Estava no quarto de hóspedes, quando decidi sair para tomar água. Assim que saí, avistei o senhor Thomas conversando ao telefone. Ele não estava com gravata nem com camisa social; usava uma calça de moletom e uma camisa polo. Não pude evitar:
Emma- Não posso negar, a Helô tem toda a razão, ele é muito bonito.
Fiquei ouvindo com atenção o que ele dizia.
Ligação 📲
— Thomas, ela é filha do prefeito da cidade.
Thomas- Pai, não vou sair com nenhuma mulher que o senhor escolher.
Thomas- Todas as que o senhor escolhe são fúteis e sem noção; só pensam em dinheiro.
— Garanto que esta é diferente.
— Ela é trabalhadora e muito competente.
Thomas- Não quero ninguém.
A conversa estava tensa. O tom de voz dele transparecia frustração. Fui me aproximando devagar, percebendo que ele parecia cada vez mais inquieto.
— Você precisa se casar se quer assumir a empresa por muito tempo.
Foi então que ele me viu e parou de falar.
— Filho, está me escutando?
— Thomas, falo com você.
Decidi interromper aquele momento tenso e caminhei em sua direção. Quando nossos olhares se cruzaram, senti um frio na barriga. Ele me olhou por alguns segundos.
— Thomas?
Thomas- Sim... desculpe, estou escutando; distraí-me com algo.
Havia um brilho nervoso em seus olhos.
— Em que você sempre está focado?
Thomas- Em algo... sem importância.
O jeito como ele falava parecia esconder algo mais profundo.
Thoma- Pai, preciso desligar agora; até mais.
— Thomas… — Grita seu pai do outro lado da linha.
Ele desligou rapidamente e eu já estava próxima dele, sentindo que havia algo mais ali.
Emma- Desculpe, eu atrapalhei sua ligação?
Thomas- Não, era só meu pai.
Ele me olhou novamente, mas havia um mistério em seu olhar.
Emma- Ah, está tudo bem? Você parece distraído.
Thomas- Está sim; estou só... cansado.
O cansaço dele parecia ser mais do que físico; havia um peso em suas palavras.
Thomas- Está com fome?
Emma- Eu que te pergunto, senhor? Precisa de algo? — A preocupação era genuína.
Thomas- Preciso...
Ele falou rapidamente, quase como se estivesse nervoso. Aquilo fez meu coração acelerar um pouco mais.
Emma- Posso ajudar em algo? Posso comprar ou até mesmo fazer algo para o senhor.
Queria muito estar ao lado dele e oferecer meu apoio.
Thomas- Deixe para lá; faça apenas para você.
Ele parecia querer evitar qualquer interação mais profunda naquele momento.
Thomas- Com licença, vou para o meu quarto.
Assim ele se retirou, deixando-me intrigada e confusa.
Emma- O que deu nele? — murmurei para mim mesma, surpresa com a mudança repentina no comportamento dele.
Caminhei até a cozinha para preparar uma macarronada, mas não conseguia tirar o Thomas da cabeça. O jeito como ele agiu deixou uma sensação estranha no ar. O que estaria acontecendo com ele?
...
• Thomas
Thomas- Ultimamente, estar perto dela tem me deixado… estranho. Confuso.
Thomas- Por quê?
Por que meu coração dispara sempre que a vejo? Isso nunca aconteceu antes.
Coloco a mão no peito, como se tentasse controlar os batimentos acelerados. Respiro fundo.
Thomas- Mantenha a calma. — Inspiro lentamente.
Thomas- Tranquilize-se… — Solto o ar em um longo suspiro e me sento no sofá, os olhos fechados, tentando organizar os pensamentos.
Thomas- Será que isso tem a ver com meu pai? Ele vive tentando me empurrar aquelas mulheres… aparentemente perfeitas, mas tão vazias, tão vulgares…
Thomas- Ele quer que eu me case com qualquer uma, contanto que tenha pedigree e pareça adequada para a vitrine da família.
Mas não… jamais. Eu não quero uma esposa assim.
Inclino a cabeça para trás, encostando-a no encosto do sofá, e falo quase como um desabafo.
Thomas- A mulher que eu procuro… ela precisa ser diferente.
Thomas- Extremamente competente. Determinada. Independente. Com cerca de 23 anos… talvez com uma franja bem desenhada.
Fecho os olhos, esboçando um leve sorriso.
Thomas- Sim… mulheres com franja têm algo de encantador. Um charme sutil.
Uma pausa. O cheiro invade o ambiente. Um aroma quente e acolhedor.
Thomas- Que cheiro é esse? Será que… Emma está cozinhando?
Ergo uma sobrancelha, curioso. A imagem dela surge na minha mente.
Thomas- Além de ser eficiente e… envolvente, será que ela também sabe cozinhar? — Balanço a cabeça.
Thomas- Não diria que ela é bonita… não do jeito tradicional, pelo menos.
Thomas- Mas há algo nela. Uma beleza que não se revela de imediato… que te prende aos poucos, e te arrasta.
Fico em silêncio por um momento. Contradito a mim mesmo internamente.
Thomas- Mas… eu acabei de dizer que não estava com fome. — Fico indeciso por instantes, até que me levanto de súbito.
Thomas- Ora, a cozinha é minha. E esta casa também.
Thomas- Posso ir para onde quiser. Não preciso justificar isso para ninguém.
Abro a porta com naturalidade e desço as escadas. Ao entrar na cozinha, paro por um instante ao vê-la. Ela está de costas, com um avental leve, os cabelos presos de forma despretensiosa, uma mecha solta caindo sobre a testa.
Thomas- Você está… deslumbrante.
...
• Emma
Emma- Senhor Thomas?
Ele pareceu ligeiramente sem graça, mas se recompôs rápido.
Thomas- Peço desculpas... não queria te assustar.
Emma- Não se preocupe... só me pegou de surpresa. Você tinha dito que não estava com fome.
Thomas- Eu disse mesmo. Mas, ao sentir o aroma do que está preparando… a fome veio com força.
Ele me oferece um sorriso sincero, e por um instante, me pego observando o quanto seu rosto fica mais leve quando sorri de verdade.
Emma- Ksksks… Pode se sentar, vai ficar pronto rapidinho.
Thomas- Está bem. O que exatamente você está fazendo? O cheiro é... instigante.
Emma- Uma macarronada. Receita da minha família. Mais uns minutinhos e fica perfeita.
Thomas- Espero que esteja mesmo… aquele café que você fez da última vez… foi um atentado.
Fico em silêncio, sentindo um leve incômodo. Franzi levemente a testa, mas mantive a compostura. Ele percebeu.
Thomas- Quer dizer… pelo cheiro de agora, parece delicioso. De verdade.
Emma- Nem tudo que eu faço sai perfeito. Mas... eu tento.
Thomas- Você tem razão. Tentativa também é um sinal de dedicação.
Thomas- A propósito, quem deveria estar cozinhando é a Marina. Mas o filho dela adoeceu, então...
Emma- Entendi… mas foi para isso que vim, para ajudar caso o senhor precise de algo.
Termino os últimos toques, pego o prato e o sirvo com um sorriso discreto.
Emma- Pronto. Vou te servir agora.
Ele observa o prato e pega o garfo. Prova a primeira garfada em silêncio, depois outra.
Emma- E então?
Thomas- Está delicioso.
Não consigo conter um sorriso verdadeiro.
Emma- Sério? Que bom!
Emma- Estava com medo de ouvir que estava horrível de novo…
Thomas- Desta vez… seria impossível dizer algo assim.
Ele sustenta o olhar por um instante longo demais. Meu coração dispara e desvio os olhos, um pouco desconcertada.
Thomas- Você e meu irmão são muito próximos?
Pego o copo e tomo um gole d’água antes de responder.
Emma- Eu diria que sim… gosto da companhia do Ian. Conversamos bastante.
Notei uma leve mudança em sua expressão, como se algo o incomodasse.
Thomas- Acho ele irritante.
Emma- Isso é normal. São irmãos. Quando morava com os meus, também achava isso...
Thomas- Tem irmãos? Eu não sabia.
Emma- Sim, dois. Mas o senhor não me conhece bem… seria improvável saber.
Thomas- É verdade...
*Mas meu coração batia forte. Eu queria conhecê-la. Queria saber tudo: seus gostos, seus medos, sua infância... Queria saber o que ela pensava de mim. Será que me achava atraente?*
Emma- Como minha irmã casou cedo, passei mais tempo com meu irmão. A gente brigava bastante… então, acho natural que ache o Ian irritante também.
Thomas parece distraído, mas atento a cada palavra.
Thomas- E por que trata ele com tanta informalidade? Nunca o ouvi chamá-lo de "senhor", como faz comigo.
Emma- Foi ele quem me pediu. Ou melhor, quem me obrigou a tratá-lo assim. Disse que não queria formalidade entre a gente.
Thomas- Ele é… muito gentil com você.
Emma- Sim. Ele é.
Ele fica em silêncio por um segundo, depois olha para mim com intensidade.
Thomas- E eu? Me acha… um chato?
Fico surpresa pela pergunta direta, e olho para ele com sinceridade.
Emma- Não… de jeito nenhum.
Thomas- Fala sério, Emma. O que você realmente pensa de mim?
Hesito por um instante. Ele está vulnerável, e não quero machucar, mas também não quero mentir.
Emma- Acho que… o senhor também é amável.
Quando quer ser.
Thomas- Eu sei que às vezes sou duro. E fechado. Não mostro o que sinto com facilidade…
Emma- Exatamente.
Mas, na minha opinião, isso é só um disfarce.
Thomas- Disfarce?
Emma- No fundo… o senhor é uma pessoa nobre. E muito sensível. Só não quer que ninguém veja.
Ele me observa em silêncio, como se minhas palavras tivessem atravessado algo que ele escondia até de si mesmo. E eu sorrio, sem perceber o quanto isso o toca.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Edna César
odeio quando os pais obrigam os filhos a se casarem por causa de dinheiro.
isso é ridículo.
2025-05-06
2
Nazivania Dias Carvalho
eu vou lê
2025-05-06
0
Edna César
ele é tão direto
2025-05-06
0