Matrimônio Por Contrato

Matrimônio Por Contrato

Pobre destino

Mel acordou cedo naquela manhã. O sol entrava timidamente pela janela, iluminando um quarto que parecia distante da vida que ela sonhava. A verdade esmagadora estava clara para ela: sua vida nunca mais seria a mesma.

Seu pai não estava mais ali. A mãe, há muito tempo, já tinha partido também. Ela não tinha mais família — não irmãos, não tios, nada. Apenas alguns amigos da escola que, apesar do afeto, não substituíam a solidão que sentia.

Agora, havia apenas Carlos. O tutor que seu pai deixara para cuidar dela, um velho amigo que, em troca de pagar todas as suas dívidas, exigia algo inimaginável: casar-se com Mel quando ela completasse 18 anos — um futuro próximo que a aterrorizava e ao mesmo tempo a fazia sonhar.

Mel se levantou, respirou fundo e escolheu sua melhor roupa — a última resistência contra a infantilização que Carlos insistia em impor. Afinal, ele não a via como uma jovem mulher, mas como uma criança, e precisava do casamento apenas para enganar sua mãe, que o pressionava sem descanso.

Mas Mel não queria ser vista assim — ela amava Carlos desde muito nova. Sonhava com ele, esperava seu reconhecimento. Contudo, ele a via como imatura, fria e sem brilho.

O telefone tocou.

— Mel, bom dia — a voz firme de Carlos ecoou. — Até completar seus 18 anos, você morará em minha casa. Depois, nos casamos por aparência. Mas não espere que eu fique te vendo por perto, vou sumir da sua vida, pode ficar tranquila.

— Mel? — ele esperou.

— Ok — respondeu ela, seca.

— Meu motorista já deve estar a caminho. Não traga nada, não quero ver você por aí vestida com trapos que me dão nojo e raiva. Tudo bem? — finalizou ele, com sua habitual frieza.

— Ok — repetiu Mel, desligando.

Poucos minutos depois, o carro chegou à mansão.

O motorista abriu a porta:

— Precisa de algo mais?

— Não — respondeu Mel, em pensamento suspirando. Aff, que vida triste a minha...

Na mansão, quem a recebeu foi Maria, a governanta que, apesar da solidão que sentia, sempre encontrava forças para ajudar Mel.

— Menina, como você cresceu! Já é uma mulher, hein? Que menina incrível você está! — exclamou Maria, com um sorriso acolhedor.

— Bem, na medida do possível — respondeu Mel, um pouco tímida.

— E esse uniforme? Assim você vai para a escola, fazer fila de meninos? — Maria perguntou, rindo.

— Faço, mas ainda reluto — confessou Mel, rindo também.

— E sua bagagem? — perguntou Maria.

— O Carlos não deixou eu trazer nada. Só trouxe essa mala com algumas coisas importantes. Ele disse que eu só uso trapos.

Maria suspirou.

— Não dê ouvidos a ele, minha menina. Esse amargor vai mudar, você vai ver.

Mas Mel, com o olhar frio, respondeu:

— Não me importo.

Ela não sabia que, próximo dali, Carlos escutava tudo.

— Que roupa são essas, mocinha? — perguntou, com a voz cortante, do carro.

— Meu uniforme — respondeu ela, firme.

— Não é não! — retrucou ele.

— É sim! — insistiu Mel.

— Maria, vá com ela na escola e compre um uniforme decente para ela. Não, 10, por favor! Maria, compre roupas novas e infantis. Bebê não usa roupa curta mostrando as pernas! — ordenou Carlos, com autoridade.

— Sim, senhor Carlos — respondeu Maria.

Mel, irritada, saiu pisando forte.

— Nunca! — declarou antes de ir embora.

Carlos observou firme.

— Hoje ela não vai pra escola, não. Não vou permitir que saia assim jamais!

Mais tarde, após Maria mostrar o quarto, Mel sentou-se na sacada, observando a mansão onde passou sua infância entre brincadeiras e sonhos.

Pensava consigo mesma:

Por que será que o Carlos é assim comigo? Ele foi tão protetor, cuidadoso, carinhoso... meu príncipe no meu aniversário de 15 anos. Mas tudo mudou quando fiz 16. Ele implicava com tudo: minha roupa, cabelo, até minha autoestima. Comecei a me achar feia, mesmo ouvindo que sou bonita.

Enquanto isso, Carlos estava longe, em seus próprios pensamentos:

Essa menina está passando dos limites. Se acha que vai se vestir desse jeito, está muito enganada. Hoje vou sair para beber, encontrar umas mulheres, e não quero ver a cara dela quando chegar. Melhor eu chegar tarde.

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Comments

Fatima Maria

Fatima Maria

COMEÇANDO A LER AGORA 14: 32 HS E JÁ GOSTANDO DA HISTÓRIA 25/11/2024. AGORA VAMOS QUE VAMOS LER ESTE GRANDE LIVRO 📙 BJOSSSSSS 💋💋💋💋💋💋💋💋💋❤

2024-11-26

0

Luisa Nascimento

Luisa Nascimento

Vou que vou. Começando hoje em: 20/01/2025 às 20:48. gostando já!😍😍

2025-01-29

0

Solaní Rosa

Solaní Rosa

começando hoje 26/11/24 esse Carlos é lindo mais é um escroto

2024-11-27

0

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