Três dias depois
16 de Junho de 2020 - Hope
Terça-feira
Depois de passar o domingo e segunda fazendo as malas, hoje é o dia de eu e as meninas irmos pra Morganstown. Como nossos pais não vão até dia 1° de setembro, ou seja, primeiro dia de aula na escola nova, vamos ficar na casa da minha tia Freya e ela vai ficar responsável por praticamente tudo que nos diz respeito até nossos pais chegarem.
Como minha mãe iria mandar minhas coisas que não fossem comigo depois por um caminhão de mudanças, eu só estava levando comigo literalmente o essencial, roupas, sapatos, etc. Estava levando comigo também a última coisa que meu pai me deu de presente: um colar de prata, com um pingente de lua e um coração com uma safira enfeitiçada pra mudar de cor de acordo com minhas emoções.
Depois de algumas horas de voo chegamos em Morganstown, e ao chegarmos no aeroporto vi minha tia parada esperando por nós, corri até ela e a abracei, afinal, já tinha anos que não a via pessoalmente. As gêmeas fizeram o mesmo, apesar de não sermos parentes, é como se fôssemos irmãs de tão próximas que somos, então elas chamam minha tias de tia também, e nenhuma das duas ligam pra isso.
Ela se separou do nosso abraço e disse:
Freya: Que saudades de vocês minhas meninas. Como estão? Além do fato de não terem querido vir pra cá.
Fiz uma careta de tristeza e frustração e disse:
Hope: Mamãe te disse não é?
Ela sorriu e balançou a cabeça confirmando, me fazendo soltar um suspiro de tristeza, então eu disse:
Hope: Sinto muito tia Freya, mas você sabe como Nova Orleans é importante pra mim.
Freya: Eu sei querida, não fiquei chateada por isso.
Ela me abraçou de novo e, então fomos pra casa dela. Era uma casa bem grande e chique, nunca tinha pensado que a tia Freya iria morar numa casa assim, ela é mais simples, quem gosta desse tipo de coisa extravagante é a tia Rebbekah, mas fazer o quê né.
Entramos na casa, porém, pra minha surpresa, tristeza e raiva, antes da tia Freya fechar a porta senti um cheiro que, infeliz e ironicamente me foi muito familiar, apesar de eu o ter sentindo mais especificamente só duas vezes, o cheiro do Percy. Também senti o cheiro de mais 4 lobos, 2 homens e 2 garotas, mas não liguei muito, nem tentei me virar pra me certificar de que era realmente ele. Não quero ter que lidar com nada disso por enquanto.
Depois que a minha tia fechou a porta, ela nos levou até os quartos que iríamos ficar e, depois de deixarmos as malas, ela nos levou em um tour pela casa, nos mostrando tudo. Depois de vermos a casa toda eu e as garotas subimos pra arrumarmos nossas coisas, e, quando terminamos, tomamos banho, fomos jantar, e formos dormir, afinal o dia foi bem longo e cansativo.
Três dias depois
16 de Junho de 2020
Sexta-feira
Acordei hoje mais cedo do que o normal. Quando olhei pela janela ainda estava escuro. Quando chegamos aqui, eu criei o hábito de deixar as cortinas abertas e acordar assim que o primeiro raio de sol tocasse meu rosto. Tem sido ótimo, e como a tia Freya tem uma mini academia aqui, eu voltei a fazer exercícios todos os dias depois de acordar, como eu e a tia Rebbekah fazíamos quando ela me treinava. Também tenho treinado luta com a tia Freya e as gêmeas.
Ainda não saímos de casa, e já tem três dias que estamos aqui. Meu quarto tem a vista pra floresta do outro lado da rua, e me sinto como se estivesse num livro de suspense, só esperando algo acontecer, mas até hoje nada. Talvez eu só esteja com um pressentimento ruim quanto a floresta. Acho que nem quer dizer nada com a matilha de lobos que ali vivem, é como se eu sentisse a floresta pedir ajuda, como se algo ou alguém a estivesse prejudicando.
Depois que terminei de vestir minha roupa pra me exercitar, simplesmente me deu vontade de abrir a janela, e, assim que abri, senti um cheiro estranho, como se fosse veneno, mas estava com um cheiro específico mas, como estava bem distante não consegui decifrar o que era.
Depois de revirar todas as memórias de ervas e plantas que nós bruxas usamos, e não são poucas pois usamos todas as plantas que existem.
Decidi ignorar isso por enquanto e então fui pra academia da casa. Depois de 1 hora fazendo exercícios físicos, a tia Freya, assim como as gêmeas, chegaram e treinamos luta. Depois de mais 2 horas treinando luta, nós paramos e fomos tomar banho antes do almoço.
Assim que entrei no meu quarto, fui direto tomar um banho frio e me vestir. Quando saí do closet me deu novamente uma vontade inexplicável de abrir a janela, e, inconscientemente fui até lá, a abri e, de novo, senti aquele cheiro floral que senti mais cedo. Tenho certeza que sei qual é a flor que tem esse cheiro, mas não consigo me lembrar qual é, e pelo fato de estar longe e vindo da floresta, fica meio difícil sentir somente o cheiro da flor.
Tenho que descobrir o que é esse cheiro, se não vou enlouquecer. Quando olhei pra baixo, na beira da floresta, tinha um lobo totalmente negro me olhando como se estivesse tentando falar comigo, mas eu fechei os olhos com força, e quando abri de novo, ele tinha sumido. Fechei a janela e fui pra sala esperar o almoço.
Ao anoitecer a tia Freya saiu, e ficou só eu e as meninas conversando, então resolvi falar pra elas sobre a vontade estranha de abrir a janela e sobre o cheiro de flor. Depois que eu contei pra elas a Josi disse:
Josi: Isso é realmente muito estranho, já pensou em fazer uma projeção astral pra descobrir o que é?
Ela tinha razão, e é claro que eu não pensei nisso.
Hope: Na verdade, realmente eu não pensei em uma projeção astral. Mas pra eu conseguir fazer uma, eu teria que pelo menos saber onde eu quero ir na floresta, se não, não vai adiantar nada e vou ficar perdida de qualquer forma. Mas eu tenho certeza que já senti aquele perfume, e também tenho certeza de que não é nada bom.
Elas ficam espantadas e perguntam o porquê de eu ter essa certeza, mas simplesmente dou de ombros como quem não sabe explicar e dou boa noite a elas indo pro meu quarto.
Ao entrar, me sento no sofá de janela da minha janela e fiquei olhando a lua cheia brilhando, e, do nada comecei a pensar no Percy. Tenho certeza que o lobo que eu vi hoje era ele, mas o que ele queria comigo? Será que era pra falar de novo sobre eu ajudar a alcateia dele? Ou seria outra coisa?
Estava com tantas perguntas na cabeça que não percebi o mesmo lobo de mais cedo se aproximando da orla da floresta e ficar ali, parado me olhando. Só o vi quando escutei uma voz estranha falando na minha cabeça:
Voz: Sei que tem muitas perguntas. Eu posso responder a maioria delas. Mas tem que ser na floresta, você está disposta?
Quando o olhei nos olhos, foi aí que eu percebi que realmente era o Percy, então eu disse:
Hope: Não quero sua ajuda, e já disse que não posso e não vou ajudar você. Então me deixa em paz.
Ele me olhou meio triste e foi embora. Fui me deitar e pouco tempo depois eu peguei no sono.
Sonhei que estava na floresta, mas eu parecia estar bem longe de casa. A parte da floresta em que eu estava era escura, fria, com árvores enormes e suas copas tão juntas que não passava luz do sol por elas. Parecia até meio sombria, e negra, como se algo realmente ruim morasse ali.
Fui andando mais pra frente e me deparei com uma clareira, surgida do nada, e o chão estava cheio de flores azuis que eu tive uma sensação de que já tinha visto, e o cheiro delas era o mesmo que eu tinha sentido mais cedo. Fui chegando perto delas, ainda sem reconhecer, e, quando toquei em uma delas ela me queimou tão fundo e tão rápido que não deu tempo nem de gritar de dor, minha voz só saiu quando eu soltei a flor. Foi aí que eu reconheci: acônito ou mata-lobos, a única coisa que pode realmente machucar um lobo e que não deixa que ele se cure facilmente. E tinha um campo cheio delas, como se fosse pra combater um exército.
Escutei vozes se aproximando e, na hora que eu me virei, vi dezenas de caçadores, pareciam realmente um exército. Então estava explicado a quantidade de acônito, eles vão atacar todos os lobos.
Quando eles chegaram mais perto eu acordei assustada e com muita dor na mão, então não foi um sonho, foi praticamente uma "experiência fora do corpo", como se sua alma saísse do seu corpo, mas tudo que acontece com ela afeta seu corpo físico.
Olhei pra minha mão e estava muito queimada, mas, por incrível que pareça, a primeira coisa que me veio na cabeça foi: "eu tenho que falar com o Percy. Isso é pior do que qualquer um poderia pensar". Mas a questão era: como vou fazer pra falar com ele sem ter que andar a esmo pela floresta?
Mal concluí meu pensamento e ouvi uma voz na minha cabeça, a voz dele:
Percy: Hope? O que aconteceu? Você está bem?
Nem pensei em nada mais, só saí correndo do meu quarto e saí pela porta da frente, e quando o vi de pé na orla da floresta, fui correndo até ele e me joguei em seus braços. Não sei o que se passou na minha cabeça, mas só queria estar perto dele, sentir seu coração bater pra ter certeza de que ele estava vivo e bem.
Ele me abraçou com força e, um tempo depois, me soltou e se afastou um pouco pra me olhar nos olhos e disse:
Percy: O que aconteceu? Você está bem? Por que e como me chamou aqui?
Eu olhei pra ele meio confusa e disse:
Hope: Eu te chamei? Como? Mas respondendo suas perguntas, estou teoricamente bem. Tive um sonho agora a pouco, não foi exatamente um sonho, mas o mais importante é que todos corremos perigo.
Expliquei pra ele a experiência fora do corpo, como isso funciona e o que eu vi na floresta. Só não contei que me machuquei. E tinha uma coisa me incomodando: como assim eu o chamei?
Quando terminei de falar, ele me olhava estranho, como se não acreditasse em mim, então ele disse:
Percy: Você se machucou? Eu estava andando pela floresta e senti uma dor insuportável na mão, mas não tinha nada. E agora você me chamou e me fez vir até aqui, só tem uma explicação pra isso.
O olhei curiosa mas ele continuou calado, como se não fosse falar nada até saber que eu estava bem. Suspirei meio irritada e levantei a mão esquerda, que estava muito queimada pelo acônito.
Ele olhou pra minha mão espantado, pegou no meu pulso com delicadeza e virou minha mão como se estivesse inspecionando, tocou um dos meus dedos com mais delicadeza ainda tentando não me machucar e tudo o que eu queria era que aquilo se curasse logo.
Enquanto estava olhando minha mão queimada, ela começou a curar rapidamente, o que eu não entendi muito bem, por que esse tipo de queimadura não cura normalmente e sempre demora meses. Olhei pro Percy totalmente espantada e disse:
Hope: Como fez isso?
Ele balançou a cabeça negando mas sorria como se tivesse acabado de ganhar um prêmio e falou:
Percy: Não fui eu, foi você. Com seus poderes de peeira. Pelo jeito eu estava certo. Agora você está ligada à mim, como isso aconteceu, eu não sei. Mas o fato de eu ter conseguido falar com você telepaticamente, você ter conseguido me chamar e trazer até aqui e o fato de eu ter sentindo a dor que você sentiu, só pode ser isso.
Devo dizer que isso me chocou muito mais do que eu pensei que chocaria. Eu fiquei completamente atordoada e tentando entender como isso aconteceu, mas como eu não descobri o que era, resolvi o perguntar.
Hope: Como isso aconteceu? Como é possível?
Ele deu de ombros como quem não sabia e disse:
Percy: Isso eu realmente não sei, Hope. Você deve ter criado um feitiço de ligação inconscientemente enquanto pensava que precisava falar comigo. Mais cedo você só abriu a mente pra mim, por isso consegui falar com você. Mas agora eu realmente não tenho ideia.
Balancei a cabeça afirmando ainda num transe e não disse mais nada, só fiquei olhando o chão e pensando várias coisas ao mesmo tempo e nem lembrava que estava com um pijama minúsculo até que ele disse:
Percy: Você não deveria ter colocado um hobby ou um roupão?
Ele me olhou de cima à baixo mordendo o lábio inferior, e me deu uma súbita vontade de beijá-lo, e foi o que eu fiz. Não sei de onde saiu isso, mas o beijei com muita vontade, como se eu precisasse disso pra viver. Ele rapidamente retribuiu o beijo e subiu as mãos por meus braços até meu rosto, que ele segurou e aprofundou o beijo pedindo passagem com a língua, que eu obviamente concedi. Ele foi passando uma das mãos pelo meu corpo enquanto a outra ele colocou na minha nuca, me fazendo arrepiar completamente, como eu adoro isso.
A mão que ele estava passando no meu corpo foi parar na minha cintura e ele apertou me fazendo soltar um suspiro de excitação no meio do beijo e senti ele dar um meio sorriso antes de voltar a me beijar. Ele continuou passando a mão pelo meu corpo e parou na minha bunda que ele apertou com força, me arrancando um gemido e me deixando doida.
Pra não ficar pra trás, eu coloquei uma das minhas mãos em seu cabelo e puxei um pouco e ele suspirou também, então, não contente eu fui descendo a outra mão por seu abdômen, passei por debaixo da camisa dele, e arranhei suas costas, e ouvi ele gemer me fazendo sorrir.
Ele parou de me beijar um pouco por falta de ar, se abaixou um pouco mais e começou a beijar meu pescoço o que me fez o arranhar mais ainda. Ele foi beijando meu pescoço até a clavícula e foi subindo até minha boca de novo.
Depois do que pareceu horas ele parou de me beijar pra pegarmos fôlego, me abraçou passando os braços pela minha cintura me puxando pra mais perto dele e fazendo com que eu ficasse na ponta dos pés e passasse os braços em volta de seu pescoço. Ficamos um bom tempo assim, abraçados, até que ele falou, ainda sem me soltar:
Percy: Eu tenho que voltar, os outros vão ficar preocupados e virão atrás de mim. Estávamos numa patrulha da região, mas agora que sei onde procurar algo, vamos achar.
Eu o apertei um pouco mais e disse:
Hope: Por favor tome cuidado, você e os outros. Não quero que nada aconteça com ninguém.
Ele retribuiu meu aperto e, depois de um tempinho me soltou, me deu um selinho bem demorado e foi embora, eu entrei em casa ainda tentando saber o que tinha acontecido comigo pra agir desse jeito, deve ser a ligação. Normalmente, quando um lobo fica ligado a outro, mesmo que seja por um feitiço, essa ligação age como se fosse um "cupido", e faz com que esses lobos se apaixonem, mesmo que se odeiem.
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Atualizado até capítulo 28
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