Revirando as orbes de modo modo teatral, o policial tinha parado de escutar num ponto a qual nem sequer fazia questão nenhuma de se lembrar realmente, por outro lado, a voz suficientemente aguda, que ele desconfiava ser capaz de quebrar uma taça com o grito certo, de Jorgito ainda estava ali, falando e falando várias abobrinhas sem fazer a droga de uma única bendita pausa! Aquele idiota o tinha contando praticamente a vida sem que o mesmo tivesse questionado. Leonardo já podia sentir as pontadas de uma possível dor de cabeça o atingindo e tudo que menos queria era começar sua semana com dores fortes e monstruosas, mas o que podemos dizer? A vida nem sempre curtia muito a sua cara que quase, ou melhor, sempre era super azeda.
Leonardo pensou em como gostaria de estar em casa assistindo alguma daquelas séries mirabolantes sobre casos criminais enquanto tomava nada mais que uma xícara de chá preto e amargo. Claro que esse pensamento nunca se concretizaria, mas não deixava de ser um belo desejo a se ter. Todo mundo tem os seus sonhos, até um policial ranzinza.
— Essa sua história aí, foi de longe, uma das piores merdas que eu tive que ouvir em toda minha vida atrás dessa mesa. — sem ter um pingo de delicadeza, Leonardo expulsou de uma vez as palavras rudes que tinham se entalado em sua garganta, e ele não fazia a mínima questão de poupá-las. Pondo a sua caneca, que agora estava vazia, sobre a mesa, ele passou rápido as mãos pelos seus cabelos pretos e lisos, os deixando com uma aparência bagunçada. — Tudo o que falou, não faz um pingo de sentido é você ainda por cima passou dos dez minutos que te dei, isso tudo só torna essa droga toda um belo saco, então pivete, e o seguinte, até eu ouvir o depoimento da Sra. Ketlin você vai ficar aqui, detido, entendeu?
— Mas meu senhor– — sendo interrompido bruscamente, Erick sequer pode finalizar seja lá o que pretendia dizer.
— Nem começa com essa de "meu senhor", pivete de merda! Meu dia já começou uma bosta por tua culpa, eu espero então que, não melhor, eu estou exigindo pro seu bem que fique aqui bem, mas bem quietinho, ok? Caso contrário eu vou te encher de chute até a droga do Projac e tu vai virar mentiroso lá! — A promessa velada fez um arrepio nada agradável descer pela coluna de Jorgito, o deixando um leve, mas bem levinho ( lê-se: um iceberg inteiro! ) frio na barriga.
— Tá que me pariu, justiça tá cada dia pior, o cidadão de bem não tem mais o seu direito respeitado mesmo viu, te contar uma coisa. — Erick resmungava se encolhendo contra a cadeira. Enrugando a testa, Leonardo o olhou com desdém, tinha lá suas suspeitas que nem o próprio moleque conhecesse seus direitos de fato.
Levantou o rosto pro alto, Leonardo soltava uma boa série de palavrões mentais e, porra! Às vezes, isto é, quase todo santíssimo dia, ele detestava o próprio emprego, uma ova isso de ter entrado para polícia por amor, ou uma besteira genérica parecida. Sério, que tipo de maluco entrava naquela por amor? Bom, se Leonardo um dia conhecesse alguém assim o daria um saco, nada pessoal sabe, só uma satisfação que ele achava justo e merecido ter. Os fatos eram, nada funcionava naquele trabalho, não realmente, a justiça vivia em uma linha tênue, onde o polícia bem sabia que toda lei tornava-se flexível o bastante para aqueles que tinham uma conta bancária gorda o bastante para calar uns e outros, então, em raras ocasiões onde tudo seguiu bem pra valer a satisfação que vários gostariam de ter ao fazer um trabalho bem sucedido, não o atingia, não de verdade, não quando a frustração por várias outras coisas era muito mais esmagadora dentro de si. E, maldito fosse o dia em que caiu na pilha do amigo de infância, Ernesto, jamais deveria tê-lo dado ouvidos para início de conversa, mas o loiro sonhador foi esperto o bastante para cativa‐lo a entrar de cabeça naquele ninho de cobras.
Retomando sua atenção pro seu atual e tão infeliz problema, os olhas pratas e frios tal como gelo deslizaram até a cadeira onde o moleque remelento ainda se encontrava, ele que permanecia emburrado murmurando algo que o policial não fazia a menor questão de se prestar a ouvir de verdade. Suspirando por talvez a quinta, ou quem sabe, a sexta vez no mesmo dia, Leonardo se inclinou para trás a fim de se sentir um pouco mais confortável na cadeira.
— Garoto — Leonardo o chamou desdenhoso e nem fazia questão alguma de esconder seu desgosto. — Quantos anos você tem, em? — A pergunta saiu amarga por entre a sua boca, tinha se esquecido realmente de uma pergunta fundamental como aquela. Parecia até uma piada, em mais de 10 minutos ele ainda não tinha feito o principal dos questionamentos que deveria para conseguir prosseguir.
— Eu? Ah… então, história meio engraçada sabe, porque assim, eu meio que tenho uns 16 sacas? Tipo, na real fiz hoje mesmo, né, até ontem tava com uns 15 ainda. Se sabe, naquela fase bem pirralho mesmo, agora por exemplo já sou um homem feito, quase igual ao senhor. — Jorgito resolver arriscar, não era tão má ideia assim apelar para velha e clássica puxação de saco, era?
Dando um riso de deboche, ótimo, aquilo era tudo que realmente tava faltando, ele é um pirralho que nem aquele iguais?! Nunquinha! E nunquinha mesmo! Aquela tinha sido a gota d'água, se Leonardo já estava irritado, agora ele estava verdadeiramente puto e queria muito poder meter a droga de uma tapão na boca daquele filho da cruz credo que falava bem mais que o devido. Nem a pior das tias do policial falava tanto quanto aquele menino que parecia falar pelos ombros.
Levantando-se exasperadamente, o policial bateu ambas as palmas das mãos na mesa e uma ideia perversa atravessou pelos seus pensamentos mais sombrios e mórbidos, logo, um sorriso torto de triunfo se apossou dos seus lábios finos e ressecados. Embora o trabalho não lhe rendesse a satisfação que desejava, Leonardo ainda podia se divertir um pouco arrumando jeito de ferrar com idiotas burros como Erick.
— Perfeito, perfeito mesmo! Nesse caso, vou ligar para a sua mamãezinha, pivete. — Leonardo o informou tão casual e despretensioso que mais parecia que dava uma notícia banal e não uma que poderia, sem exagero, custar a vida de Jorgito.
— O QUE? — A voz de Erick foi expulsa pela sua garganta em um grito agudo de surpresa e terror que ficou claro no fundo dos seus olhos esverdeados.
— Isso mesmo que tu ouviu meu parceiro, irei pessoalmente chamar a sua mãe aqui e só Deus sabe como eu espero que ela seja o tipo estressada com a vida sabe, agora com a sua licença, preciso recolher mais um depoimento e acho muito bom ficar quieto aí.
— MOÇO PELO AMOR DE DEUS, OU SEJA LÁ QUEM TU ACREDITA FAZ ISSO NÃO! É sério, vai se papo de sopa de Jorgito para lá e pra cá, um panelaço cheio pra servir janta no morro inteiro, juro, bem juradinho para ti que já tô arrependido, sabe tu pode até me dá uns tapas, só não chama a minha mãe! — as súplicas que saltavam da boca de Erick eram como puro entretenimento para o outro que não continha o sorriso limpo.
— Pensasse nisso antes de foder a porra do meu dia, agora licença, eu preciso coletar o depoimento da Sra. Ketlin e passar um telefonema para sua casa. Então se eu fosse você, tratava de começar a pensar numa desculpa melhor pra sua mãe do que tudo que me falou. — Dito isso, Leonardo deixou a sala em passos apressados enquanto ouvia Erick dar alguns gritos desesperados implorando para que ele não ligasse para dona Claudete.
Leonardo deu o sinal para que um dos policiais ali presentes mandasse a Sra. Ketlin para a sala de interrogatório e foi até a recepção procurar o número da nossa tão querida dona Claudete. E acredite, ele fez aquilo com a maior satisfação do mundo, seria ótimo ver o garoto levando umas boas palmadas.
Agora um cadinho de nada mais contente, ou com o humor menos drástico, Leonardo foi até a sala de interrogatórios pronto para saber o que realmente tinha acontecido por trás de toda aquela confusão matinal.
Passando pela porta azul-escura de madeira o interior da sala não era lá grandes coisas, sua estrutura era algo mediano e as suas paredes tinham um tom branco, ou ao menos era isso que deveria ser, já que elas estavam mais para um cinza fosco sem vida. Também não havia muito em seu interior, só o desnecessário, isto era, uma mesa e três cadeiras ao seu redor.
Paloma já estava sentada ali com uma cara nada amigável. Acredite, ela odiava aquela situação tanto quanto Levi estava odiando.
— Sra. Ketlin, sou Leonardo e sou quem vai conduzir esse interrogatório. Se importaria em responder algumas perguntas? — O tom era uma mistura de rispidez e educação.
— Não há necessidade para me chamar de senhora e não, eu não vou me importar em responder as perguntas, contando que isso não leve o dia todo, preciso que seja o mais breve possível. — A garoto de cabelo curto tratou de ser curta e objetiva, ainda tinha muitos serviço pela frente e odiaria perder um dia todo por causa de um garoto sem o menor juízo.
— Ok, irei ser o mais breve possível, pode ter certeza. — Disse ele sentando-se — Primeiro, gostaria de saber o que realmente aconteceu naquela padaria antes de chegarmos. Já que segundo o pivete burro do lado, você teria agredido ele sem motivos válidos, o que, na minha sincera opinião, parece ser tudo mentira.
— Parece, porque é, aquele idiota chegou lá por volta de umas 7h e poucas da manhã, o que já foi super estranho porque ele só vem na parte da noite, bem quando a gente tá quase fechando — Paloma resmungou estarrecida ao lembrar-se das muitas vezes que deve que adiar o fechamento da loja porque um infeliz qualquer resolver comprar tarde suas coisas — Só por isso já fiquei esperta com ele, o Erick não tem uma fama muito boa, não é pra menos vive fazendo merdas pra cima e pra baixo, qualquer dia desses a dona Claudete infarta de tanto estresse, mas bom, ele chegou, fez o pedido, comeu e foi até a caixa, foi aí que as coisas ficaram esquisitas.
— Esquisitas como? — Inclinando-se para a frente, o policial mantinha a concentração em todos os detalhes.
— Digamos que o Erick sempre foi maluco das ideias, né, assim, aquele surtado fica por aí jurando até hoje que sou a fim dele. — A expressão no rosto da morena chegou a ser cômica diante dos olhos de Leonardo que talvez, e só muito talvez, tivesse dado um risinho enquanto pensava um "Idiota" sobre o outro.
— Você não é? — Muito embora o tom fosse inocente, não havia nada de inocência por trás da pergunta. Se Paloma ao menos conhecesse um pouco mais o policial iria saber com toda certeza que aquilo não passava de uma provocação do tipo mais baixa que existe, a do tipo, que você não nota.
— ÓBVIO QUE NÃO! — o gritou saiu quase como um ato involuntário, corando logo em seguida, a Ketlin se sentiu constrangida por deixar-se levar por uma pergunta idiota feita aquela, mas era mais forte que si, Erick sempre a tirava e sério com uma facilidade que chegava a ser desumana. — Desculpe. — pediu ela olhando uma das paredes.
— Tudo bem, não importa, por favor continue o depoimento. — Pediu Leonardo calmamente se sentindo satisfeito internamente. Tsc jovens, pensou ele.
— Certo, ah, como eu tava dizendo o Jorgito sempre foi meio lelé da caixola e tudo mais, a pior espécie de gente! Então, óbvio que se um dia ele realmente fizesse merda ia ser de um jeito burro e tosco que nem ele, daí que o idiota me aparece com uma faquinha de brinquedo tentando assaltar o pobre do Armandinho que tava que nem vara verde tremendo, na hora eu surtei, porque ninguém ameaça meu protegido assim na minha cara e saiu batido, aí ótimo, eu que não sou uma flor que se cheire meti o louco e soquei ele sim, perplexo o Armandinho chamou a polícia.
— Puff, quem diabos assalta com uma faca de brinquedo?! — Leonardo não conseguiu deixar um risinho escapar, mas por descrença que diversão de fato. Tinha que ser super burro pra ter cara de pau de fazer uma merda daquelas.
— Né? Pra você ver, até pra ser bandido tem que ter dois neurônios funcionais, o que é, ele não tem mesmo, aquele menino quanto mais cresce mais burro vai ficando e nunca pensou em tomar jeito, enfim, foi bem fácil puxar ele e imobilizar pelo pulso. Foi nesse ponto que vocês chegaram e levaram o Eren, não me importo com o que ele contou o deixou de contar e mentira, e se precisar é só conferir as câmaras da loja pra ver o que houve mesmo. — Paloma explicou tudo da forma mais resumida que lhe era possível e ao final de tudo, ela acabou por cruzar os braços com uma leve impaciência, na sua visão já tinha gasto muito tempo ali.
Ainda que Armandinho não se importasse de fato sobre ela não voltar naquele dia, a Ketlin não perderia um dia de trabalho por motivos tão fúteis como aquele, sim, para Paloma o garoto a sala ao lado da sua era um motivo fútil e banal, para não dizer patético com um direito a pena, de todo forma, não seria ele que atrapalharia sua rotina pré planejada de sempre.
— Creio que não vai ser necessário, o garoto não fez um esforço básico pra tentar fazer uma história convincente, só ficou ganhando tempo falando sobre a vida toda dele, tsc um saco. — a última parte foi dita com desprezo e Paloma compreendia bem o sentimento.
— Típico dele. — Pontuou ela sem emoções.
Pensar que um dia de fato chegou a gostar de alguém como Erick a causava calafrios de arrepiar a alma, todavia, aquilo eram águas passadas, ela era uma outra pessoa agora e conseguia ver bem que o romance unilateral não a levaria a canto algum, especialmente para fora daquele buraco que chamava de "lar".
— Creio que isso seja tudo, agradeço o seu depoimento e também acredito que não será necessário ver a filmagem, mas caso seja, iremos atrás só Sr. Alert então pode ficar sossegada e voltar para suas atividades. — o policial informou dando uma olhada na sua papelada.
— Não to preocupado, puta com certeza de tá perdendo meu tempo aqui, mas não podia tá mais calma prestando depoimento contra o Jorgito. — Paloma afirmou com sangue nos olhos e um ressentimento bem no fundo do peito, um a qual ela sequer sabia que existia.
— Fica tranquila garota, esse pé de vento não vai mais arrumar esses problemas, não na minha área e ele também vai receber o que merece, e de qualquer forma, obrigado, o seu depoimento foi bem mais útil que o daquele Zé Bunda e eu garanto que ele não vai mais tirar sua paz, pelo menos não na padaria.
— Certo, precisando de mais alguma coisa até as 18h vou tá trabalhando. Bom serviço — Paloma falou se despedindo com um breve aceno enquanto puxava sua bolsa bege de volta para o ombro.
— Obrigado e bom dia. — Se levantando, Leonardo voltou para recepção.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
marc
KSDKDKSKSKSKS MALUCO ASSALTOU NO NIVER DELE QUE ANIMAL
2023-01-19
1
marc
CIDADAO DE BEM ALA ELE SKSKSKDKDKDD
2023-01-19
1
marc
vdd, mo história de comédia e memes esse mlk meteu hm
2023-01-19
1