Ayla Stanford
Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Acordo cedinho e me arrumo alegremente. Separo meu visual clássico que é composto por uma calça jeans preta, uma camisa branca com mangas curtas com um desenho fofinho de panda e uma jaqueta de couro na cor preta. Calço meu tênis branco casual e desço para tomar meu café da manhã. Meu vovô Eric já está me aguardando com um sorriso maravilhoso estampado em seu rosto.
Seus belos olhos verdes claros transmitem para mim uma nostalgia indescritível. Sou apaixonada pela cor dos olhos dele, infelizmente os meus não são assim, mas não posso reclamar disso, meus olhos são perfeitos na cor que fui agraciada, um tom âmbar que demonstra os traços singelos de quem me gerou, minha querida mãe. Sinto um aperto em meu peito, muito esquisito, balanço a cabeça em negação e sigo adiante. Sento-me ao lado do meu avô e como sempre ele deposita um beijo carinhoso em minha testa e me diz gentilmente:
— Bom dia, minha princesa!
— Bom dia vovô! – Respondo alegre.
— Como está esse coraçãozinho? — Ele me questiona, mas sinto uma preocupação em seu rosto.
— Está muito bem vovô! E o senhor?
— Estou vivo... — Diz sorrindo. — Se apresse para não chegar atrasada em seu primeiro dia de aula. — Me alerta.
— Entendi, vovô! — Respondo colocando meu sanduíche na boca e degustando a delícia que está. — O senhor é o melhor, vovô!
— Eu sei... vamos? — Pergunta logo depois de colocar sua xícara na mesa, e se levanta para ir ao seu quarto.
Termino o meu café às pressas, subo para pegar minha bolsa e desço correndo. Entro no carro do vovô e saímos em direção à uma concessionária de carros. Desde meus 11 anos que sonho em ter um Camaro na cor preta. Meu avô sempre me dizia que esse seria meu presente de ingresso na faculdade. Sei que ele já comprou meu carro e só hoje que ele vai me entregar. Pelo caminho vou sonhando com tudo o que me espera... uma tristeza me invade e lágrimas começam a brotar dos meus olhos.
— Está tão feliz assim? — Vovô me pergunta dando uma olhada de relance e vendo minhas lágrimas descerem pelo meu rosto.
— O senhor sabe... estou sim. — Respondo enxugando minhas lágrimas.
Ao chegarmos na loja de carros, o meu já está na frente só me aguardando. Saio do carro apressada e corro em direção ao meu sonho.
— Meu lindo! Quanto tempo te esperei... — Digo beijando meu carro e admirando cada detalhe.
Sinto a aproximação do vovô e um sorriso contente em seus lábios.
— Gostou? — Ele me pergunta.
— Se gostei? Eu amei! Te amo vovô! O senhor é o melhor!! — Grito abraçando-o de maneira frenética e beijando seu rosto.
— Tudo bem... Tudo bem!
— Aqui estão as chaves. — Diz o vendedor se aproximando.
— Obrigada! — Agradeço sorrindo, pego as chaves do carro e abro a porta.
— Parabéns, querida!
— Obrigada, vovô!
— Seja como os seus pais...
— Meus pais? — Indago e aquela mesma sensação estranha toma conta de mim.
Sinto meu coração ficar pesado, e olhando para o vovô só escuto:
— Agora vá! Senão perderá sua primeira aula. Soube que a professora Pamela é muito exigente quanto a horários! — Diz acenando para mim. — Boa sorte!
— Obrigada! — Respondo, ligo o carro e acelero na direção da Universidade que meus pais... como assim meus pais? Não me lembro... Como eles são? Por que não vejo eles aqui? Papai? Mamãe? Minha mente fica turva e desperto com um som de buzina atrás de mim.
Um motorista grosso grita furioso:
— Vai continuar parado aí?
Só agora percebo que estou em frente ao semáforo e ele está no permitido para prosseguir. Acelero e em poucos minutos estou em frente à Universidade da Califórnia em Los Angeles. Direciono ao estacionamento e desligo o carro. Assim que saio uma senhora de cabelos e olhos negros sai apressada de seu carro deixando seu material cair. Corro para ajudá-la a pegar suas coisas e quando olho mais diretamente vejo que é a minha professora Pamela que por sinal, a minha primeira aula é com ela.
— Obrigada! — Agradece gentilmente. — Bom dia, querida! Boa aula para você! — Fala e sai apressada.
Ainda fico lá parada sem reação. Como que a primeira pessoa que vejo e com quem tenho a minha primeira conversa, melhor, palavras, é a tão temida professora Pamela? Ela nem parece como dizem por aí. Espere! Estou atrasada! Pego rapidamente minha bolsa no carro e corro para o campus onde terei minhas aulas. Na correria acabo me esbarrando em um corpo musculoso e caio de bunda no chão.
— Olha por onde anda, garota! — Diz em tom rude.
Me levanto, pego minha bolsa e me desculpo com o ignorante:
— Desculpe, é que acabei de chegar e...
— Mesma ladainha de sempre! — Fala com deboche.
Me esquivo e ouço alguém o chamar:
— Vamos, Natan! A velha vai pegar no seu pé.
Não sei ao que ele se refere, nem me importo. Só corro em direção à sala e entro, ainda bem que a professora ainda não chegou. Ando um pouco para o meio da sala e me sento. Assim que respiro, a professora entra e aquele babaca também. Ele me olha com desdém, viro meu olhar e me concentro na aula. Não sei por que mas sinto que conheço ele. De onde? Não faço ideia.
A aula foi muito produtiva, anotei muitas coisas importantes, posso constatar que de fato, a professora Pamela faz jus às suas competências tão bem elogiadas, a mulher é um monstro no quesito ensino. Amei a aula!
Saindo da sala vou até o banheiro. Ao longe escuto a voz do ignorante e corro na direção do estacionamento. Não sei o porquê, mas sinto que devo fugir desse lugar. O ignorante está vindo também para o estacionamento. Por quê? Será algum tipo de pervertido? Por instinto entro no meu carro, ligo ele e saio da Universidade sem rumo. Quem era aquele cara? Por que não me sinto bem olhando para ele? De onde eu o conheço?
Fico me perguntando enquanto dirijo em alta velocidade. De repente já está de noite... muito estranho, acabei de sair da Universidade e nem era a hora do almoço! Estaciono meu carro em frente à uma casa com uma arquitetura impressionante e moderna, pintada nas cores preta e branca, apenas o jardim com sua grama verdinha e uns vasos com flores coloridas quebrava aquele tom sério e minimalista da casa à minha frente. Eu me lembro dessa casa... essa casa é a... casa... não pode ser? A casa de meus pais!?
Saio do carro com minha respiração ofegante e fixo meu olhar na direção da casa, como se meus olhos insistissem em mirar aquela bela obra de arte. Um fogo abrasador começa a invadi-la, não sei como ou de onde começou, mas começa a tomar conta de todos os espaços e cômodos. Um casal muito bonito estaciona seu carro bem próximo do meu e saem andando na minha direção... A mulher grita:
— Amor! A nossa casa!
— Venha querida, vamos sair daqui! — Ele diz já puxando ela para entrar no carro novamente.
— O bebê!? — Ela grita.
— Que bebê? — Eu pergunto assustada, mas os dois não me ouvem.
Só então escuto o choro alto do bebê dentro daquela casa em chamas. Olho para a casa e logo em seguida para o casal que estão agora parados, assustados com a aproximação de dois homens.
— Não vão salvar o bebê? — Grito nervosa.
De repente um dos homens atira a queima roupa contra o casal e eles caem mortos no chão. Fico apavorada e não sei como reagir. Deslizo sobre meu carro ficando agachada, sei me defender em situações adversas, mas não tenho nenhuma arma comigo. Será que os bandidos me viram? Minha nossa! O bebê!? Ele ainda está vivo?
Ouço o som de um carro saindo em alta velocidade, sinal que os homens se foram e então me levanto. Sinto algo estranho acontecendo comigo, algo quente descendo por minhas pernas, nervosismo? Não sei. Olho para ver se estou fazendo xixi na minha roupa e não vejo nada a mais que sangue... sangue? Por que estou sangrando?
— Espera... Por que minha barriga está enorme? Eu estava... nesse momento... na Universidade, não estava? E o bebê? — Grito desesperada.
Fico sem conseguir me mover e raciocinar sobre o que está me acontecendo nesse exato momento. Uma mão grande puxa com força o meu braço e eu desperto do transe, sinto dores fortes na região do meu abdômen. Olho nos olhos da pessoa que está me segurando e vejo um sorriso cínico nos lábios dele:
— Achou que iria fugir de mim? — Ele me diz e sinto meu corpo estremecer com sua pergunta.
— O... o ..que... que você quer de mim? — Interrogo o ser ignorante.
— Por causa de sua maldita família, preciso me casar com você...
— Casar? Como assim casar?
Vejo impaciência em seu rosto e quando ele levanta a outra mão que está livre para me bater eu dou um grito:
— Pára! — E desperto.
Abro meus olhos e vejo que estou no meu quarto, sentada em minha escrivaninha com apenas meu notebook ligado. Meu coração está batendo acelerado. E sinto minha bexiga cheia. Ainda bem que não diz xixi na roupa.
Olho na direção da janela que estava ainda aberta e vejo que está escuro. No computador o relógio marca meia-noite. Respiro fundo e digo para mim mesma:
— Foi só um pesadelo. Isso! Um pesadelo, nada mais! Deveria ter deixado essa pesquisa para depois. Estou tão viciada em romances que estou tendo pesadelos com eles. Minha nossa! O vovô vai me matar se descobri que deixei a casa aberta e tirei um cochilo e acordei à meia-noite!
Abri uma das abas do computador e lá estava o infeliz do meu sonho. Estava pesquisando sobre minha nova Universidade e o playboy Natan Stewart estava nas principais manchetes. O cara é egocêntrico! Cruzes! Me levanto e vou até o banheiro tomar um banho quente para relaxar. Antes de entrar no box encaro o meu reflexo no espelho vejo o quanto estou acabada... muitas noites mal dormidas ultimamente, depois de descobrir uma pequena pista sobre os meus pais, tenho estado tão focada nesse assunto que minha ansiedade está me deixando com insônia e quando durmo, tenho uma série de pesadelos.
Fico até com medo desses pesadelos, às vezes, um detalhe ou outro acaba acontecendo de verdade. Digo isso porque em alguns momentos que passei, de fato foi como estivesse estando em um dejavu. Um deles foi quando eu tinha uns 6 anos de idade e eu tive um pesadelo com meu avô. Naquele sonho ruim eu via meu avô com problemas nos olhos e depois em uma sala de cirurgia, e isso de fato aconteceu. Outro foi quando estávamos na Itália de viagem e eu via uma menina desgarrar da mãe e ser atropelada. Esse episódio só não foi fatal no acontecimento real porque meu avô conseguiu segurar a garota. Mas parece que eu já tinha passado por aquilo antes.
Fico aqui imaginando quais pontos desse pesadelo será real um dia... Alguns acontecimentos de fato já ocorreram, como a morte dos meus pais e a destruição da nossa casa em Los Angeles, mas... Bato com as minhas duas mãos em cada lado do meu rosto e deixo essas dúvidas de lado. Entro e tomo o meu banho.
Saindo do box depois de estar com meu corpo relaxado, vou até o meu guarda-roupa e a primeira foto que vejo é a dos meus pais, em frente àquela casa maravilhosa do sonho. Uma lágrima rola pelo meu rosto, enxugo-a e me apresso para trancar as portas da casa. Vai que tem um pervertido a espreita. Não posso dar bobeira!
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Angela Maria Dos Santos
por enquanto p mim tá confuso,vou ler mais pra ver se melhora!
2025-01-20
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Renascida das cinzas
tô falando!!! tem coisa aí nessas fugas do avô dela. Os pais dela não foram mortos em simples assalto.
2024-10-20
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Renascida das cinzas
tô achando que os pais dela não morreram como o avô conta... e que ela deve ter algum bloqueio traumático e só "lembra" o quê o avô fala... e talvez por isso o avô nunca para fixo em um lugar.
2024-10-20
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