• DIAS ATUAIS •
A minha vida tem melhorado bastante de uns meses pra cá. Juliano não tem me explorado sem controle algum, mas não parou de sair de casa e voltar tarde. Aliás, ele piorou nesse quesito.
Claro, o mesmo contratou novas funcionárias e agora eu já não preciso andar para lá e para cá o dia inteiro para deixar a casa em ordem. Na verdade, por agora, eu leio um livro, estudo um pouco pois sempre gostei de estudar e de me manter informada. Até descanso mais.
Entretanto, descobri que Juliano tem me traído. Eu vi no celular dele algumas mensagens suspeitas, isso antes de ele o bloquear com senha e reconhecimento facial. Também vi lingeries novas e brinquedos sexuais - novos - que ele comprou e que com certeza não são para mim, pois, sempre fui uma mulher reservada e nunca gostei muito de usar esse tipo de coisa, não me sinto confortável.
A calcinha que era conjunto com o sutiã vermelho, tinha acoplado à ela as chamadas bolinhas tailandesas. Aquilo me dilacerou por dentro, mas depois eu agradeci e torci internamente para que ele me deixasse em paz de uma vez por todas e pedisse o divórcio.
Hoje, há uma festa com os mesmos rapazes que já vêm trabalhando com ele há um tempo. Eu não queria ir, mas Juliano insistiu e aqui estou eu. Escolhi um vestido preto, não só porque é a minha cor favorita, mas porque representa o que eu venho sentindo por estar casada com um homem que não me respeita.
Fiz algumas ondas no cabelo e uma leve maquiagem. Não consegui cobrir a cicatriz em minha bochecha, pois se fizesse isso, precisaria usar muita base e ficaria estranho.
Eu preciso aceitar essa marca, pois agora ela faz parte de mim. Decidi que não vou mais tentar esconder ela, se Juliano não gosta, que recorra às suas amantes perfeitas e me deixe em paz. — Já está pronta? — perguntou Juliano ao sair do banheiro, organizando a sua gravata.
Já faz muito tempo que não o vejo tão bonito assim. Mesmo que tente negar, meu marido pode ser um homem muito vistoso, mas uma pena que é cafajeste. E isso eu não admito, mas não é como se eu pudesse fazer alguma coisa.
— Sim, estou. — respondi, o olhando brevemente, lhe dando as costas para dar uns últimos ajustes em meu cabelo. Ao observá-lo através do espelho, percebi que ele não demorou muito tempo encarando-me mas suspirou audivelmente, como se estivesse insatisfeito com alguma coisa. E talvez eu saiba exatamente o que é. — O que foi?
— Não conseguiu cobrir... Isso — apontou com o olhar, de uma forma desgostosa, para o meu rosto — com maquiagem? — mesmo que eu tenha prometido para mim mesma que não iria dar muita bola para o que quer que Juliano falasse a respeito da minha cicatriz, eu não deixei de sentir meu coração ficar pequenininho mediante o jeito que ele me abordou para perguntar sobre isso.
Foi como se ele tivesse... Nojo de mim.
— Não, Juliano. Eu não consegui. — respondi, seca — Se não quiser que eu vá, avise logo.
— Vamos logo, Melissa. Sem drama. — e então caminhamos juntos até a saída, mas não o toquei em nenhum momento.
Logo quando chegamos perto do carro, percebi que quem nos levaria seria Kevin. — Boa noite, senhores. — ele disse formalmente, olhando diretamente para mim e eu precisei me segurar para não desmaiar, por causa da intensidade dessa ação dele.
Pelo tempo que pude observá-lo, percebo que é um homem muito bonito (o que seria impossível não se perceber), centrado e reservado. Acho muito atraente a forma como ele trinca o maxilar enquanto está fazendo alguma obrigação sua, mas sempre tento não ficar o olhando tanto para não dar ideia e acabar tendo pensamentos... Errados a respeito dele.
— Boa noite, Kevin. Nos leve para o Rosa Rosarum. — pediu curto e grosso e entrou no carro.
O motorista abriu a porta para mim e ficou me encarando até que eu entrasse. Engoli a seco e fiz isso, sentindo minhas entranhas estremecerem.
Quando me acomodei, estava ofegante, o coração batendo rápido. Mas o que está acontecendo? Ele é só o motorista do meu marido, não tem porquê eu me comportar desse jeito. E se ele perceber? Pior, e se o Juliano perceber?
Preciso me controlar.
Seguimos até o nosso destino em um silêncio desconfortável. Sinto um cheiro de menta exalar de Kevin, como se ele estivesse mascando um chiclete, somado ao seu perfume amadeirado, um cheiro delicioso que nunca senti em Juliano.
Tudo isso contribui para deixar esse homem ainda mais belo, e eu estou nervosa por isso, mas satisfeita por ele não ser o meu motorista.
Juliano não olhou para mim durante todo o percurso, mas eu tentei não me importar tanto com nada disso.
Ao chegarmos, Kevin abriu a porta novamente para mim, enquanto Juliano saía pelo outro lado. — Senhora... — ele disse devagar, estendendo a mão para me ajudar a sair. Percebo que seu sotaque também é pesado e me pergunto o que aconteceu pro meu marido encontrar tantos estrangeiros que precisavam de um emprego aqui.
Segurei a mão de Kevin e saí do carro com cuidado para não acabar tropeçando no vestido. — Obrigada, Kevin. — eu disse e o olhei, o mesmo só sorriu e acenou, sem nada dizer.
Juliano veio para perto de mim e eu entrelacei meu braço no dele. — Só sorria para as pessoas e fale quando vierem falar com você. Poucas palavras, seja objetiva e curta. Você não precisa manter diálogos longos com ninguém. Estamos aqui a negócios. — ele alertou enquanto caminhávamos até a porta, e eu só concordei com a cabeça, não falei nada.
Ao entrarmos, percebi que as mulheres que estão por aqui se vestem da mesma forma que eu e isso me deixou mais aliviada. Estava com medo de ter me vestido de maneira formal demais para essa "festa", mas não errei e agradeço por isso. Caso contrário, seria mais uma pauta para Juliano falar mal de mim pelos cotovelos, e já estou cansada dessa situação.
Nossa presença foi rapidamente notada, e não demorou muito para que alguns casais viessem nos cumprimentar. E eu nem precisei falar nada, só sorrir, pois as mulheres que aqui estão são as mais antipáticas que existem. Talvez isso, ou elas só receberam a mesma ordem que eu. — Buenas noches, Juliano. Muy bueno verte aquí hoy. — um homem muito mais velho que ele falou, sério, mas seu tom ainda é bem receptivo. — Mas creio que podemos dispensar as cordialidades. Viemos aqui a negócios e, por favor, pode me acompanhar? — perguntou olhando diretamente para o meu marido.
Este me largou e olhou para mim brevemente, voltando a encarar o homem. — Eu já volto, Melissa. Fica por aí e não some. — e então, saiu caminhando junto ao seu "colega".
Suspirei irritada e olhei em volta, me perguntando o que eu deveria fazer. Pra quê vim? Para servir de planta, só pode ser isso. Juliano está brincando com a minha cara.
Me dirigi ao bar e peguei uma taça de tequila, tomando um pouco do líquido, gostando do sabor.
Tomei uma, duas, três, quatro taças e já me sentia mais alegre. Olhei em volta e vi Kevin parado um pouco mais ao longe. Pisquei algumas vezes e cambaleei um pouco mais para o lado, me surpreendendo pela imagem dele não sumir, o que pode significar que... Ele realmente está ali?
Virei as costas e tomei o resto da minha bebida, passando as mãos pelo rosto, organizando meus cabelos. Olhei em volta, percebendo o pessoal distraído em conversas, com qualquer coisa e isso me animou. Às vezes temo que as pessoas fiquem observando a minha cicatriz e eu me torne motivo de piada por isso.
Até que senti uma mão em meu ombro, e senti meu corpo inteiro tensionar.
O perfume... O perfume não é nada parecido com o do meu marido.
— Não acha que já bebeu demais, Melissa? — a voz grossa de Kevin entrou por meu canal auditivo e me arrepiou dos pés à cabeça.
— Eu... Ah...
— Venha, vou te levar pra casa. — e deslizou a mão por minhas costas, me guiando até a saída. Mas eu resisti um pouco
— Eu não estou bêbada, Kevin! — determinei, parando de caminhar — E meu marido pediu para eu ficar aqui, e- — aos poucos, fui sentindo minha visão ficar turva e precisei me apoiar nele para me manter em pé.
Olhei para o seu rosto, sua barba bem-feita, seus olhos tão sedutores... Pisquei novamente, diversas vezes e tentei falar alguma coisa, mas nada saiu. E eu me permiti desmaiar nos braços do motorista do meu marido.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Maria Sena
Eita tô sentindo que isso vai dar B.0
Eu sei como funciona o efeito da bebida, Experiência própria, e em algumas ocasiões não é legal, principalmente se bebemos pra esquecer algo. Aí mesmo que lembramos. 😄😄😄😄😄😄😏😏
2024-08-19
0
Cris Ferreira 🖤
🖤aí que vontade de desmaiar kkkkkkk
2023-12-16
3
Cris Ferreira 🖤
🖤 não te julgo kkkkkkkkk pq eu teria mil pensamentos errado com esse homem lindo
2023-12-16
0