— Senhor, chegamos — desperto com o chamado da comissária de bordo, finalmente cheguei, respiro fundo para me ajudar a acordar.
— Obrigada — a respondo ainda meio sonolento, mas pegando minha mala de mão para descer do avião.
Não tenho pressa para pegar minhas outras malas, afinal não tem ninguém me esperando, fiz questão de não avisar ninguém da minha chegada antecipada. Essa surpresa arranca um sorriso meu e percebo que tem pessoas me olhando, realmente estou em casa, somente aqui tenho essa atenção toda, sempre foi assim, tenho qualquer um ou qualquer uma, a minha disposição é só chamar.
Meu ego agradece toda essa atenção, mas estou realmente cansado e quero minha cama, vou em direção a saída e para meu espanto encontro meu pai parado na porta com uma feição de poucos amigos.
— O que pensou? — ele nem espera eu chegar perto para começar a brigar comigo.
— Também senti saudades pai — minha fala sai mais debochada do que eu queria e levo um tapa na nuca por isso — Isso dói.
— É para doer mesmo, quem sabe assim seu juízo retorna para o lugar — ele nos faz parar de andar e sorrindo me abraça forte — Estava com saudades também, seja bem-vindo de volta.
— É ótimo estar de volta, mas como descobriu que viria mais cedo?
— Estou de olho em você tem um tempo.
— Pai…
— Não se preocupe, são mudanças boas.
— Para quem?
— Para nós — meu olhar de descrença o fez gargalhar — Sua mãe e eu principalmente.
— O que está aprontando?
— Vamos para casa que explico, estou cansado de ficar te esperando aqui neste aeroporto.
— Na verdade, pai, gostaria de ir para meu apartamento…
— De forma alguma, estou proibido de voltar para casa sem você, depois você terá seu tempo com suas amiguinhas.
Esse comentário ácido dele me fez gargalhar e assim foi o caminho até a casa dos meus pais, aqui em Curitiba tenho meu próprio apartamento, mesmo morando fora a tanto tempo, foi um pedido que fiz e minha mãe tomou frente o mantendo sempre habitável.
Nem consigo entrar em casa e dona Beatrice já pula no meu pescoço me abraçando, não nego eu a abracei de volta a tirando do chão e a rodando no ar, minha mãe é considerada uma pessoa de altura alta, porém ainda, sim, é menor que nós.
— Saudade dona Beatrice — nem termino de falar e já levo um tapa no braço.
— Não abusa — ela se solta arrumando seu cabelo, tentando manter sua pose brava — E nem começa com esse costume novamente.
— Não vou mãe, falei apenas para te ver brava mesmo.
— Menino, você brinca com fogo — meu pai sai rindo nos deixando a sós.
— Mãe, ela resmunga “hum” abraçando meu braço enquanto vamos até a sala — Sabe o motivo de estar aqui? Ter que voltar?
— Sei, mas seu pai vai conversar com você, não se preocupe.
Estava com muita saudade dos dois, enquanto estudava fora aproveitei minhas boas amizades para abrir um negócio para nos render o sustento, não queríamos viver a custa dos nossos pais, mas com a exigência do meu pai com o meu retorno fui obrigado a me afastar das minhas responsabilidades e fiquei apenas como acionista.
Meu pai me olhava intensamente enquanto minha mãe me repreendia por não ter sossegado ainda e encontrado uma pessoa no mínimo decente para casar, ela me fala desde a adolescência que ainda vou me apaixonar por uma mulher que não vai me dar bola e que mesmo assim beijarei seus pés.
Meu pai apenas ria dessas suas “pragas” afinal foi exatamente isso que aconteceu com ele, Dona Beatrice o colocou na coleira onde ele permanece até hoje de bom grado. Mesmo com todas essas brincadeiras eles sempre torcer e me apoiaram em todas as minhas decisões, desde é claro que não sejam negativas essas, minha mãe intervém me mostrando todos os lados e consequências.
— Liam, vou direto ao ponto — meu pai volta a falar, após a longa bronca da minha mãe sobre meus sexos casuais — Vou me aposentar e quero que assuma o controle das empresas.
— Querido, acho que ele não esperava — minha mãe fala segurando o riso ao me ver completamente petrificado olhando para meu pai.
— Não, na verdade, não esperava mesmo mãe, não tão cedo — falo olhando atentamente para os dois — Existe algum motivo específico para isso?
— Sim, estou velho e quero curtir minha esposa enquanto ainda dou conta — escuto minha mãe soltar um grito com ele, mas consigo apenas rir e observar meu pai a abraçar.
— Isso é coisa para se dizer Vlad? Quer me matar de vergonha?
— Querida, seu filho é o maior galinha da família, acha mesmo que ele ficou constrangido?
— Eiiiiiiii, como assim galinha da família? — meu pai me olha segurando o riso me fazendo se arrepender da pergunta — Esquece não responda por favor, mas sei que essa informação tem algumas exigências junto.
— Sim, como passou muito tempo fora não está mais habituado à nossa rotina, então quero que você…
— Passe por todos os setores — completo a sua frase, o fazendo sorrir — Não vejo problema.
— Você diz isso agora — minha mãe pensa alto e depois nega com as mãos, fazendo meu pai rir.
— Você vem comigo para Londrina, irá ficar em um dos apartamentos perto do escritório onde vai vivenciar todos os setores e posições daquela filial.
— Por que Londrina?
— Tenho uns assuntos para resolver lá e, ao mesmo tempo, é um lugar novo para você.
— Posso escolher? O apartamento?
— Não, ele já foi providenciado.
— Ele pode escolher, sim, deixei algumas opções.
— O que me resta então?
— Passar conosco o final de semana e segunda cedo vão para Londrina — minha mãe fala já se levantando.
— Não vai conosco? — ela olha para meu pai em uma conversa muda e sorri saindo da sala sem me responder.
— Não de início — meu pai responde sorrindo à vela saindo.
(Liam Solutte)
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Ameles
convencido
2024-11-17
0
Sonally Araújo
O pai sabe o filho que tem😌
2023-09-24
4
Sonally Araújo
Eiitaaa 🥱 é só chamar😏😂
2023-09-24
2