| Thomas Milles

...• Thomas Milles ...

Há quem diga que o meu maior atributo seja todo meu sucesso. Uma carreira impecável. Uma mente brilhante. Reconhecido internacionalmente. Todas essas coisas são verdades absolutas. Mas, e se eu te dissesse que todas essas coisas são apenas a ponta do iceberg?

Também há quem me chame de arrogante, eu sou. Mas prefiro dizer que sou uma pessoa peculiar, com gostos peculiares e preferências peculiares.

Oh, não vamos deixar de fora os que me considerem prepotente, e nisso eu não posso discordar. Sou muito prepotente, não há lugar melhor para mim do que o controle absoluto sobre o que eu desejar estar sob minha autoridade. Mas fique tranquilo só há um lugar que eu tenho a intenção de usar a minha falta de humildade com a finalidade de exaltar os meus feitos e habilidades.

E existe uma soma enorme de pessoas que se desconcertam e se sentem acuadas apenas com um olhar meu. E eu gosto. Gosto de jogar com as pessoas.

Gosto especificamente disso.

Sou extremamente visual, observador. Essa é minha parafilia. Ou como gostam de nomear: Um designação genérica pra comportamentos sexuais que se desviam do que é aceito pelas convenções tradicionais. E aqui deixo o meu grande foda-se para as convenções.

Obviamente que todo o desejo humano começa pelo visual. Você vê, você deseja, você consuma. A sexualidade humana embora simples também é complexa. Digamos que para mim, observar pessoas sentindo prazer é um prazer. É a realização do meu desejo em outro alguém.

Mas claro, se não tiver ficado claro para você, sim eu sou um voyeur, e essa é a minha parafilia, não me confunda com alguém pervertido obcecado em espiar, não é tão simples assim.

Oh, lembra que eu disse sobre o lugar aonde desejo usar minhas habilidades e feitos? Exatamente nesse ponto. Exatamente dessa forma que eu gosto de jogar com as pessoas.

Além de extremamente visual eu quis ir além, não foi suficiente apenas observar, eu queria entender o que há por trás de cada expressão, verbalizada ou não, e me tornar especialista em linguagem corporal foi necessário. Um combo um tanto perigoso. Além de observador também sei exatamente e com precisão o que a comunicação não verbal quer comunicar. Toda expressão facial, postura, movimento dos olhos, gestos estão nuas, nada passa despercebido por mim.

Como por exemplo a garota loira que está ali em minha frente enquanto eu palestro para um auditório todo, suas expressões denunciam um estado de contentamento genuíno, há uma excitação nela ao me ouvir, como se esperasse por aquilo uma vida toda.

Diferentemente da mulher ao seu lado que bocejou duas vezes enquanto falava sobre intervenções neurovasculares, isso denota tédio, fazendo com que o seu cérebro envie sinais, em uma tentativa para mante-la ativa, já o rapaz ao seu lado... Esse provavelmente alimenta um paixão platônica e não correspondida pela mulher ao seu lado, já que umedeceu seus lábios com a língua duas vezes e sua perna treme sob a mesa mostrando que ele esta em um estado de ansiedade.

Mas a garota loira? Ah... essa sim certamente conseguiu despertar a minha curiosidade.

E isso eu considero um feito digno, já que com o tempo as pessoas se tornam previsíveis, tediosas.

E isso é excitante.

Mas, voltando ao ponto inicial, o que eu quero dizer com isso tudo? É impossível jogar comigo. Estou sempre um passo a frente, suas emoções e linguagens não verbais vão te denunciar, me colocar em alerta. Já eu... Eu sei muito bem me manter apático. E eu sei muito bem como fazer você jogar o meu jogo.

E o que você ganha com isso? Você pode descobrir que o meu prazer é a gonte inesgotável do seu prazer. E não é isso que todos queremos? Desmistificando que fomos feitos apenas para finalidade de reprodução. Não.