13 de Junho de 2020 - Hope
Sábado
Depois de ter conversado com a minha mãe hoje de manhã, me tranquei no meu quarto e fiquei pensando no que ela disse e no que eu deixaria pra trás. Sei que não tenho muita opção além de ir com ela, ainda sou menor de idade e, também, não quero me separar da minha mãe.
Fiquei tanto tempo no quarto que nem vi as horas passando, só olhei pro relógio na cabeceira da cama quando alguém bateu na minha porta. Como estava trancada eu fui abrir, e eram as gêmeas já arrumadas e prontas pra irmos pra casa da Margot, mas estavam com o semblante sério assim como eu, e já não tinha vontade de sair de casa.
Elas entraram e a Josi perguntou:
Josi: Sua mãe já te contou também né?
Concordei com a cabeça e a Lilly disse:
Lilly: Não importa isso agora. Vamos pra casa da Margot e aproveitar bastante nossos últimos dias aqui. Temos que falar com ela também que vamos nos mudar, ela provavelmente vai dar uma festa de despedida pra gente. Mas está tudo bem. A gente pode voltar pra visitar né? Então, Hope vá se arrumar e nós vamos pra casa dela. E não adianta discutir, você vai e ponto final.
Revirei os olhos pra ela e fui me trocar. Coloquei um biquíni e um short por cima, avisei minha mãe onde estávamos indo e fomos pra casa da Margot no meu carro.
(Biquíni da Hope)
(Biquíni da Josi)
(Biquíni da Lilly)
Quando chegamos lá já estava todo mundo na área da piscina, e, como sempre, quando chegamos, a atenção de todos foram pra nós. As primeiras pessoas que eu vi foram a Margot e o Percy, que estavam conversando. Não liguei muito pra ele e fomos cumprimentar a Margot. Ela ao invés de ficar perto do primo veio até nós e nos abraçou como se não nos visse há anos, e disse:
Margot: Que bom que vieram meninas.
Sorrimos pra ela e a Josi falou:
Josi: Amiga temos que te falar uma coisa.
Eu a olhei a repreendendo e disse:
Hope: Jo! Tínhamos combinado de não falar hoje.
Margot: Agora estou curiosa meninas.
A Lilly suspirou e disse:
Lilly: Margot, nós vamos nos mudar.
Margot se espantou um pouco e disse:
Margot: O quê? Pra onde?
Hope: Virgínia.
Margot: Mas por quê?
Hope: Minha mãe foi promovida no trabalho e tem que estar lá.
Lilly/Josi: A nossa mãe também.
Ficou um clima pesado e meio triste por uns instantes até que o Percy chegou e disse:
Percy: Hope, podemos conversar?
Eu olhei pras gêmeas, que estavam olhando estranho pra ele e disse:
Hope: Claro.
Ele me puxou pra um canto da área gourmet, e disse:
Percy: Posso te fazer uma pergunta?
Olhei pra ele meio desconfiada e disse:
Hope: Pode, mas dependendo da pergunta não vou responder.
Percy: Por quê que, quando eu falei que um amigo tinha me ajudado a te encontrar, você se referiu ao Vincent?
Eu o olhei meio descrente, suspirei, dei de ombros e disse:
Hope: Tá, essa pergunta é justa. Eu tenho um feitiço de proteção que, quando alguém tenta, digamos que invadir, ele me avisa quem é a pessoa, me mostra o rosto da pessoa. E eu já conhecia o Vincent, e achei bem estranho ele me rastrear, mas dei um jeito de ele não conseguir muito mais do que já tinha conseguido.
Ele me olhou com uma sobrancelha erguida em uma expressão mista de incredulidade e admiração e disse:
Percy: Entendi. Ele me contou que sua família é a família original, é verdade?
Concordei com a cabeça e disse:
Hope: É verdade, mas eu tenho uma pergunta pra você. O que você tanto quer comigo? Por que fez o Vincent me localizar?
Percy: Foram duas perguntas.
O olhei com um pouco de raiva e disse:
Hope: Não te ensinaram a não brincar com uma bruxa? Isso não tem graça.
Ele me olhou com um pouco de medo e disse:
Percy: Okay, okay, desculpa. Há alguns anos atrás a vidente da minha alcateia, e, antes que você pergunte, sim, eu sou um alfa, enfim... A vidente da alcateia me revelou uma profecia que dizia que, aconteceria algumas coisas ruins com meus lobos e só uma peeira poderia ajudar. Por isso o Vince estava te localizando.
Eu ri de nervosismo e descrença e disse:
Hope: Eu não sou uma peeira. Sou uma bruxa comum.
Percy: Eu sei que você não é só uma bruxa comum. Vincent também me contou que você é uma tríbrida. Também é verdade?
Assim que ele disse isso minha raiva foi de 0 a 100 em segundos e eu, sem querer, quebrei um copo de vidro que estava atrás do Percy, mas pelo menos ninguém além dele viu o que aconteceu.
Hope: Mas que merda Vincent. Deixa eu adivinhar, eu, que sou uma peeira, e sim, eu sabia disso, mas enfim, você quer a minha ajuda pra salvar a sua matilha da profecia misteriosa do seu oráculo. É isso não é?
Percy: Tecnicamente ela não é um oráculo, ela é uma vidente, mas ainda assim ela é uma loba. Mas respondendo sua pergunta, sim, é isso mesmo.
Hope: Vou deixar bem claro pra você, não vai rolar. A última vez que eu usei meus poderes de peeira não funcionou muito bem. Não os uso desde então.
Digo lembrando do que tinha acontecido e ficando meio triste.
Percy: Olha, não sei o que aconteceu, mas sei explicar o porquê de não ter dado certo. Os poderes de peeira só funcionam quando tem ela tem uma ligação mágica, ou na linguagem das bruxas, um laço ou elo mágico que une a peeira a essa pessoa, no caso um lobo ou a uma alcateia. Se não existir o elo os poderes dela só funcionam até certo ponto.
Eu não sabia disso, quando era mais nova e soube que era peeira, eu comecei a pesquisar sobre isso, mas não foi muita coisa que eu achei, e depois do que aconteceu e o fato de eu não ter conseguido usar meus poderes, eu nunca mais quis saber disso, e parei de tentar usá-los.
Mas, pelo visto, ele sabe muita coisa sobre uma peeira, e, como estava curiosa perguntei:
Hope: Já que você sabe tudo sobre isso, como se cria esse elo mágico?
Ele olhou pra mim meio que zombando e disse:
Percy: Isso eu não posso responder. Se eu te contar, você provavelmente vai atrás do primeiro alfa que você conhece e vai criar o elo, porém devo dizer que esse alfa tem que estar numa alcateia, mesmo que ele ou ela não esteja no comando. Sei que isso soou muito egoísta, mas depois que a peeira estabelece o elo com uma alcateia, ela não pode desfazer esse elo, mesmo que todos estejam mortos. Esse elo é eterno. Ela pode sim, ajudar outros lobos de fora da alcateia, mas não pode ficar muito tempo longe de sua ligação, ou seja, o alfa da alcateia. E, como você é a última peeira, não posso deixar isso acontecer.
Quando ele disse isso, eu só pensei "droga", mas me segurei pra não dizer em voz alta, e, ao invés disso, falei:
Hope: Mas de onde você é? Daqui com certeza não é, nenhum lobo tem coragem ou vontade de sair do Bayou.
Ele deve ter achado que eu o ajudaria pois deu um sorriso meio triunfante e disse:
Percy: Sou de Morganstown, West Virgínia. Por que? Vai me ajudar?
Morganstown? Sério mesmo? Será que o destino quer me sacanear? Quais as probabilidades de eu ter que me mudar pro mesmo lugar que ele mora? Isso só pode ser brincadeira. Eu fiquei bem confusa e em choque com isso e disse, meio que pra mim mesma e bem baixinho:
Hope: Eu devo ser amaldiçoada, só pode.
Me virei pra ele e disse:
Hope: Olha, não sei não. Te conheci ontem, não confio em você. Não posso te ajudar, sinto muito.
Antes de me virar pra sair, senti o cheiro de um perfume inconfundível e que, infelizmente, eu conhecia bem. O Logan estava atrás de mim. Dessa vez eu não consegui aguentar e xinguei em voz alta:
Hope: Mas que porra, eu com certeza sou amaldiçoada, não tem condição.
Me virei pro Logan e disse com raiva:
Hope: O que você quer?
Ele me lançou um sorrizinho safado que eu não sei mais por que eu gostava e disse:
Logan: Não adianta se fingir de bravinha Hope. Sei que sente minha falta e, eu também sinto sua falta.
Isso foi o auge pra minha raiva, então eu disse:
Hope: Logan, só vou falar mais uma vez e bem devagar pra ver se você entende. Eu não vou voltar com você, se você chegar perto de mim de novo com esse papinho eu te afogo no Mississippi. Sai de perto de mim e se tentar alguma coisa igual ontem à noite, você já era. É o último aviso.
Saí de lá morrendo de raiva e fui pro quarto da Margot, sabendo que ela e as gêmeas iriam atrás de mim querendo saber o que aconteceu. Quando a porta abriu de novo eu estava tirando a blusa de cima do biquíni, e, como eu sabia que eram as meninas, nem liguei.
As 3 entraram eufóricas querendo saber o que aconteceu, então eu contei somente a parte em que o Percy me beijou ontem à noite e que ele queria falar comigo sobre isso, e também a briga com o Logan de novo, por que a Margot estava lá e ela não sabia que somos bruxas. Menti um pouquinho falando pra ela? Sim, mas foi pelo bem dela, depois eu conto pras gêmeas o que realmente aconteceu. Terminei de tirar a roupa e peguei uma saída de praia da Margot e descemos de novo, e novamente quando descemos as atenções foram todas pra nós 4. Nós, pelo menos eu, a Josi e a Lilly, nem ligamos, já a Margot ficou toda envergonhada e vermelha.
Passamos o resto da tarde comendo, bebendo, dançando e nos divertindo muito. Foi como se a Margot já soubesse que eu, a Josi e a Lilly fôssemos embora, pois foi como se fosse realmente a nossa despedida. Ao anoitecer todos foram pra casa e só ficou eu, a Margot, as gêmeas, o Percy, o Trevor e o Carlos conversando sobre tudo e sobre nada em particular. Fiz de tudo pra não pensar no fato de que vamos nos mudar pra mesma cidade que os garotos que estão sentados, nesse instante, na minha frente e no fato de que eu não quero ir embora. Eu nasci e fui criada aqui, não quero ter que deixar toda minha vida pra trás.
Quando já estava dando 22 horas eu e a gêmeas resolvemos ir embora, ao abraçar a Margot eu disse sussurrando em seu ouvido:
Hope: Não vamos voltar, então me promete que não vai fazer uma festa de despedida. A de hoje já foi perfeita.
Como ela ficou calada eu a apertei um pouco mais forte e disse de novo:
Hope: Me promete Margot.
Margot: Eu prometo. Vou sentir muita falta de vocês.
Me separei de seu abraço, sorri pra ela, me virei pros garotos e dei tchau pra eles saindo da casa da Margot. No caminho nós 3 fomos caladas o tempo todo, deixei as gêmeas em casa e fui embora.
Ao chegar na sala, minha mãe estava sentada no sofá, viu meu semblante triste e disse:
Sophie: Se despediu dela?
Balancei a cabeça confirmando e comecei a chorar, era a primeira vez que eu chorava desde a morte do meu pai. Me despedir da Margot foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, mesmo que a conheça há pouco mais de 1 ano, é como se nos conhecêssemos a vida toda.
Minha mãe se levantou do sofá e me abraçou, depois que eu me acalmei, fui pro meu quarto, tomei banho, me vesti e fui direto pra cama caindo imediatamente no sono.
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Atualizado até capítulo 28
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