Assim que entrei na sala, vi que não tinha mais ninguém ali e isso me deixou ainda mais nervosa. Pensar em ficar sozinha em uma sala com aquele homem, não era algo que eu estava esperando. Mas, "agir naturalmente" esse era o meu lema.
Toda a sala era muito chique e luxuosa como todo o restante do prédio. Era rodeada por enormes janelas e o chão era revestido por um carpete bege felpudo, dando um ar mais confortável ao ambiente.
O Sr. Hoffmann tirou o seu paletó, o colocando por cima do sofá preto no centro da sala, ficando apenas de camisa branca e gravata. Dava para ver seus braços musculosos por baixo das mangas da camisa, mas eu procurei afastar esses pensamentos impuros. Então, ele olhou para mim e apontou para uma das poltronas em frente ao sofá.
- Pode sentar.
Fui até a poltrona e me sentei, um pouco tímida. Ele olhava para mim, analisando cada movimento meu. Eu sei que eu tinha ido até ali exatamente para isso, mas não imaginava que fosse me sentir tão desconfortável.
- Tudo bem com você, senhorita Olivia? - perguntou ele, em pé,
enquanto ajeitava a gravata.
- Tudo ótimo... - respondi.
- Alexandre Hoffmann, CEO da agência Hoffmann, muito prazer. - se apresentou ele,
estendendo a mão para mim.
- Muito prazer… - falei, retribuindo o aperto de mão. "Então ele realmente é o CEO da agência, como eu suspeitava!", pensei, um pouco chocada.
- É a sua primeira avaliação?
- Sim.
- Não se preocupe, é normal ficar nervosa.
- Apenas relaxe.
Ele sentou no sofá e me encarou de um modo intenso como se quisesse ler a minha alma. Não consegui manter o seu olhar e olhei para as minhas mãos.
- Senhorita Olivia, você parece bastante jovem.
- Qual a sua idade mesmo?
- Dezenove.
- Realmente. Bem, vou ser direto. Porque quer ser modelo?
Essa pergunta me pegou de surpresa. Não imaginava que ele fosse perguntar isso, eu não sabia o que responder. Levantei minha cabeça e encontrei o olhar firme e decidido de um homem que era acostumado a controlar tudo e todos, então, resolvi que eu deveria ser o mais sincera e carismática possível.
- Nossa, essa me pegou de surpresa. Não imaginava que eu fosse passar por uma entrevista assim de cara, hehe. Bem, er… - pigarreei um pouco - eu sonho em ser modelo desde criança, sabe. Eu amo tudo relacionado ao mundo da moda, eu acompanho os desfiles das grifes, amo ver os Runaways das principais modelos, ah, e claro, também amo desfilar, tirar fotos, essas coisas que toda pessoa que quer ser modelo faz.
Ele permaneceu sério e indiferente, como se nada que eu disse o tivesse surpreendido. Então, desviou os olhos de mim e pegou uma pasta cinza de cima de uma mesa. Após isso, abriu a pasta e tirou de dentro as quatro fotos que eu tinha enviado na inscrição. Ele as olhou uma por uma rapidamente e depois, olhou para mim. Comecei a pensar que ele tinha achado algum defeito em mim.
- Estou surpreso. Você é mais bonita pessoalmente do que nas fotos. Muitas pessoas enviam fotos bonitas, mas na realidade não são tão bonitas quanto nas fotos. Já você, é o contrário.
- Obrigada…
- Você já passou por algum procedimento estético? Cirurgia plástica?
- Não, eu não tenho dinheiro para isso, Sr. Hoffmann. - respondi, não conseguindo conter um riso nervoso - E mesmo se tivesse, não acho que pagar uma cirurgia plástica seria uma das minhas prioridades.
- Porque? Muitas garotas da sua idade ou até mais novas já passaram por algum tipo de procedimento.
- Mas eu não. Eu não gastaria dinheiro com isso. Eu moro sozinha com a minha mãe desde que meu pai morreu. Eu sei o que ela já passou para me dar uma vida melhor, então, não acho que seria justo gastar dinheiro com algo tão supérfluo. Eu moro na área mais pobre da cidade e lá, cirurgias plásticas não são o sonho de consumo de ninguém, acredite…
O olhar do Sr. Hoffmann, por um momento, ficou mais leve, diferente da frieza com que estava me olhando antes. Ele colocou as minhas fotos dentro da pasta de novo e coçou um pouco o queixo.
- Bem, de qualquer forma, a sua situação financeira não é o foco aqui.
Ele então, se aproximou de mim e tocou no meu ombro.
- Pode levantar.
Eu me levantei da poltrona, ficando em pé, de frente para ele. Ele colocou as mãos em cima dos meus ombros e com um ar de professor, falou.
- Caminhe da porta até aqui, da forma mais natural que conseguir.
- Caminhar como em uma passarela?
- Não, apenas caminhe normal, não pense em nenhuma passarela.
Ele se afastou um pouco de mim e cruzou os braços e então, eu fui até a porta e comecei a caminhar.
- Olhe para a frente.
Segui o que ele disse e olhei direto para a frente.
- Mais uma vez. Vai até lá e volta.
Fui até a porta de novo e repeti a caminhada, mas dessa vez, olhando mais fixamente para a frente. Senti ele analisando cada detalhe em mim, enquanto eu andava para lá e para cá, dentro da sala.
- Levanta só um pouco mais o queixo.
Levantei um pouco mais o queixo, mas senti que não fiquei muito natural.
- Pode parar.
Parei de andar na metade do caminho e então, Sr. Hoffmann veio em minha direção. Eu permaneci parada, enquanto ele veio até mim e levantou um pouco meu queixo com a própria mão. Sua mão grande e firme tocou no meu queixo, enquanto a outra segurou a minha nuca. Senti um arrepio nesse momento, ele era muito alto e imponente. Ele ajustou a minha postura com as próprias mãos, tocando em mim, como se eu fosse uma boneca ajustável e então, se afastou.
- Continue. - falou ele, com uma voz mais profunda.
Continuei a andar com a postura ajustada e então, olhei para ele. Seu olhar estava focado no meu corpo, como se eu fosse sua mais nova aquisição. Dei meia volta e voltei a andar na sua frente, tentando manter a postura ajustada, até que ele me interrompeu.
- Ok, o teste acabou. Nota 6. - disse ele, em tom seco.
- Isso significa que… - falei, um pouco insegura, parada no meio da sala.
- Significa que você tem talento, mas ainda muito a melhorar.
- Eu fui reprovada?
- Eu não falei nada disso.
Ele foi até um telefone sem fio em cima de uma mesinha de vidro.
- Mande o contrato especial. Temos uma nova modelo na agência.
Ele desligou o telefone, sem falar mais nada e então, veio até mim. Eu estava completamente confusa, com os dedos entrelaçados por cima das coxas.
- Seja bem vinda a agência, senhorita Olivia.
Por um momento, meu coração parou. Eu não soube como expressar a alegria que eu senti naquele momento, era algo tão inacreditável que eu apenas fiquei sem reação.
- Preparada? - indagou ele.
- Sim, muito! - respondi, entusiasmada.
Ele tirou o celular do bolso e começou a mexer nele com uma caneta.
- Aqui, você terá um longo caminho pela frente. Eu vou ser seu chefe e treinador daqui em diante. Mas, saiba que eu não pego levo com ninguém, a rotina vai ser rigorosa e meu método de treinamento é diferente de todos os outros, então, não se assuste. Você vai passar por um treinamento antes de debutar como modelo.
- Esse treinamento é pago? - perguntei, receosa.
Uma das minhas maiores preocupações era com o dinheiro.
- Considerando sua situação financeira, não é pago. Na verdade, eu… abri uma exceção para você, isso é muito raro de acontecer, então, agradeça a mim.
- Ah, muito obrigada, Sr. Hoffmann, eu não sei como agradecer!
Nesse momento, ele me olhou de relance, tirando seus olhos do celular. Então, deu um leve sorriso no canto dos lábios.
- Tudo bem. Você é uma boa garota, ainda tem muito o que aprender.
- Obrigada, eu vou sim! - respondi, animada.
Nossos olhos se encontraram por um breve momento, então, desviamos o olhar um pouco desconcertados. Nessa hora, alguém entrou pela porta de vidro, pedindo licença. Era um homem franzino de terno e segurando vários papéis e uma caneta. Claramente, era um funcionário da agência. Ele se aproximou da mesa onde estava o Sr. Hoffmann e colocou os papéis em cima da mesa.
- Está aqui, senhor, o contrato. - falou o funcionário.
- Ok, pode deixar aí.
- Disponha.
O funcionário saiu da sala, enquanto eu olhava para os papéis em cima da mesa.
- Que contrato é esse? - perguntei, enquanto me aproximava da mesa.
- É o contrato especial de modelo. Vai ter que assinar isso. Após assinar esse contrato você se compromete a não se inscrever em nenhuma outra agência e nem usar sua imagem de forma independente ou para terceiros. Você e sua imagem vão pertencer somente a essa agência por um ano inteiro.
- Um ano? Então, eu vou trabalhar aqui por um ano?
- Exatamente. Surpresa?
- Sim! Nunca imaginei que fosse ser modelo daqui, é tão grandioso! Parece um sonho! -
- Quando me inscrevi, não imaginava que seria aceita, mas agora, tudo está se realizando!
Olhei para o Sr. Hoffmann e só então, percebi que talvez estivesse falando um pouco demais.
- Desculpe, eu acho que me animei demais…
O Sr. Hoffmann permaneceu do mesmo modo, só que com uma expressão um pouco mais leve e menos rígida.
- Aqui, a caneta. - falou ele, me entregando uma caneta dourada.
Eu me sentei diante da mesa, assumindo um tom sério e com a caneta nas mãos, procurei a linha para assinar. Então, escrevi minha assinatura por cima da linha em branco. Assinei as quatro páginas do contrato e quando terminei, entreguei para o Sr. Hoffmann. Ele analisou rápido a minha assinatura e então, ligou para o seu funcionário.
- Pode autenticar, já está assinado. - falou ele, rápido, no telefone.
Eu simplesmente tinha assinado contrato com uma das melhores agências de modelos do país e não conseguia acreditar. A minha vontade era de gritar e me rolar no chão, mas como era impossível fazer isso na frente do Sr. Hoffmann, eu só ficava feliz por dentro. Mas, eu mal podia imaginar o que me esperava…
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Neca Lopes
Nossa não leu o contrato
2024-02-01
0
Carmem Damásio
o que será vai acontecer
2023-08-21
1
Cida Silva
amando a história...😍😍
2023-02-08
0