IV

^^^Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. — 1 João 4:8^^^

^^^Florianópolis, 21 de maio de 2020.^^^

^^^Giovanna Rinaldi^^^

Caminho com Lorenzo até a edícula que fica bem afastada da casa principal, Mariam mora aqui e eu quando criança já passei várias noites com ela aqui, Mariam era minha babá e hoje ela ocupa o papel de governanta da casa, e eu a considero mais do que uma babá, Mariam é uma mãe para mim, uma pena ela não estar aqui hoje.

— O que houve? Você está diferente, Antonella te falou algo?

— Falou, mas acredito que isso não seja da minha conta, mas a maneira que ela falou me incomodou muito.

— O que ela disse? Estava demorando para ela fazer alguma coisa e acabar com o meu dia.

— Quem é Saulo Ferreira? — Quando ouvi aquele nome saindo da boca de Lorenzo, meu corpo inteiro se arrepiou.

— Não é ninguém. — disse com a voz trêmula.

— Tem certeza? Porque ele me disse que é muito importante em sua vida. — sua fala tinha um quê de sarcasmo, eu não tenho ideia do que Saulo disse para ele.

— Ele está aqui? O que ele está fazendo aqui? — perguntei assustada, mas ele pareceu não perceber.

— Não sei, me diga você o que o seu ex — namorado está fazendo aqui. — agora havia raiva em sua voz.

— Lorenzo, ele não é meu ex, esse cretino não é nada meu, nunca foi e nunca será e se ele está aqui isso significa que ele descumpriu a medida protetiva, meu pai prometeu que isso não aconteceria. — disse e senti a raiva me dominar.

— O que? Medida protetiva? Por que? O que Antonella tem a ver com isso? — ele está nervoso.

— É sempre ela! É pedir demais que ela fosse minha mãe, pelo menos uma vez na vida? Mas parece que quanto mais infeliz eu estiver, melhor ela fica. — digo sentindo um aperto no peito.

— Eu não estou entendendo. O que realmente houve entre vocês dois? Que negócio é esse de medida protetiva? — pergunta preocupado, parece que ele percebeu que algo grave aconteceu.

Eu respirei fundo e decidi contar o que realmente aconteceu porque se Antonella foi capaz de colocar aquele ser aqui dentro, eu não sei do que mais ela é capaz.

— Em 2013, eu estava com 16 anos, era festa de comemoração de natal da empresa do meu pai, Conceito Rinaldi, já que estava relativamente perto das festas natalinas, a empresa parou durante duas semanas para a comemoração das festividades, Saulo tinha 21 anos na época, ele era, ou melhor, ainda é, um mauricinho mimado que tem tudo na hora que quer e comigo não foi diferente, Antonella me mandou ir até à sala do meu pai para buscar algo que eu não me recordo agora e, quando cheguei lá para pegar aquele negócio, levei um susto ao ver o Saulo, perguntei o que ele estava fazendo ali, já que era proibido a entrada de qualquer pessoa que não fosse meus pais ou meus irmãos, e então ele me disse: "— Estou aqui para cuidar de você lindinha." Você não sabe como eu me senti ao ouvir aquilo, foi algo totalmente psicótico, mas tentei não demonstrar medo e sair dali o mais rápido possível, só que antes que eu pudesse pensar em algo, ele me agarrou e me beijou à força, tentei me soltar de todas as maneiras possíveis até que eu vi um objeto na mesa do meu pai, eu por sorte consegui pegar e taquei na cabeça dele, o impacto foi grande que ele até desmaiou. Eu saí correndo desesperada e chorando muito e quando meu pai me viu assim veio quase que voando até mim, eu lhe contei tudo que havia acontecido, ele ficou louco e foi atrás do Saulo a fim de matá-lo e só não fez isso porque o pai dele implorou muito, meu pai chamou a polícia e em poucas horas ele foi preso e eu consegui uma medida protetiva contra ele, mas no dia seguinte ele pagou a fiança e foi solto. Meu pai fez tudo que podia para tirar ele do país e conseguiu, ele não deveria voltar nunca, mas resolveu aparecer logo hoje. — A cada lembrança daquela noite mais lágrimas iam caindo pelo rosto, eu não confesso isso para ninguém, mas eu sou tão quebrada por dentro que eu acabei aceitando essa loucura de casamento pelo meu pai e para ficar longe da Antonella.

— E eu achando que a minha vida fosse uma loucura, sinto muito por ter feito você se lembrar disso. — ele me abraçou, me aconcheguei em seus braços.

— Não sei porque Antonella me odeia tanto, eu tive sorte de crescer cheia de amor por parte da Mariam, do meu pai, meus irmãos, as gêmeas, mas o amor de uma mãe faz falta. — respondi depois de um tempo em silêncio.

— Com o tempo você irá descobrir o porquê disso tudo, se tem uma coisa que nunca fica escondida por muito tempo é a verdade.

— Obrigada por me dar forças e dizer essas palavras bonitas, estou até mais calma, mas agora eu só quero aproveitar essa festa o máximo que eu puder. — falo sorrindo, ele me retribuiu um dos sorrisos mais lindos que já vi.

— Justo, vamos voltar para a festa então?

— Vamos sim!

Curtimos a festa com os nossos convidados felizes da vida, quando voltamos da edícula eu não vi o Saulo em lugar algum daquele imenso jardim e soube depois por Ana que ele tinha sido expulso pelo meu pai, fiquei imensamente feliz. A festa durou até ao amanhecer, eu nem lembro como cheguei ao meu quarto, deitada na minha amada cama, pronta para dormir o resto do dia. Não demorou para pegar no sono e quando o fiz, dormi tranquilamente sem me preocupar com o amanhã e tampouco com o mundo lá fora.

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