só assim ficará rico, mas enquanto isso vai continuar cheirando a bosta...
— Tuane, respeite o seu irmão, e deixe de grosseria — Geraldo grita com a filha que se cala, mas que não se desculpa — Se não tem o que falar fique com a boca fechada.
— Não falei nada de mais, ele quem disse...
— Tuane!!!! — Jaciara impede a filha de continuar, para que não fale besteira pior e o pai brigue com ela novamente
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Caribéu — Prato típico da região do Mato Grosso do Sul, tem origem indígena e é feito com aipim e carne de sol (ou carne seca), geralmente servido puro ou com arroz.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Léa Maria
Com esta foto também fiquei com vontade de comer caribéu, que aqui onde moro chamamos vaca atolada
2025-02-01
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Jucileide Gonçalves
Tuane é terrível kkkkkkk
2025-03-06
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Gloria Katia Baffa
hum
2025-02-01
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