Vamos na praia !

Carlos

Acordei já com planos para o dia. Eu ia deixar aquela mulher fora de si, de ódio. Tudo que eu passasse pra ela seria calculado. Quero ver até onde aguenta antes de chorar de raiva.

Eu não quero ela. Só quero usá-la… iludir até cansar.

De manhã, na casa de Ana

— Bom dia, miga — disse Bella, entrando com a agenda na mão. — Hoje ainda temos umas coisas do casamento pra verificar… mas o Carlos disse que você tem que ir à praia com a família dele.

— Só pode estar de brincadeira, né? — Ana ergueu as sobrancelhas. — Não vou suportar olhar pra cara dele. Seria possível eu casar e sumir até acabar essa merda de contrato? Quero só trabalhar, nada mais. Ódio desse homem!

— Outra coisa… — continuou Bella. — As marcas de biquíni e lingerie queriam muito você na capa, mas alguém comprou as duas e colocou a Nina Sulivan no seu lugar! Só que a mídia, a TV e as lojas não aceitaram bem. Elas querem abrir uma brecha no contrato pra você divulgar. A briga tá feia… quem comprou as marcas deve te odiar pra não te querer.

— Não acredito! Quem faria isso? Só se foi a própria Nina.

— Não acho que ela teria dinheiro pra isso… jamais.

— Não ligo — disse Ana, dando um sorriso debochado. — Ainda sou a querida da mídia. Faço até de graça se for preciso.

— Falou a rainha da provocação… — Bella riu. — Mudando de assunto, você vai escolher a roupa pra ir à praia ou arrumo sua mala?

— Pode ser você, amore. Obrigada por tudo. Sem você seria mais difícil pra mim.

— Amo você, amiga. Se cuida.

Chegando à praia — algumas horas depois

Carlos

Planejei tudo. Ela odeia dirigir longas distâncias… então deixei o carro pra ela. Pequenas vitórias.

— Chegou, querida. Não vai descer? — perguntei, ainda sentado no banco.

Ela saiu, ajeitando o cabelo.

— Não precisa de formalidades, Carlos. Não tem ninguém aqui ainda.

— Não vai ter mesmo… só a mídia, que já está espalhada. Então disfarça pra não parecer que estamos brigando.

Olhei pra ela de cima a baixo.

— Nossa… não tinha um pano maior, não?

Ela deu uma voltinha lenta.

— Sabia que você ia amar. Afinal, uma noiva gostosa dessa tem que estar à altura do noivo, não é?

Algumas crianças correram até ela.

— Ana! Ana! Tira uma foto?

— Claro que sim! — ela se abaixou, sorrindo.

Fiquei observando enquanto ela ria com as crianças. Eu subi com as malas e deixei no quarto. Ela apareceu logo depois, entrando para tomar banho.

Quando passou pela porta, enrolada numa toalha curta, não resisti:

— Vai ficar desfilando de toalha mesmo?

— Fala sério, Carlos. Tô no quarto, não sabia que ia entrar. Outra coisa… tá com medo de quê, se você me odeia?

— Odeio mesmo. E você vai ver isso a cada dia. — Cruzei os braços. — Mas até que esse corpinho… dava pro gasto. Deve ser bem usado, mas não ligo. Já tô acostumado com mulher barata igual você.

Ela correu para o banheiro, bateu a porta e chorou. Eu ouvi. E confesso… parte de mim quis ouvir.

Carlos: Eu faço ela chorar e depois quero saber por que. Essa mulher mexe com a minha cabeça… mas não vou admitir isso.

Algum tempo depois…

Ela saiu do banho com o rosto inchado. Colocou um biquíni e se olhou no espelho. Eu já sabia que ela planejava sair sem falar comigo.

Mas antes que chegasse à porta, segurei seu braço.

— Vamos almoçar?

— Sua cara me dá nojo. Não quero comer.

— Querida, não seja assim bravinha… Você fica ainda mais interessante.

— Carlos… até mais tarde.

Segurei pela cintura antes que ela escapasse.

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