Patrícia
Estava num lindo campo de flores, o cheiro maravilhoso de rosas, invadia as minhas narinas, a leve brisa tocava a minha pele... fechei os olhos sentindo uma sensação ótima, senti uma paz invadir o meu ser, uma quentura aquecer o meu coração. Se sonhava, não queria acordar, nunca na minha vida, senti uma sensação tão boa quanto essa. De repente, o meu coração acelerou fortemente, ao abrir os olhos, não estava mais naquele campo, mas sim, em um quarto todo branco, cheia de aparelhos... provavelmente um hospital. O meu corpo estava dolorido, foi quando recordei do que havia acontecido... alguns flashs invadiam a minha mente.
Inclinei um pouco a cabeça para o lado, constatei vó Efa sentada numa cadeira, dormindo. Os meus olhos ainda estavam pesados, pisquei algumas vezes, tentando manter-me acordada. A minha voz parecia não querer sair. Foi quando, passei a mão na minha barriga, que um desespero dominou o meu ser… o meu bebê. Onde está o meu bebê?!
Patrícia: Vó... vó Efa! — disse alto, domada pelo desespero e angústia.
Acordou assustada e rapidamente veio até mim, parou ao meu lado.
Josefa: Graças a Deus acordou, minha filha! Estava desesperada!
Patrícia: Onde... Onde está... está o meu bebê? — perguntei com a voz falha e embargada pelo choro.
Josefa: Fica calma, minha querida! Vou chamar o médico!
A velha senhora, saiu apressada do quarto, deixando eu ainda mais preocupada... preocupada não, apavorada. Voltou acompanhada de um médico e uma enfermeira.
Patrícia: Onde está o meu filho?!
Ambos se entre olharam.
Médico: Se lembra do que aconteceu, Patrícia?! — perguntou examinando os meus olhos.
Patrícia: Sim!
Médico: Está sentindo os movimentos do seu corpo?
Patrícia: Sim! Por favor, doutor... me responde, onde está o meu filho?!
Médico: Patrícia, precisa ser forte nesse momento... é um grande milagre ainda estar viva, depois da gravidade do acidente! Sinto muito, em ser o portador dessa notícia..., mas, o seu bebê não resistiu, tentamos fazer um parto prematuro, mas já era tarde demais!
Senti o meu coração ser esmagado, o ar faltar dos meus pulmões... a minha cabeça rodava, as palavras do médico começaram a ecoar na minha cabeça..., as únicas palavras que ficaram gravadas, foi de que o meu filho não resistiu... de que o pequeno e indefeso ser, que se formará dentro de mim, se foi. Mais um que me deixou... Porque a vida tende a ser tão injusta, tão cruel comigo?!
Patrícia: Não posso..., não consigo acreditar nisso! — disse entre soluços. — Eu quero morrer... quero ir com o meu filho..., com a minha mãe!
Ali naquele quarto, desisti da minha vida. Não fazia sentido prosseguir, não tinha mais nenhum motivo para continuar.
Josefa: Não diga uma coisa dessas, minha filha... nasceu de novo!
Patrícia: Para que? Pra sofrer ainda mais... Eu não aguento mais isso! Essa é a minha sina... eu não quero mais viver! — disse desesperada.
Comecei a chorar, debater-me na cama, a angústia parecia que faria o meu coração explodir a qualquer momento. Dona Josefa, pedia calma, mas não conseguia, o médico pediu ajuda da enfermeira, que me segurou e aplicaram algo no soro... a minha visão foi ficando turva, adormeci a soluçar.
Ao amanhecer...
Acordei, pedindo que tudo não passasse de um pesadelo, que ao abrir os olhos e acariciar a minha barriga, sentiria o meu filho aqui, mas ao fazer isso, percebi que realmente estava a viver um pesadelo... que nada foi um sonho, ou uma mentira. A dor voltou, com as lágrimas que persistiam em cair dos meus olhos. Não conseguia entender, qual o próposito de passar por tanta dor, por tantos sofrimentos.
Josefa: Bom dia, minha filha! -disse a acariciar os meus cabelos.
Patrícia: Nunca mais terei um bom dia, vó Efa!
Josefa: Não diga isso! Se esta aqui entre nós, depois do que aconteceu, é porque tem um propósito... nada acontece por um acaso!
Olhei com mais clareza para aquele quarto, era muito chique para ser público.
Patrícia: Onde estamos? Que hospital é esse?
Josefa: Os donos da lanchonete em que estava, saindo..., te socorreram, a trouxeram para um hospital particular, para ter todo o cuidado necessário! São excelentes pessoas, diariamente passam por aqui, para saber como está! Ou ligam...
Patrícia: Não me recordo de nada com clareza... tudo são flashs! O carro batendo, a dor ao colidir no chão e depois tudo é apenas escuridão!
Josefa: O rapaz do carro, estava alcoolizado! Perdeu o controle da direção, invadiu a calçada em que estava te atingindo...,ele foi preso... esse casal imediatamente chamou o socorro, quando viram meu número salvo no seu celular, ligaram... desde então tenho ficado aqui...
Patrícia: Obrigada pelo carinho, vó Efa! Mas confesso, que não tenho mais forças para lutar... o vazio aqui dentro é muito grande!
Josefa: Sei que não é fácil, imagino o que esteja sentindo... afinal, tive a minha filha arrancada dos meus braços, ainda bebê, mas a vida está lhe dando uma nova chance!
Patrícia: Eu não consigo...
O médico entrou no quarto, examinou-me, fez algumas perguntas e começou a falar:
Médico: Patrícia, sei que não é fácil o que está passando, mas seu filho não seria uma criança saudável... fizeram a biopsia e constaram que ele tinha uma doença no coração, chamada cardiopatia congénita! Essa é uma doença, formada com um conjunto de malformações na estrutura ou na função do coração, que surge durante o desenvolvimento fetal!
Patrícia: Isso é impossível, tenho todos os ultrassons... os médicos diziam que ele estava saudável e forte!
Medico: Não sei que tipos de médicos eram, mas tenho aqui em mãos, o resultado da autopsia!
Patrícia: Agora não importa mais... já não o tenho mais aqui comigo!
Josefa: Talvez ele iria sofrer muito, por isso tudo aconteceu!
Mesmo sabendo de tal possibilidade, o meu coração ainda está destruído.
Não quis comer, pois estava totalmente sem apetite. As dores no meu corpo, foram embora, a única dor que era insuportável, era a que eu sentia no meu coração.
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Atualizado até capítulo 132
Comments
Ilnete
eu li uma história que a personagem tinha essa doença, é uma doença que faz a pessoa sofrer muito pelo o autora narrou
2025-03-29
1
Joselma Maria
Deus sabe de todas as coisas 🙏
2025-01-27
1
Joane Miranda
É nada acontece por a caso,o bebê iria sofrer,pois iria nascer com mal formação e ela não iria ter condições financeiras pra cuidar dele,como eu disse deus sabe o que faz.
2024-12-31
3