Capítulo 4

Estava no quarto de hóspedes, quando decidi sair para tomar água. Assim que saí, avistei o senhor Thomas conversando ao telefone. Ele não estava com gravata nem com camisa social; usava uma calça de moletom e uma camisa polo. Não pude evitar:

Emma- Não posso negar, a Helô tem toda a razão, ele é muito bonito.

Fiquei ouvindo com atenção o que ele dizia.

Ligação 📲

— Thomas, ela é filha do prefeito da cidade.

Thomas- Pai, não vou sair com nenhuma mulher que o senhor escolher.

Thomas- Todas as que o senhor escolhe são fúteis e sem noção; só pensam em dinheiro.

— Garanto que esta é diferente.

— Ela é trabalhadora e muito competente.

Thomas- Não quero ninguém.

A conversa estava tensa. O tom de voz dele transparecia frustração. Fui me aproximando devagar, percebendo que ele parecia cada vez mais inquieto.

— Você precisa se casar se quer assumir a empresa por muito tempo.

Foi então que ele me viu e parou de falar.

— Filho, está me escutando?

— Thomas, falo com você.

Decidi interromper aquele momento tenso e caminhei em sua direção. Quando nossos olhares se cruzaram, senti um frio na barriga. Ele me olhou por alguns segundos.

— Thomas?

Thomas- Sim... desculpe, estou escutando; distraí-me com algo.

Havia um brilho nervoso em seus olhos.

— Em que você sempre está focado?

Thomas- Em algo... sem importância.

O jeito como ele falava parecia esconder algo mais profundo.

Thoma- Pai, preciso desligar agora; até mais.

— Thomas… — Grita seu pai do outro lado da linha.

Ele desligou rapidamente e eu já estava próxima dele, sentindo que havia algo mais ali.

Emma- Desculpe, eu atrapalhei sua ligação?

Thomas- Não, era só meu pai.

Ele me olhou novamente, mas havia um mistério em seu olhar.

Emma- Ah, está tudo bem? Você parece distraído.

Thomas- Está sim; estou só... cansado.

O cansaço dele parecia ser mais do que físico; havia um peso em suas palavras.

Thomas- Está com fome?

Emma- Eu que te pergunto, senhor? Precisa de algo? — A preocupação era genuína.

Thomas- Preciso...

Ele falou rapidamente, quase como se estivesse nervoso. Aquilo fez meu coração acelerar um pouco mais.

Emma- Posso ajudar em algo? Posso comprar ou até mesmo fazer algo para o senhor.

Queria muito estar ao lado dele e oferecer meu apoio.

Thomas- Deixe para lá; faça apenas para você.

Ele parecia querer evitar qualquer interação mais profunda naquele momento.

Thomas- Com licença, vou para o meu quarto.

Assim ele se retirou, deixando-me intrigada e confusa.

Emma- O que deu nele? — murmurei para mim mesma, surpresa com a mudança repentina no comportamento dele.

Caminhei até a cozinha para preparar uma macarronada, mas não conseguia tirar o Thomas da cabeça. O jeito como ele agiu deixou uma sensação estranha no ar. O que estaria acontecendo com ele?

...

• Thomas

Thomas- Ultimamente, estar perto dela tem me deixado… estranho. Confuso.

Thomas- Por quê?

Por que meu coração dispara sempre que a vejo? Isso nunca aconteceu antes.

Coloco a mão no peito, como se tentasse controlar os batimentos acelerados. Respiro fundo.

Thomas- Mantenha a calma. — Inspiro lentamente.

Thomas- Tranquilize-se… — Solto o ar em um longo suspiro e me sento no sofá, os olhos fechados, tentando organizar os pensamentos.

Thomas- Será que isso tem a ver com meu pai? Ele vive tentando me empurrar aquelas mulheres… aparentemente perfeitas, mas tão vazias, tão vulgares…

Thomas- Ele quer que eu me case com qualquer uma, contanto que tenha pedigree e pareça adequada para a vitrine da família.

Mas não… jamais. Eu não quero uma esposa assim.

Inclino a cabeça para trás, encostando-a no encosto do sofá, e falo quase como um desabafo.

Thomas- A mulher que eu procuro… ela precisa ser diferente.

Thomas- Extremamente competente. Determinada. Independente. Com cerca de 23 anos… talvez com uma franja bem desenhada.

Fecho os olhos, esboçando um leve sorriso.

Thomas- Sim… mulheres com franja têm algo de encantador. Um charme sutil.

Uma pausa. O cheiro invade o ambiente. Um aroma quente e acolhedor.

Thomas- Que cheiro é esse? Será que… Emma está cozinhando?

Ergo uma sobrancelha, curioso. A imagem dela surge na minha mente.

Thomas- Além de ser eficiente e… envolvente, será que ela também sabe cozinhar? — Balanço a cabeça.

Thomas- Não diria que ela é bonita… não do jeito tradicional, pelo menos.

Thomas- Mas há algo nela. Uma beleza que não se revela de imediato… que te prende aos poucos, e te arrasta.

Fico em silêncio por um momento. Contradito a mim mesmo internamente.

Thomas- Mas… eu acabei de dizer que não estava com fome. — Fico indeciso por instantes, até que me levanto de súbito.

Thomas- Ora, a cozinha é minha. E esta casa também.

Thomas- Posso ir para onde quiser. Não preciso justificar isso para ninguém.

Abro a porta com naturalidade e desço as escadas. Ao entrar na cozinha, paro por um instante ao vê-la. Ela está de costas, com um avental leve, os cabelos presos de forma despretensiosa, uma mecha solta caindo sobre a testa.

Thomas- Você está… deslumbrante.

...

• Emma

Emma- Senhor Thomas?

Ele pareceu ligeiramente sem graça, mas se recompôs rápido.

Thomas- Peço desculpas... não queria te assustar.

Emma- Não se preocupe... só me pegou de surpresa. Você tinha dito que não estava com fome.

Thomas- Eu disse mesmo. Mas, ao sentir o aroma do que está preparando… a fome veio com força.

Ele me oferece um sorriso sincero, e por um instante, me pego observando o quanto seu rosto fica mais leve quando sorri de verdade.

Emma- Ksksks… Pode se sentar, vai ficar pronto rapidinho.

Thomas- Está bem. O que exatamente você está fazendo? O cheiro é... instigante.

Emma- Uma macarronada. Receita da minha família. Mais uns minutinhos e fica perfeita.

Thomas- Espero que esteja mesmo… aquele café que você fez da última vez… foi um atentado.

Fico em silêncio, sentindo um leve incômodo. Franzi levemente a testa, mas mantive a compostura. Ele percebeu.

Thomas- Quer dizer… pelo cheiro de agora, parece delicioso. De verdade.

Emma- Nem tudo que eu faço sai perfeito. Mas... eu tento.

Thomas- Você tem razão. Tentativa também é um sinal de dedicação.

Thomas- A propósito, quem deveria estar cozinhando é a Marina. Mas o filho dela adoeceu, então...

Emma- Entendi… mas foi para isso que vim, para ajudar caso o senhor precise de algo.

Termino os últimos toques, pego o prato e o sirvo com um sorriso discreto.

Emma- Pronto. Vou te servir agora.

Ele observa o prato e pega o garfo. Prova a primeira garfada em silêncio, depois outra.

Emma- E então?

Thomas- Está delicioso.

Não consigo conter um sorriso verdadeiro.

Emma- Sério? Que bom!

Emma- Estava com medo de ouvir que estava horrível de novo…

Thomas- Desta vez… seria impossível dizer algo assim.

Ele sustenta o olhar por um instante longo demais. Meu coração dispara e desvio os olhos, um pouco desconcertada.

Thomas- Você e meu irmão são muito próximos?

Pego o copo e tomo um gole d’água antes de responder.

Emma- Eu diria que sim… gosto da companhia do Ian. Conversamos bastante.

Notei uma leve mudança em sua expressão, como se algo o incomodasse.

Thomas- Acho ele irritante.

Emma- Isso é normal. São irmãos. Quando morava com os meus, também achava isso...

Thomas- Tem irmãos? Eu não sabia.

Emma- Sim, dois. Mas o senhor não me conhece bem… seria improvável saber.

Thomas- É verdade...

*Mas meu coração batia forte. Eu queria conhecê-la. Queria saber tudo: seus gostos, seus medos, sua infância... Queria saber o que ela pensava de mim. Será que me achava atraente?*

Emma- Como minha irmã casou cedo, passei mais tempo com meu irmão. A gente brigava bastante… então, acho natural que ache o Ian irritante também.

Thomas parece distraído, mas atento a cada palavra.

Thomas- E por que trata ele com tanta informalidade? Nunca o ouvi chamá-lo de "senhor", como faz comigo.

Emma- Foi ele quem me pediu. Ou melhor, quem me obrigou a tratá-lo assim. Disse que não queria formalidade entre a gente.

Thomas- Ele é… muito gentil com você.

Emma- Sim. Ele é.

Ele fica em silêncio por um segundo, depois olha para mim com intensidade.

Thomas- E eu? Me acha… um chato?

Fico surpresa pela pergunta direta, e olho para ele com sinceridade.

Emma- Não… de jeito nenhum.

Thomas- Fala sério, Emma. O que você realmente pensa de mim?

Hesito por um instante. Ele está vulnerável, e não quero machucar, mas também não quero mentir.

Emma- Acho que… o senhor também é amável.

Quando quer ser.

Thomas- Eu sei que às vezes sou duro. E fechado. Não mostro o que sinto com facilidade…

Emma- Exatamente.

Mas, na minha opinião, isso é só um disfarce.

Thomas- Disfarce?

Emma- No fundo… o senhor é uma pessoa nobre. E muito sensível. Só não quer que ninguém veja.

Ele me observa em silêncio, como se minhas palavras tivessem atravessado algo que ele escondia até de si mesmo. E eu sorrio, sem perceber o quanto isso o toca.

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Comments

Edna César

Edna César

odeio quando os pais obrigam os filhos a se casarem por causa de dinheiro.
isso é ridículo.

2025-05-06

2

Nazivania Dias Carvalho

Nazivania Dias Carvalho

eu vou lê

2025-05-06

0

Edna César

Edna César

ele é tão direto

2025-05-06

0

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