Estava uma manhã ensolarada, desci para tomar café e conversar com minha avó, porque na noite anterior nem nos falamos direito, pois depois de arrumar minhas roupas e meus pertences de higiene pessoal, acabei adormecendo e minha avó, como sempre, ficou com pena de me acordar.
- Me passa a geleia, minha querida. - pediu tia Marta gentilmente, apontando para o pote de vidro branco com a geleia de morango que somente minha avó sabia fazer.
Depois de entregar o acompanhamento para ela, sorri e questionei
- Ficaremos só nós quatro aqui?
Suzy olha para mim enquanto mastiga sua bisnaga e da uma leve gargalhada.
- Que foi? Tá com medo? - me perguntou ela com sarcasmo.
Embora cresci ouvindo histórias sobre que o sítio da minha avó era assombrado depois das três da manhã, eu não estava com medo ou nada do tipo.
Ok. Em uma época eu até tinha um medinho, mas já passou.
- Medo? - indaguei olhando para ela. - Eu não tenho medo de nada.
- Aee! - ela exclamou repentinamente.
Eu olhei confusa e achando ela uma patética.
- Vector? Meu malvado favorito? - deduziu, assimilando nossas falas.
Mas como ela é besta.
- Você tá muito séria, fedida. - Suzy disse.
- Pois é, parece que quem vai fazer dezoito anos sou eu. - olhei para ela com deboche.
Suzy ia fazer dezoito anos daqui a quatro meses, mas parecia que ia fazer oito.
Sua maturidade com assuntos sérios era inigualável. Ria em momentos sérios, fazia piadas sem graças mas, acima de tudo, era feliz.
O que mais admiro nela é isso.
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Depois do café, fui até a sala conversar com a minha avó enquanto ela bordava um de seus tecidos, sentada no sofá.
— Como foi a escola, querida? — ela perguntou querendo puxar assunto.
Eu me lembrei de boa parte da última semana.
Prova de história, trabalho de ciências, avaliação de inglês e a maldita briga com Joana que manchou o meu boletim.
Mas creio que falar disso não vai agregar em nada, apenas me irritar.
— Teve bastante provas essa semana. — ressaltei.
Ela olhou para mim e sorriu com os seus óculos na ponta do seu nariz.
— E como anda o seu coraçãozinho, já tem dono? — lançou a pergunta me tirando até o último ar.
— Não, vó. Nem penso em namorar agora, pretendo focar nos meus estudos. — afirmei.
Ela balançou a cabeça lentamente e voltou a bordar.
- Ta certíssima, meu bem. Se você pegasse barriga atrasaria todos os seus sonhos.
O "pegar barriga" da minha avó, significa a gravidez.
Lógico que mesmo que eu namorasse, não consigo me imaginar fazendo essas "coisas".
Tenho dezesseis anos e o máximo que fiz foi perder o bv aos treze anos num joguinho de "verdade ou consequência". E pior, beijei um menino que eu nem gostava.
- Pode deixar vó, a última coisa do mundo que eu quero é um filho para me atrapalhar. - disse plenamente.
Ela assentiu com a cabeça e mudamos de assunto.
Conversamos por quase uma hora sobre a escola, nossa família, o quanto eu estava me curando da anemia e o como minha avó sofre querendo comer doce e não podendo por causa das diabetes dela.
Depois Suzy chegou e se sentou conosco para papear.
- Podíamos da uma volta por aqui amanhã, o que acha? - Suzy sugeriu para que fossemos caminhar nos arredores do sítio.
Minha vó não curtiu muito a ideia porque acreditava que fosse perigoso para duas meninas andar por aí sem destino.
- Melhor não meninas. - disse ela preocupada.
- relaxa dona Maria, eu cuido da Lívia. - Suzy falou com sua testa franzida num ar duvidoso.
- No caso eu vou cuidar de você, né? - zombei
Ela me deu uma leve cotovelada e fez um sinal de silêncio com a mão.
- Então vó, deixa por favor, aqui e tão entendiante.
Suzy insistiu tanto.Tanto. Mais tanto, que minha avó se deu por vencida e autorizou.
- Mas só até a frente das árvores, ouviram? - ela impôs intercalando seus olhos entre eu e minha irmã.
- Claro. - Suzy falou.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Roeienne Pereira Vieira
Será a. onde tá esse amigo 🤔🤔🤔🤔🤣🤣🤣🤣🤣
2024-07-23
1
Claudia
Essa foi longe Pegar Barriga🤭🤭🤭🤭🤭♾🧿
2023-03-08
2