Após toda aquela discussão, Jonathan disse que não faria mal nenhum à jovem Arianna, claro que o mesmo estava mentindo. Com o passar dos anos vivendo como vampiro e com seus irmãos, ele aprendeu a esconder suas verdadeiras intenções. Seu plano seria cortejá-la até o momento exato em que pudesse conseguir o que desejava.
O Vilarejo dos humanos tinha uma taberna a qual não era bem frequentada, quer dizer, lá dentro se encontra apenas os piores estirpes da raça humana. Diferente da vila onde as bruxas moram, todas se reuniam ao redor de uma fogueira, cantavam e contavam histórias sobre seus antepassados, pessoas simples e sem poderes eram bem vindas a se juntar ao redor daquela fogueira, diferente da taberna onde apenas os homens podiam entrar. E ali dentro ao fundo em uma mesa mal iluminada estava a figura encapuzada de William Snazan levando uma caneca de cerveja aos lábios enquanto olhava furtivamente para a porta de entrada.
— Sua familia será um problema? — A voz grave de Will cortou o ambiente no segundo em que uma segunda figura se juntou a ele na mesa.
— Pode deixar que sei lidar com eles. — Jonathan Crawford apenas estendeu o indicador e logo uma caneca de madeira cheia de cerveja foi trazida à mesa.
— E quanto às barreiras? Sabe que se manter as barreiras de pé não irei conseguir fazer o que me pediu. — Ele bebeu a cerveja tentando disfarçar a careta, afinal não era aquela bebida que ele desejava no momento.
Will riu enquanto analisava a feição do vampiro, jogando duas moedas sobre a mesa ele se levantou com um sorriso ladino.
— Não se preocupe, elas irão cair. Apenas trate de fazer a sua parte. — Willi parecia sombrio naquela noite e quando começou a caminhar para longe da mesa a voz de Jonathan ainda se fazia presente.
— Como um pai pode condenar a própria filha para a morte? — Ele apenas virou o pescoço vendo os passos do mais velho cessar, sem virar o rosto para responder Will apenas sibilou as palavras que ele sabia muito bem que seriam ouvidas.
— Ela nasceu com o poder que almejo, logo ela não é a minha filha. — Ele voltou a caminhar passando pela porta e desaparecendo na escuridão, havia um sacrifício para fazer logo que o sol despontasse no céu.
(...)
O sacrifício correu como deveria ser, uma menina chorando de puro desespero, gritando por sua mãe, enquanto os anciãos e o líder do clã Snazan iam proferindo palavras de um encantamento antigo sobre uma adaga de prata. Arianna estava na fileira atrás deles, as mulheres não podiam se aproximar do círculo onde os homens estavam, com um capuz cobrindo seu rosto ela deixava uma lágrima escorrer, sentia a dor da criança que gritava com medo, em seu interior a revolta se formava assim como a raiva e o ódio, mas como sua mãe mesma falava: " Arianna minha querida, você é boa demais para deixar sentimentos negativos lhe tomar."
Uma mão foi colocada em seu ombro a deixando mais tranquila, ela não precisava se virar para saber que era sua mãe, Freya sentia a dor que todas as mulheres do clã que teve seus filhos sacrificados poderia sentir, em silêncio ela agradecia por sua filha ainda estar viva e enquanto ela vivesse ela manteria sua preciosa filha em segurança. Não demorou muito tempo e os gritos acabaram, quando os olhos de Arianna se voltaram para o círculo a criança estava serena, de olhos fechados e com o punhal cravado em seu coração. Ao fundo uma mulher chorava sendo amparada por outras. Quando tudo terminou, a caminhada para casa começou.
Arianna caminhava em silêncio, ainda com o rosto oculto pelo capuz, o céu estava limpo e a lua cheia iluminava a floresta.
— Temos o poder de bilhões de bruxas... E ainda sim nós sujeitamos a isso. — Sua voz era fraca e rouca, realmente as mulheres do clã Zartovick eram poderosas, a jovem tentava entender como um clã igual a de seu pai podia subjugá-las a ponto de esquecer até dos ancestrais poderosos que naquelas terras viveram. Foi quando a sua mente lhe trouxe a memória de seu pai, usando uma magia estranha nunca vista antes, com ingredientes exóticos como por exemplo, orelha humana, olhos de lobisomem dentre outras coisas.
Não adiantava ela reclamar, pelo jeito as coisas nunca mudariam.
(...)
Os dias seguiram e logo se viraram meses, a família Crawford estava mais presente em tudo que acontecia na vila dos humanos e Jonathan por sua vez se aproximou mais e mais da jovem Zartovick. Quem os visse podia até dizer que eram um casal, pelo menos na cabeça de Arianna eles eram. Sempre sobre a vigilância severa de Albert e Meredith, os dois caminhavam livremente e Jonathan por sua vez até juras de amor fazia para a ruiva.
As bruxas sob ordem de William haviam removido as barreiras de proteção e até passaram a conviver com os vampiros que ali estavam.
— Não gosto desse rapaz que se aproximou de nossa filha... — A voz de Freya soava grave enquanto Will estava sentado na varanda olhando fixamente para um ponto qualquer.
— Daqui três dias é lua cheia, e nenhuma criança sifão foi revelada…— O homem mudava de assunto enquanto sua esposa se colocava a sua frente com o semblante sério.
William e Freya, pessoas diferentes com objetivos totalmente diferentes, Freya havia aceitado se casar com ele para que seu clã não sofresse penalidades. Com a chegada do clã Snazan, os ancestrais que tinham ligação com as bruxas se calaram, os espíritos da natureza as tinham a abandonado, a única magia a qual tinham acesso eram as que nasciam em seu sangue, com isso feitiços simples eram fáceis de realizar, no entanto, feitiços de proteção, controle de clima ou até mesmo feitiços de ligações eram mais complicados, pois o clã não estava com força total. Quando Arianna nasceu, sua avó reuniu as seis anciãs mais poderosas do clã, e revelou o segredo da criança à elas e a forma como deveriam fazer para proteger sua próxima líder. Então contando com Freya mais sete pessoas sabiam a verdade, então após o nascimento metade da magia do Clã era destinada à jovem Arianna e a outra metade as bruxas usavam como bem entendessem. Tal segredo nunca foi revelado, e por mais que a Arianna soubesse de fato que é um sifão, ela acreditava apenas que sua mãe drenava de sua própria magia para sustentar a verdade que a Arianna era uma bruxa completa, ou como seu pai chamava: uma bruxa pura.
— Isso não é bom? Nunca tivemos um sifão aqui até a chegada de vocês.... Se parar de nascer mais, logo terão que partir, não é mesmo?! — Quando percebeu Freya já havia soltado as palavras, por isso se assustou com o pulo que William deu e se colocou à sua frente, segurando o queixo da mesma com certa brutalidade.
— Se não te conhecesse diria que deseja se ver longe de seu marido... Estamos casados a muito tempo, não é mesmo querida. — William sorriu maliciosamente, enquanto depositava um beijo nos lábios de Freya que o olhava com nojo.
— Não pense que me engana, sei que se casou apenas para salvar essas.... Bruxas... — sua voz saiu com certo desdém. Freya recuou alguns passos e limpou seus lábios.
— Tem razão, me casei para salvar a minha família. Essas bruxas a qual se refere... Aliás, bruxas essas que geraram sua geração de homens para os Snazan, a qual o meu filho está. — O céu mostrava um belo pôr sol quando Freya entrou para casa, suspirando. Sua filha Grace havia retornado segurando uma cesta de frutas nas mãos. Freya depositou um beijo na testa de sua filha e foi para o quarto.
A união daqueles dois estava condenada, havia muito mais feridas causadas por William, um exemplo era a forma como ele arrancou o recém nascido Benjamin dos braços de Freya duas horas depois do parto, depois disso as constantes brigas e a forma brutal como ele a obrigava ter relações sexuais para assim gerar herdeiros. Sim, aquele casamento estava condenado, Freya se apegava unicamente ao seu amor por seus filhos.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
ATPLine 🗝🧚🏼♀️
respira, inspira, não surta... estamos apenas no começo... respira, se colocar veneno na sua comida ninguém ia perceber
2023-08-22
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ATPLine 🗝🧚🏼♀️
ela quer vc longe mesmo...
2023-08-22
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ATPLine 🗝🧚🏼♀️
mas esse Jonathan vai ter que trabalhar muito na sua redenção viu... owwww ranço viu...
2023-08-22
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