Capítulo 04

O escritório de Cole Hayward ficava localizado na cobertura do empresarial Hayward, que também pertencia ele, no centro financeiro da cidade de Nova York. Simplesmente, há mais de 40 horas de distância da cidade de Virginia, onde Stephen e Alice residiam.

Naquele momento, ele lia uma documentação importante quando foi interrompido pela entrada da sua diretora financeira. Recostado em sua poltrona couro, ele deixou a documentação de lado e observou a mulher elegante que entrava com pressa.

- Boas notícias? - Ele falou sério sem nem ao menos cumprimentar Thereza Stanhope. - O governo já divulgou a empresa contratada na licitação?

- Novamente\, a empresa de Trevor Van Allen ofereceu o orçamento mais baixo. - Thereza falou de uma só vez. Ela conhecia seu patrão e sabia muito bem que qualquer enrolação sobre o assunto iria irritá-lo. - A Van Allen engenharia ganhou a construção da nova ponte somente porque ofereceu um contrato por conta de uma diferença de 40 mil dólares.

- Você só pode estar de brincadeira comigo! - Exclamou Cole nervoso.

- Não me atreveria\, senhor. - Thereza respondeu temerosa olhando para suas mãos.

- Como nós perdemos um contrato de mais de 100 milhões de dólares por conta de ínfimos 40 mil?! Puta que pariu! - Ele gritou completamente descontrolado\, metendo a mão em sua mesa de mármore carrara. - É quinta vez esse ano!

A vermelhidão estampada no rosto de Cole e suas feições, completamente distorcidas, mostravam o ódio que ele sentia.

- Trevor Van Allen não tem contatos internos no governo. Acho que isso realmente se trata de uma maré de má sorte nossa. - Thereza falou num tom baixo na tentativa de acalmar o chefe.

- Fale para fora\, mulher! Assim eu não consigo ouvir nada do que diz. - Cole falou sem nenhuma gentileza. Gostava de Thereza\, pois ela era extremamente competente e merecia o cargo que ocupava na empresa\, mas esse jeito delicado e feminino dela o irritava.

- Eu disse que Trevor Van Allen não tem contatos internos no governo. - Ela repetiu. - De fato\, isso só passa de uma coincidência.

- Coincidência!? E você também acredita no Papai Noel e no Grinch?! - Zombou Cole. - Não é nada disso. Trevor com certeza tem algum espião dentro do seu departamento. Dessa forma\, ele consegue saber o valor das nossas propostas e coloca as dele com um custo um pouco mais baixo\, simples assim.

- Senhor\, todos os profissionais do financeiro são de confiança e passam por uma avaliação super criteriosa antes de serem contratados. Não acho que as empresas Van Allen tenham alguém aqui dentro. - Thereza conhecia a fama de Trevor no mercado\, ele era tudo\, exceto desonesto. Ela não acreditava nessa possibilidade de um espião.

Trevor Van Allen era um dos homens mais ricos da cidade de Nova York. Além de ter a fama de notório conquistador de mulheres, todos sabiam que ele vivia para o trabalho e era muito respeitado no meio empresarial. Thereza não podia falar a mesma coisa do senhor Cole. Ele, sim, tinha em sua lista de pagamentos, pessoas que trabalhavam no governo e com frequência beneficiavam as empresas Hayward.

- Essa “avaliação super criteriosa” não presta! O fato é que perdemos cinco contratos somente esse ano. - Cole passou a mão pelos cabelos grisalhos\, pensativo.

- O que o senhor sugere que eu faça? - Thereza perguntou passando de nervosa e aflita para irritada. - Nesse último contrato\, se o senhor tivesse escutado meu conselho\, o valor total da construção da ponte teria ficado mais baixo. Era só ter cotado o projeto paisagístico da empresa da sua filha. - Na mesma hora\, Thereza calou-se abruptamente. Ela não sabia de onde tinha tirado coragem para falar aquilo.

Diana Hayward era típica desocupada que o pai empregava para justificar os milhões de dólares que ela recebia por ano. Ela era formada em arquitetura e tinha seu próprio escritório dentro da empresa do pai, que com frequência, beneficiava sua filha querida e pouco competente com grandes contratos.

- Thereza em respeito a toda confiança que eu tenho no seu trabalho\, eu vou fingir que não escutei essa última parte da conversa. - Cole a fuzilou com olhar. - Mas eu tenho a solução para resolver nosso problema. Nós vamos colocar nosso espião dentro das empresas Van Allen.

De repente, o telefone principal da sala de Cole começou a tocar, interrompendo a reunião dele com Thereza.

- Pois não?

- Senhor Cole. - Falou a secretária. - Uma moça chamada Alice Gray veio para uma entrevista de emprego com o senhor. Quer que eu a mande para o direto do RH ou o senhor vai recebê-la pessoalmente? - Normalmente\, não era o senhor Cole que recebia novos funcionários para entrevistas de emprego e por isso a secretária achou estranha aquela situação.

- Não. Eu mesmo vou atender a senhorita Gray. Assim que Thereza sair da minha sala\, você pode mandá-la entrar. - Cole desligou o telefone. - Depois\, nós continuamos nossa reunião. Eu preciso atender a filha de um primo meu. Ele está doente\, precisando de dinheiro para o tratamento e eu disse que podia empregar a filha dele. - Cole falou impaciente\, balançando a cabeça de forma negativa.

- Qual a formação dela? - Thereza perguntou interessada\, pois precisava de uma nova estagiária.

- Eu não vou contratá-la. - Cole respondeu entediado com aquele assunto\, surpreendendo Thereza. - Ela não fez universidade e tem apenas um curso técnico de secretária. A entrevista é somente uma gentileza.

- Ok.

Não muito satisfeita com resultado daquela reunião, Thereza saiu da sala pensando em como seu patrão era mesquinho. Ele podia muito bem pagar qualquer tratamento para o primo, mas preferia fazer a filha dele perder tempo com aquela entrevista.

Assim que passou pela recepção, Thereza viu Alice sentada no sofá. A jovem chamou sua atenção na mesma hora. Mesmo vestida com roupas simples, ela era belíssima e tinha uma postura elegante.

COLE HAYWARD

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