Ao chegar na salinha, olhou para Sandro que notavelmente estava com dor, Kaio conhecia Vicente e sabia que ele não bateria por um carro. Sandro reconheceu o amigo de Catherine e perguntou:
— Já vamos poder sair desse inferno?
— Complicaram sua vida, vai ficar uma semana na cadeia, mas Catherine vai pagar sua fiança.
— Tudo bem, cadeia não me assusta — disse Sandro aceitando o fardo.
— Devo me preocupar com algo?
— Preciso que avise minha família e diga a palavra astronauta, ok?
— Que código esquisito, mas está bem.
Kaio pegou informações do caso para montar sua defesa, saiu em uma hora, no carro ligou para Catherine e contou:
— A audiência só vai ser na próxima segunda-feira.
— Esquisito, por que estão dando esse chá de cadeira?
— O delegado está desconfiado de algo mais que um roubo de carro, deve querer ganhar tempo antes de Sandro ficar livre.
— E o que você acha?
— Cath, eu até diria que poderia ser cisma do delegado, mas tem três carros pretos de frente ao meu escritório.
— Está correndo perigo?
— Não se preocupe, estou acostumado a lidar com casos grandes — respondeu Kaio que ao menos uma vez por mês tinha vida ameaçada.
— Eu vou estar na audiência.
— Não precisa vir pessoalmente, eu posso pagar a fiança.
— Eu quero.
— Como quiser, Cath você tem o contato de alguém da família do Sandro?
— Tenho, por que?
— Só me passa o número que eu preciso ir... — Kaio teve receio que Catherine soubesse o que significava o código, por isso não respondeu para o que era.
Kaio saiu do carro com receio, entretanto não demostrou, passou por homens vestidos de preto como seguranças, sua recepcionista ao vê-lo contou:
— Senhor, possui uma visita o aguardando na sala, se chama Renan.
— Obrigado Franciele — agradeceu Kaio caminhando em direção a sala que ficava em frente ao seu escritório.
Renan usava óculos escuros, o tirou, o colocou no bolso da sua jaqueta, dando um largo sorriso exibindo seus caninos de ouro disse:
— Doutor Kaio, que bom finalmente o conhecer.
— Vamos para o meu escritório, senhor Renan — convidou Kaio reconhecendo o homem que deveria ter em torno de cinquenta anos, era um político muito conhecido pelo povo.
Kaio abriu a porta, mostrando seu escritório moderno, com bancos pretos bem estofados, a escrivaninha de vidro, que havia somente seu notebook e o seu celular corporativo sobre a mesa, Kaio sentou em sua majestosa cadeira que ficava em frente a janela que levava um ar fresco e perguntou olhando para Renan se sentar:
— O que devo a visita?
— Seu nome está crescendo, atendendo políticos, médicos e executivos, em toda sua carreira somente perdeu dois casos, isso é incrível, mas o que estou interessado que soube que está assumindo a defesa de Sandro.
— E como isso se relaciona ao senhor?
— A soltura dele não seria boa para os meus negócios, seja o que esteja recebendo por aquele homem, posso cobrir ou triplicar para que retire seu nome.
— Isso não vai acontecer.
— Eu posso saber o motivo? Veja minha oferta é bem generosa... Posso te ajudar a crescer mais e mais.
— Os meus clientes possuem meu total sigilo e comprometimento, não vou voltar atrás, agradeço sua oferta, senhor — Kaio recusou, mantendo sua postura ereta ao seu levantar, esticou o braço para se despedir.
— Minha oferta estará de pé até que a audiência seja concluída — avisou Renan colocando seu cartão na mão estendida de Kaio.
Kaio colocou o cartão sobre a mesa, levou Renan até a saída, ficou na porta encarando os três carros, notou que eram guarda-costas do político, quando eles partiram, voltou para dentro do escritório. Franciele que nunca havia visto um mafioso, ansiosa e preocupada perguntou:
— É um cliente?
— De jeito nenhum.
— Ele é um bandido, não é? — questionou Franciele curiosa, já tinha lido matérias duvidosas sobre a índole de Renan.
— Por que acha isso?
— A pose de quem tem tudo de mão beijada, o que ele queria com o senhor?
— Não se preocupe Franciele, aliás vamos para minha sala preciso de ajuda para montar a defesa de Sandro e que a solicitação para o pagamento da fiança fique disponível para o mesmo dia.
Franciele se prontificou, admirava Kaio, ela é estudante de advocacia, por ser pobre não poderia ter só uma jornada de estagiária, por isso Kaio a contratou como recepcionista e estagiária, assim conseguia dar um salário mais gratificante.
Vicente passou a investigar o que teria acontecido no endereço em que Sandro deu a pista, chegou ao caso de assassinato que não estava direcionado a sua delegacia, ele mostrou o caso para seus agentes, e Odete perguntou:
— Está dizendo que Sandro matou o bancário Domenico, os seguranças e a governanta?
— A pista não foi sobre ele — discordou Alisson — Foi sobre Renan.
— Sandro foi preso por rachadinha em carro roubado na primeira vez, a relatos que ele é rápido como um foguete.
— Para matar um rico antes da polícia chegar, é preciso sair depressa — concluiu Nilton.
— Sandro havia parado com roubos de carros depois que fortaleceu sua oficina, continuou sendo popular no bairro por causa da oficina, mas alguma coisa o atraiu para Renan — comentou Vicente olhando para seu time.
— Uma alta quantia em dinheiro e o carro, é como um viciado, dá o que ele quer que ele faz o que for preciso — comentou Odete.
— Quando ele foi preso, era notável o arrependimento — comentou Nilton.
— Sim, ele sabe que se foi pego, Renan vai pensar que pode ser dedurado, ele deve correr perigo na cadeia ou quando sair... — comentou Vicente batendo os dedos levemente na mesa — Renan tem o costume de apagar qualquer pessoa que indique perigo, já foram mais de 42 mortos tentando achar algo contra esse maldito.
— Então Sandro vai morrer em breve? — questionou Odete intrigada.
— Vamos torcer para que não, ele me parece inteligente, mas uma tentativa de assassinato pode acontecer assim que ele sair da cadeira, nós vamos estar por perto, nós vamos trazer ele para o nosso lado e assim, quem sabe, finalmente, emboscar o maior criminoso de São Paulo — planejou Vicente ansioso para que a liberdade de Sandro logo cantasse — Também quero que fiquem de olho, na filha do morto, Heloise, o relato dela foi de quem também busca resposta do assassino do pai.
— Acha que ela pode se colocar em perigo? — perguntou Odete olhando para a foto da jovem adulta.
— Sim.
A cadeia não assustava Sandro por ele ser popular, havia conhecidos lá dentro, não demorou para se enturmar, até mesmo, fez uma tatuagem, uma tatuagem de carro no antebraço, embora fosse adorável com seu carisma, alguns não podiam se aproximar. No penúltimo dia de sua prisão, um homem havia um recado para ele:
— Sandro, é bom que saiba aproveitar sua liberdade, sabe o que acontece com dedo-duro.
— Gabriel — reconheceu Sandro, por um tempo estudaram na mesma escola na adolescência, Gabriel era 3 anos mais velho — Eu sei bem das regras, as ditei por muito tempo.
— Vai voltar para sua aposentadoria de merda?
— A ideia é essa.
— Se eu fosse você, penava igual a sua família.
— Não sou o tipo de cara que foge do diabo, além do mais não devo nada.
— Uma vez a alma vendida, não pode mais ter ela de volta.
— É por isso que está aqui?
Gabriel deu de ombro, não podia conversar muito tempo com Sandro ou seu grupo poderia desconfiar de algo, rápido ele se retirou da quadra e até seus amigos.
Natanael deixou o trabalho como prometido para Catherine, mas o trabalho não o deixou, no Brasil seu pai tinha proposto que ele fizesse uma reunião exatamente no horário da audiência de soltura de Sandro. Ele ficou pensando sobre a reunião e sobre ter que estar com Catherine, ainda no avião tomou sua decisão:
— Amor?
— Sim? — perguntou Catherine fechando o seu livro para prestar total atenção em Natanael.
— Você quer ir buscar Sandro sozinha, certo?
— Nós já tivemos essa conversa, você não se sente seguro em eu ir buscar ele sozinha, está tudo bem em você vir junto — ela disse cansada dessa conversa.
— Não quero sufocar você, repensei que ainda mais agora está gravida evitar estresse será bom, minha condição é somente que você vá com um dos meus carros.
— Não vai me vigiar de perto, mas de longe — concluiu Catherine com leve sorriso de satisfação, se reaveria Sandro depois de 2 anos distante, gostaria que fosse sozinha, sem nenhum clima tenso — Eu aceito essa condição.
— E também, fique com o celular ligado.
— Eu vou dirigir.
— Conecta seu celular no carplay, assim posso falar com você a qualquer momento no rádio.
— Desse jeito vou achar mais fácil você ir — ela disse rindo.
Natanael deu um leve sorriso de lado, passou o braço ao redor do ombro de Catherine e beijou sua testa. Ao chegarem em São Paulo – SP, Natanael foi para o seu antigo apartamento, e avisou:
— O Ford Ka deve estar meio empoeirado, mas dá para o gasto.
— Ou eu poderia ir com o Sandero?
— Carro esportivo, devo ter medo que você aposte uma corrida? — ele perguntou entregando a chave do carro para ela.
— Ele é grande, sabe que eu gosto de carros grandes.
— Tá bem, volta antes do jantar?
— Sim.
Catherine somente deixou suas malas, no quarto, o beijou e se retirou, o carro realmente estar um pouco empoeirado, ela parou em um posto para abastecer e depois seguiu para o tribunal, ela encontrou com Kaio, que a recebeu com um abraço, ela retribuiu e comentou:
— Está vestindo um traje fino, direito tem feito bem para você, está bem bonito.
— Esse é o terno da vitória, tenho a coleção completa dele — Kaio se exibiu com um sorriso confiante — A audiência será rápida, por isso não estranhe, a juíza só vai informar o valor da fiança.
— Perfeito.
— Natanael não quis vir com você?
— Não, digamos que ele não é fã do Sandro.
— É compreensível, Natanael é um bad boy nerd, mas Sandro é um ladrão de carrões, é mais emocionante.
— Está sendo cruel, mas meu coração e o meu ventre são todos de Natan.
— Seu ventre? — perguntou Kaio a vendo passar a mão na barriga — Você está grávida?
— Sim — respondeu Catherine animada.
— Oh meu Deus! Eu realmente preciso ganhar mais dinheiro, como padrinho da Talitha meu dinheiro já tem uma parte comprometida, agora com mais um ou uma sobrinha a caminho...
— Não deve se preocupar com isso, mas quero que mime meu filho igual a ela — riu Catherine olhando para o relógio.
— Bom está no horário, vamos entrar, só fique sentada em algum banco que logo te entrego o boleto para pagar na tesouraria.
Catherine o obedeceu, sentou no último banco, não prestou atenção no que a juíza dizia para Kaio, mas prestou atenção em uma moça alta, do corpo escultural, pele negra, cabelos longos e lisos, parecia ter sido esculpida pelos anjos, aquela mulher prestava atenção em cada detalhe da juíza e de Kaio, suspeitou que poderia ser uma nova namorada de Sandro.
Heloise notou que estava sendo observada, discretamente olhou para trás e seus olhos se depararam com olhos azuis de Catherine, e ficou curiosa, como Sandro poderia pagar um advogado tão sucedido, atenta percebeu que Kaio levou para a loura os papeis da fiança.
Catherine parou de encarar a morena, olhou para Kaio e prestou atenção na orientação:
— É só pagar, me trazer de volta, que a juíza dá a ordem de soltura.
— Está bem.
Catherine saiu da sala, foi até a tesouraria, mas na volta, no corredor estava Heloise, sem aguentar a curiosidade, a questionou:
— Você o conhece?
— Do que está falando? — perguntou Heloise surpresa, para uma mulher de baixa estatura até que Catherine tinha atitude, julgou.
— Estou falando que vi você na sala de audiência.
— Ah, desculpe, eu sou advogada só estava assistindo a juíza — Heloise mentiu.
— Entendi, com licença — pediu Catherine que não acreditou totalmente na história e foi até Kaio.
Ao entregar os papeis, a juíza deu a ordem de soltura e Kaio perguntou:
— Quer companhia para buscar Sandro?
— Não precisa, já fez demais por mim.
— Você me pagou por isso.
— Eu só vou buscar ele, depois nós marcarmos algo com Roberta, André e Iasmin para darmos a notícia.
— Eu vou cobrar — ele disse piscando e a acompanhou até o estacionamento, onde se despediram.
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Atualizado até capítulo 124
Comments
Tablet Sogra
Hum, vamos ver até quando Sandro fica sem uma encrenca.
2023-11-25
1
Thayza Santana
foi bem rápida a audiência mesmo
2023-05-26
2