O lançando um sorriso fino de felicidade, ela estava de verdade agradecida, tanto que não deixou de agradecê-lo mais uma vez, antes de deixar a sala, não vendo mais seu filho onde tinha deixado. Esperava que ele estivesse pedindo as desculpas que devia tanto para Paloma, quanto para Armando, agora mesmo. O que, de fato, o menino estava. No caso, ele estava recebendo bofetadas dos dois. E elas eram tão próprias quanto deviam ser.
— Você é maluco, Jorgito, maluco! — Paloma gritou, enfiando a mão nas costas do moleque, deixando um estalo forte ecoando no ar. Com certeza os dedos dela tinham se cravado numa enorme mancha vermelha em suas costas.
— Eu não sou maluco! Paloma! Ai! Sua unha! Aí! — Gritou, mas de fato estava merecendo aquilo, e sabia muito bem.
Armando ergueu a mão, se aproximando e enfiando na nuca de Erick, que se curvou, e continuou a lhe desferir golpes na nuca, e a puxar sua orelha. Mas o trio ficou em silêncio quando Jorgito não se ergueu, em vez disso, se ajoelhou no chão.
— A-Armando... ME PERDOA Armando! — Gritou a plenos pulmões, fazendo até alguns dos polícias que estavam próximos prestarem atenção no trio. — Eu não sou... Digno de perdão... Mas... Caraca! Muleque, eu me perdi, tá ligado. Eu sei que só faço trampo ruim, não presto nem para ser cria de mãe, eu não sou bom em... Nad-
— Realmente, Erick, você não é bom em nada! — Armando fungou tristonho enquanto se ajoelhava também no chão, ganhando de Paloma uma olhadela contrariada. — Por que você fez isso com a gente, Erick!? Eu fiquei assustado, eu fiquei tiltado, seu maluco de merda! Ai que ódio de você garoto, juro.
— Eu, eu só, eu só não sei... eu precisava ter algo, sentir alguma coisa, achei que não ia ser nada, eu queria a adrenalina da coisa, tanta gente faz e nunca dá errado, pensei que ia ser o mesmo comigo, não que isso justifique alguma droga.
— Realmente não justifica porra nenhuma, seu babaca! — Paloma o alfinetou sem pudor — da próxima irei quebrar seu braço antes da polícia chegar, onde já se viu roubar moradores seu porcaria!? Tem que roubar no mínimo do mínimo, os gringos, Jorgito.
— Paloma! — Arlet repreendeu a amiga em um grito, porém a mesma não deu bola.
— Ué é verdade. — falou ela casualmente para o espanto do loiro.
— Não, não é — Disse o loiro rápido — Você não tem que roubar ninguém, ninguém ouviu bem? — A frase foi dita enquanto Armando tinha suas mãos firmes no ombro de Jorgito.
Jorgito ficou relutante, ele e a Ackerman se entreolharam, no final concordavam com a mesma coisa. Mas desviaram seu olhar um do outro, era estranho depois de tudo. Paloma crispou os lábios, e Armando suspirou alto.
— Eu... — A boca de Erick tremeu, e ele agarrou os ombros de Armando. — Eu... Eu me aproximei de parças, tá ligado Armando!? Eu, eu tive momentos! Esse foi o meu pio' erro, irmão! Eu... Eu quero mudar... Por minha mãe que tá lá dentro com o poliça. — Erick curvou a cabeça. — Me ajuda, Armando! Eu juro que vou vender tudo pra padaria, pô, eu vendo até meu rim-
— Não precisamos de algo que não funciona direito. — Paloma alfinetou de novo, Armando a lançou um olhar mortal. Ela respirou fundo, não gostando nada do olhar de Alert e põe consequência descontou puxando os fios de cabelo de Erick. — Erick, é simples, venda tudo que você tem e mostre para a gente que você mudou. Apesar de tudo eu-
A garota calou a boca, limpando a garganta e Armando agarrou os ombros de Erick também.
— Irmão! Nós crescemos no mesmo lugar, e me doeu ver você indo pra outros papos, quero o Erick de volta. Você está realmente arrependido!?
— Sim!
— Fale mais alto!
— SIM!... EU ESTOU ARREPENDIDO! — Erick gritou, determinado.
— Então nunca mais faça isso. Vamos te ajudar a mudar. — Armando disse, seus olhos brilharam, e ele abraçou Erick, que retribuiu o abraço.
Aquilo foi simbólico, já que os dois cresceram juntos, e voltaram a estar juntos. Armando sempre quis que Erick voltasse, e se ele estivesse realmente arrependido, então o loiro teve a esperança que talvez recuperasse a amizade de antes.
Como se tivessem o mesmo pensamento, ambos viraram a cabeça para Paloma, Erick não queria admitir, porém quando olhou de baixo para cima a garota recordou-se de quão bela ela realmente era, quando seu olhar cruzou-se com o par escuros de olhos carvões dela ele sentiu alguma algo, um rodopiar novo que poderia desequilibrar fácil a estrutura de um prédio de primeira, droga! Como esqueceu-se de toda a beleza que a ex-emo possuía? Era tão burro!
— Bro... — Suspirou, mas ele logo caiu em si, quando Paloma puxou mais seu cabelo.
— Eu te ajudarei a mudar. — Concordou logo de uma vez, soltando os cabelos dele. Jorgito sorriu, mas se calou com as palavras dela. — Começando, lógico, pelo seu português deprimente, a cada duas palavras você assassina toda nossa língua.
— Tá de curtição com minhas fuças, Kasa? Tem nada torto com meu portuga não — Queixou-se fazendo um bico infantil. O ato acabou gerando uma revirada de olhos por parte da Ackerman e uma risada calma de Alert, tinha esquecido como os dois não se bicavam muito, um verdadeiro caso de opostos.
Finalmente as coisas pareciam estar caminhando para algum lugar realmente, ou quase aquilo, no fundo, tudo dependia de Jorgito e sua disposição a mudar e, cara ele não queira nunca mais em sua vida ver a mãe chorando e faria de tudo para que jamais voltasse a acontecer.
— Você parece um marginal falando, se bem que...
— Paloma! — Armando voltou a repreender a amiga que deu de ombros sorrindo satisfeita, gostava daquela sensação revigorante e tão satisfatória de ter sempre a última palavra e, para ser sincera, ela adorava o tempo em que implicava com Erick, a trazia de certo jeito boas lembranças… de uma infância um pouco menos truculenta, apesar de todos os problemas ainda existirem bem ao lado de fora, aguardando os dias que ela daria passos para fora de casa. Com um ar bastante nostálgico a preenchendo o peito, foi impossível um sorriso discreto não pendurar por seus lábios rosados, porém, este não era discreto o bastante para o olhar gatuno do Alert, o azul de seus olhos então acalmou-se com um brilho tranquilo.
Vendo a cena da porta da delegacia, Claudete parecia um pouco menos aflita, ao menos a postura tensa de seus ombros havia se relaxado um pouco, seu menino ainda podia estar ali, em algum lugar, ela só precisava se esforçar um pouco e puxá-lo para fora. E os antigos amigos de infância do Jorgito podiam ser uma peça chave para aquela busca.
— Ei, Mika, Armando, querem ir lá pra casa? — A senhora os perguntou dando passos até onde o trio estava parado, o mesmo parou o que fazia para prestar atenção nas falácias de Claudete. — Fiz bolo e pudim, eles seriam do Erick por seu aniversário, mas considerando que ele não merece nem um pouquinho os dois podem ficar com ele e comer tudo, pode se dizer, que vai ser um presente por terem perdoado meu filho idiota.
— Poxa tia Claudete, seria ótimo e tudo mais, só que ainda temos que voltar e trabalhar hoje- — Só que antes que Paloma terminasse, o Alert a cortou, atropelando suas palavras por cima da amiga com um entusiasmo assustador.
— Pode contar com a gente, tia! Mas é óbvio que vamos, todos sabem que o melhor bolo do morro e o seu — Vendo o enorme sorriso que o loiro tinha, Claudete também acabou rindo junto, Armando não tinha mudado nadinha, ele ainda era o doce garoto empolgado com a vida e o mundo ao seu redor.
— Obrigado Armando, pode ter certeza que vou separar um pote só pra fazer — garantiu ela — mas vou logo avisando que vai ter que me devolver meu pote garoto, com tampa e tudo mais, entendeu?
— Tá, tá e claro que eu devolvo ele. — tendo a manga da blusa puxada, Armando voltou o olhar até Paloma e do jeito que conhecia a amiga, ele sabia que tinha algo errado só pela feição de seu rosto — O que foi, Kasa?
— Eu não posso ir Armando, desculpa tia Claudete — Pediu ela levantando os olhos ônix até a outra mulher. — Preciso, mesmo, trabalhar. — Informou frisando bem as suas falas.
Retornando o nariz em uma careta Armando foi o primeiro a se opor.
— Não, não precisa. — ditou emburrado.
— Armando, sei que quer isso, mas realmente não posso agora — rebateu Paloma decidida quando a voltar a padaria.
— Mas não é sobre mim, Kasa, certo, tudo bem que eu quero muito isso pra recordar os velhos tempos, só que hoje realmente você não precisa voltar para padaria, meu pai tá e ele vai fechar tudo, não te falaram nada? — O Alert explicou.
— Ah… não tava sabendo — Paloma admitiu coçando a nuca com um meio sorriso — se é o caso, vai dar pra eu ir sim, tia Claudete.
— Perfeito! — Jorgito comemorou dando uns gritos de "viva" pra lá e pra cá.
— Mas eu tenho uma condição antes — a menina falou cruzando os braços da frente do busto. Gelando, Erick sentiu um mal estar cruzar a ponta de seu estômago.
— Que seria? — Ele arriscou perguntar.
— Você não vai comer o pudim, ele vai ficar para mim, o Armando e a tia Claudete. Só assim eu vou de comes e bebes na sua casa. — Com um sorriso grande no rosto, Paloma estava radiante.
— O quê!?
— Você ouviu bem, Silveira, só vou se forem essas as condições. — Vendo que Paloma não voltaria atrás com suas palavras, Erick buscou algum apoio na mãe, ou em Armando, mas ambos deram de ombros, sem ligar.
— Isso é maldade, Paloma — falou ele numa tentativa falha de tocá-la usando seu olhar de cachorro abandonado, porém, ele nada conseguiu senão uma virada brusca de olhar da outra.
— Sem acordos. — Pontuou.
— Tá, tá, que seja então! Você pode levar o meu pudim inteiro, só espero que saiba que não entendi nada bem esse seu papo torto. — reclamou sentindo-se indignado por não poder comer sua sobremesa favorita logo no seu aniversário.
— Considere essa a sua punição por tentar assaltar a padaria do Alert, seu fedido. — A garota o provocou. — Feliz aniversário, aliás. — desejou com um sorriso cínico na boca.
— Ah e feliz aniversário Erick — Armando falou sem dar-se conta que ainda não tinha dito — mas se bem que de feliz hoje, só o fato de você não ser preso mesmo, seu fedido.
— Fe-Fedido!? — Fez uma cara de chocado, Paloma gargalhou, pronta para soltar uma de suas piadas ásperas.
— Armando, como era mesmo o apelido dele no prezinho?! — Sorrindo maldosa, Erick tinha a lançado um olhar afiado como espinhos de rosas. — Erick cheiro de lixo?
— Caramba! Tu acabou de desbloquear uma memória ótima! — Armando gargalhou, já Claudete suspirou fingindo desgosto.
— Como assim, Erick?! Eu sempre te levei e dava tantos banhos por dia, enchia com um monte de perfume pra você ir cheiroso…
— M-mas, m-mãe! Isso é- a Paloma! Eles me chamavam assim só porque acabei caindo na lixeira do pátio! — Reclamou em voz alta, seguindo atrás dos três que começaram a zuar Erick.
Ele bufou, desviando o olhar. Mas aquela cena, no final, alegrou seu coração, Paloma e Armando eram pessoas que ele tinha se afastado, tinha se esquecido, eram pessoas que ele queria por perto de agora em diante. Mas além de tudo, ele precisava mudar.
Mudar para que sua mãe se sentisse orgulhosa, mudar por si mesmo. Crispando os lábios, ele apertou as mãos, determinado a fazer isso. Ele iria! Iria fazer o seu melhor.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 20
Comments
marc
bora lá, quero msm ver mudanças moleque!
2023-01-18
1