Capítulo 4

Pov Mikael.

Meu nome é Mikha'el, sou o anjo da morte, aquele que sei que se veste de compaixão e dá morte digna a quem a merece, mas quando chega a hora de um ser desprezível, fico encarregado de tornar o momento mais agonizante, posso ser dez mil vezes mais cruel que o próprio diabo, e esta noite vou passear, vou caçar.

— Não... por favor, mamãe está chegando... hoje à noite não! — Aquela jovem aterrorizada grita enquanto o padrasto toca seu corpo e rasga suas roupas.

— Não finja, eu sei o quanto você gosta! — Observo-o com atenção, esperando o momento certo. E é justamente quando ele olha para cima que ele me conhece. Seus olhos parecem querer saltar das órbitas e seu corpo paralisa. A menina, para quem não sou visível, aproveita o momento e sai correndo da sala.

—  Quem? Quem é você? —

Ele aponta para mim, morrendo de medo.

— Olho para ele e sorrio, mas meus olhos não demonstram emoção. — Vá... saia da minha casa. — Caminho ao lado dele e só preciso dizer algumas palavras para o miserável urinar.

—

Me siga. —Embora sua mente recuse, seu corpo me obedece.

— Você é você...

— Sim e eu vim por você.

— Não... por favor... me dê uma chance.

—

Como você gostaria de morrer? Posso usar meu cachorro, não o alimento há alguns dias; Posso deixar você trancado em um lugar sem oxigênio, essa ideia não me entusiasma muito; Também conheço um psicopata que gosta de esfolar pessoas que ainda estão vivas enquanto elas soltam gritos de partir o coração no meio de uma floresta, ou posso encontrar quatro porcos iguais a você para que possam abusar e bater em você até morrer. Assim como você fez algumas noites atrás. — Eu sempre falava de costas para ele, enquanto o obrigava a me seguir para fora.

— Senhor, você está me confundindo... Eu não fiz isso; Sim, eles me contrataram para fazer isso; mas a menina nunca chegou na festa onde iríamos abordá-la. — Ele fala enquanto chora.

— Você pode não ter experimentado isso, mas eu fui uma testemunha fiel. Deixe-me dizer que você errou em machucá-la precisamente e para seu azar; Sua hora de me acompanhar estava próxima.

Levo-o para um lugar isolado e escuro onde só eu poderei desfrutar da sinfonia de seus gritos de dor, depois assobio para meu fiel cão, é um assobio agudo e muito baixo, quase imperceptível; Ele imediatamente atende minha ligação e fica ao meu lado esperando a ordem de seu mestre.

O homem implorou incessantemente e continuou assobiando ao ritmo de uma canção de ninar. Não entendo por que os sentidos humanos são tão suscetíveis a estímulos.

Sento-me numa pedra grande, coloco o capuz que até agora estava pendurado nas minhas costas, o roupão me dá um ar assustador, mas também profissional. Sem mais delongas eu dou a ordem.

— Vá se alimentar, amigo. — Os dentes afiados do meu lindo cão de exposição e seus olhos vermelhos, capazes de assustar até o mais corajoso e ousado dos seres humanos, focam em sua presa. — Agora, um sorriso sinistro cruza meu rosto ao olhar nos olhos daquela escória, e sei que neste momento ao me olhar ele apenas visualiza uma caravela que assobia enquanto o próprio cão da morte é lançado contra ele. O primeiro grito de dor enche meus ouvidos. Dedico-me a observar e continuar a assobiar. Os gritos aumentam de intensidade, cerca de uma hora, que é o tempo que meu cachorro leva para acabar com sua agonia. Depois disso, só resta o que já foi um corpo e meu cachorro lambendo os ossos. Isso conclui meu trabalho.

Não sou um assassino, é minha função garantir que todos deixem este mundo no dia e na hora a que foram destinados. Raramente intervenho na forma, mas quando decido fazê-lo sou implacável e esqueço a palavra misericórdia.

Terminado meu trabalho, me perco nas sombras com meu animal de estimação depois de acariciá-lo e tendo em mente que em breve retornarei mais uma vez ao mundo dos vivos.

Pov Ângela.

Passei a tarde inteira com Camilo e hoje o encontro tomando café da manhã em frente ao jardim da mansão.

— Querido, pensei que você fosse à festa do Sam. — Paro de comer assim que ouço seu comentário.

— Por que você pensou nisso? Eu nunca disse que faria isso. — Observo-o atentamente para ver se há algo em sua expressão que o delate, mas não há.

— Não sei, talvez eu só tenha adivinhado, o que você fez no domingo?

— Nada importante, só fui passear de manhã e depois fiquei em casa.

— Tem certeza que não fez nada importante?

— Estou, por que a pergunta?

—

 É só curiosidade. — Ele pega minha mão e sorri para mim.

— Minha querida princesa. — Cumprimenta meu pai que se junta a nós à mesa. — Camilo, como vai, garoto?

—

Não poderia ser melhor. —

 Ele responde me olhando com a devoção que sempre teve.

— Camilo, preciso de um relatório detalhado do que você encontrou na sede de Cali.

—Claro, esta tarde enviarei para você.

— Pai, Camilo... Tem uma coisa que eu queria te informar.

— Conte-nos princesa. — Papai responde e Camilo me olha com expectativa.

— Quero fazer uma viagem antes do casamento.

— Ângela, acho que o pertinente é que a lua de mel seja depois e não antes do casamento. — Papai diz brincando e Camilo ri do comentário.

— Para falar a verdade, estou falando de viajar sozinha. — Papai levanta as sobrancelhas e o sorriso de Camilo desaparece completamente.

— Amor, você não tinha me contado sobre isso.

— Não, eu sei que não, mas também sei que você vai me entender, quero ver meus amigos da universidade no Canadá e ter um tempo para mim antes de casarmos.

— Bem, acho que você deveria ter consultado, já que pelo que vejo você está apenas me informando, você deveria ser minha esposa em breve.

— Camilo, não se assuste; Minha filha só quer um tempo para ela e eu não vejo problema, eu acho... —

 Papai intervém, mas seu celular toca. — Me desculpe, tenho que responder. — Ele pede desculpas e vai embora, nos deixando sozinhos.

— Você vai pelo menos viajar com Magdalena?

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