Um herói improvável

Assim que carro de Rodrigo fica fora de vista Helena liga para Carla enquanto caminha de volta para a entrada do prédio.

📱Carla: Amiga onde você tá? Fiquei super preocupada ta tudo bem?

📱Helena: Fiquei presa numa reunião com um eer… professor. Te conto tudo quando chegar.

📱Carla: Tá, mas como você vai voltar essa hora da noite? O metrô ta funcionando?

📱Helena: Não, o último é de 22h. Eu vou dar um jeito.

📱Carla: Amiga, chama um carro. Não tem condições de andar na rua sozinha uma hora dessas.

📱Helena: Não tenho o que fazer amiga, é isso ou vão me expulsar no primeiro dia. Vou te mandar minha localização. Cuida da Bia até eu chegar.

📱Carla: Ta, toma cuidado por favor.

Helena desliga o telefone e calcula o tempo que vai levar para chegar em casa, aproximadamente uma hora e meia. Moleza, ela consegue. E segue rezando para não encontrar nenhum tarado no caminho.

...—...

Rodrigo estava prestes a entrar na rodovia quando percebeu que esqueceu o celular no escritório da faculdade. Fez um retorno e voltou por um outro caminho, viu ao longe uma silhueta caminhando sozinha, provavelmente uma prostituta começando a noite de trabalho. Se ele não tivesse um gosto tão peculiar até poderia parar para ela na volta.

Mais perto um pouco ele vê quando três homens se aproximam dela e começam a importuná-la. Ele tem nojo de homens assim, ela já está fazendo o trabalho dela seus imbecís. Respira fundo para não passar com o carro em cima de todos. Até que ele passa o carro ao lado dos 4 e fica chocado.

Rodrigo: Mas que merd…

Faz um retorno totalmente ilegal em alta velocidade e desce do carro gritando:

Rodrigo: Deixem ela em paz!

Cara número 1: Mas nós chegamos primeiro playboyzinho. Arranja outra.

Helena solta um som sufocado e se recosta na parede mais próxima aterrorizada.

Rodrigo foi possuído por uma raiva anormal por toda aquela situação. O que ela estava fazendo sozinha ali? Por que não aceitou a carona dele e resolveu ir à pé essa hora? Provavelmente o namoradinho não veio buscá-la, irresponsável… e esses três, aah esses três iam pagar só por tentarem fazer qualquer coisa com qualquer mulher que fosse.

Rodrigo dá um gancho de direita no cara que falou com ele primeiro. Rapidamente se aproxima do segundo cara e acerta uma joelhada na sua virilha, que cai gemendo de dor. O terceiro avança para cima dele mas ele se abaixa e o gira jogando-o ni chão e chutando suas costelas.

Ele não vai dar tempo para que eles se recuperem do choque, segura a mão de Helena e a puxa para o carro colocando ela no banco do passageiro e entrando no do motorista em seguida.

Ele quer sair dali o mais rápido possível e é oq faz pisando fundo no acelerador ainda cego de raiva. E com mais raiva ainda por Helena não ter falo um pio, nem para agradecer. Ele desacelera o suficiente para dar uma olhada nela e exigir uma explicação mas toda sua raiva se transforma em preocupação quando vê a expressão dela.

Se ela estava apavorada antes não era nada como agora. Seus lábios estavam roxo, sua pele branca, e ela se agarrava ao banco de olhos fechados como se sua vida dependesse disso. Longe do lugar que ele a encontrou, estaciona o carro na lateral de uma rua e desliga o motor.

Rodrigo: [Virando-se para ela] Ei, tudo bem já passou.

Ele segura sua mão que está gelada e dura agarrada ao banco, tentando confortá-la com suas palavras.

Rodrigo: Vai ficar tudo bem, você está segura agora.

Ela abre os olhos, estão apavorados, cheios de um terror que ele nunca pensou ser capaz de ver em alguém.

Instintivamente ele a abraça apoiando sua cabeça em seu ombro e tenta alcamá-la enquanto ela desaba em um choro soluçante e desesperado. Lá se vai outro terno pensa Rodrigo.

Passado algum tempo ela fala alguma coisa que ele não entende.

Rodrigo: Desculpe?

Helena: [Se afastando] Me desculpa por isso senhor.

Rodrigo: Não precisa me chamar de senhor, Rodrigo está bom, e por quê diabos você estava andando sozinha essa hora d da a noite? Por que seu namorado não veio lhe buscar?

Ela o olha confusa.

Rodrigo: Hora se ele te fez ir andando uma hora dessas deve ser um partidão.

Helena: [Confusa] Mas de quem você tá falando?

Rodrigo: [Irritado] Você não chamou seu namorado para te buscar?

Helena: Eu não tenho namorado.

Rodrigo: Ah! Então quem você chamou?

Helena: [Mordendo o lábio e baixando a cabeça] Na verdade ninguém.

Rodrigo: [Furioso] E por quê não me deixou dar a carona garota? Tem tanta antipatia assim por mim? Sabe o que poderia ter acontecido se eu não…

Helena: [Interrompendo-o com lágrimas nos olhos] Eu sei! E agradeço a ajuda. É que…

Rodrigo: É que o quê?

Helena: [Baixinho] Eu tenho pavor de carros.

Rodrigo: [Sem acreditar] Você o quê?

Helena: [Mais alto dessa vez] Tenho pavor de carros e transportes em geral.

Rodrigo começa a rir, a princípio baixinho, mas logo seu corpo todo está tremendo com a gargalhadas.

Helena: [Se sentindo uma idiota] Eu vou embora. [Se virando para sair do carro]

Rodrigo: [Voltando a ficar sério e a segurando pelo braço] Você não vai a lugar nenhum, já esqueceu do que aconteceu?

Helena: Mas eu…

Rodrigo: Tem pavor de carros eu sei, mas andar essa hora da noite não é uma opção. Você confia em mim?

Helena: …Eu acabei de te conhecer.

Rodrigo: [Revirando os olhos] Eu sei, e nesse curto período de tempo já passamos por tanta coisa não é mesmo?

Helena: [Olhando intensamente para ele] Tudo bem, confio em você.

Ele se incline sobre ela que se assusta um pouco e puxa o sinto de segurança. Ela sente o cheiro de seu perfume amadeirado e se pega pensando de que apesar dele ser bem arrogante e carrancudo ela realmente confia nele.

Ele liga o motor e ela já sente o medo se apoderando dela.

Helena: Rodrigo, eu não sei se vou conseguir fazer isso.

Rodrigo: [Surpreso por ela ter chamado ele pelo nome] Calma, eu sei que pode ser assustador, mas estou aqui para ajudá-la. Vamos juntos nessa.

Helena: Eu sei, mas eu simplesmente não consigo. Eu sinto como se algo ruim fosse acontecer.

Rodrigo: Tudo bem, eu entendo. Mas olha só para fora da janela, veja como a lua está linda hoje.

Helena: É verdade, a lua está incrível. Mas, ainda assim, eu não consigo relaxar.

Rodrigo: Tudo bem, então vamos tentar outra coisa. Que tal colocarmos uma música e cantarmos juntos?

Helena: Hmm, pode ser uma boa ideia. Qual música você sugere?

Rodrigo: Que tal “Bohemia Rapsody” do Queen?

Helena: E desde quando essa música é animada?

Rodrigo: Desde sempre, tem uma batida legal.

Helena: Você nunca prestou atenção à letra né?

Rodrigo: Eu sou o maior fã do Queen, pode acreditar, coloca uma música deles aí para você ver se eu não sei cantar.

Ela mal percebeu, mas enquanto conversavam ele já estava dirigindo, e ela percebeu que ele alesar do tom descontraído ele estava super concentrado em dirigir e nem desviava o olhar. Ela se sentiu imensamente grata por ele e focou em se distrair. Colocou a música e o seu endereço no gps, um pouco com dificuldade, mas conseguiu.

E eles seguiram viagem conversando sobre música durante todo o caminho enquanto Helena olhava para todo lugar menos para o caminho que seguiam.

Chegaram na casa dela e ele estaciona bem em frente. Apesar da viagem tranquila Helena ficou agarrada ao ao banco o tempo todo e seus dedos estão doloridos depois de 25 minutos na mesma posição.

Helena: [Se virando para Rodrigo] Muito obrigada, de verdade. Faz 4 anos que eu não conseguia entrar em um carro, e apesar de não ter sido fácil, você me ajudou muito.

Rodrigo: [Surpreso com a sinceridade em sua voz] Disponha. Boa noite Helena.

Helena: [Saindo do carro] Boa noite Rodrigo.

Rodrigo: [Abaixando o vidro do carro] E Helena, da próxima vez que precisar é só me chamar, gostei de ser seu motorista particular. [E sai sem esperar pela resposta]

Rodrigo: [Para si mesmo] “…gostei de ser seu motorista particular”? Onde que eu tô com a cabeça?

...—...

Haveria uma próxima vez? O coração de Helena deus uns saltinhos de alegria só de pensar.

Helena: [Falando para si mesma] Você ta ficando doida? Foi só gentileza dele. Vamos entrar que já está bem tarde.

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