Capítulo 4 Aniversário de Kate.

Depois do jantar, os dois foram descansar. Kate havia perdido o sono e o relógio despertou exatamente na hora em que ela nascera, sete e meia da manhã. O céu estava claro, ventava pouco, ela não queria levantar, mas acabou a ouvir barulhos na janela do seu quarto, como se fossem pedras sendo atiradas sobre o vidro. Ela levanta-se, abre as cortinas, e vê o seu namorado na calçada que ficava de frente com o quarto dela.

— Amor parabéns! — Ele grita.

— Muito obrigada! então era você o engraçadinho que estava a jogar pedras na janela.

Ele sorriu.

— Tinha que inovar.

— Vai ficar o dia todo na calçada ou acha melhor entrar?

— Estava a esperar o convite.

— Preciso ir lavar o meu rosto, se quiser entrar dê mais alguns passos, se não, nos falamos depois. 

Não, ele não fora a casa de Kate e acabou indo embora.

— A campainha tocou umas cinco vezes, não ouviram nada? — pergunta Emma. 

Kate estava na biblioteca, o seu pai saiu, estava com a agenda cheia. Gabriel queria ver Kate a todo custo, mas lutou contra o impulso, por alguns momentos.

— Boa tarde! senhora Roberts, queria falar com Kate. A sua mãe o direciona até onde ela estava, a biblioteca era imensa. Tinha livros de todos os tipos e tamanhos, apostilas, atlas, dicionários antigos e algumas bíblias.

— Kate onde você está? — pergunta ele meio perdido.

— Siga a minha voz.

— Esse parece-me ser o seu lugar favorito.

— Eu amo esse lugar, antes que me esqueça, aceito ser sua acompanhante no casamento.

"Como posso-te conhecer tão pouco e estar-te amando tanto"? — Essas eram as perguntas que ele fazia a si mesmo.

— Queria-lhe contar umas coisas que acontece comigo quase todas as noites.

— Sou a todo ouvidos.

— Faz um tempo em que tenho pesadelos. — ele franziu a testa.- Sobre o quê? O que acontece durante o pesadelo? — Kate explicou-lhe que era perseguida por um homem que tentava agarrá-la a força. Ele percebeu que o semblante dela estava triste, ele levanta-se da cadeira e pega as mãos dela.

— Amor, eu, eu estou aqui não vou deixar ninguém fazer mal á você, está a ler sobre o quê?

— Castores.

— E deu para aprender algo?

— São mamíferos, anfíbios e roedores e também usam o pelo deles para fazerem chapéu — ela sorriu.

— Uma versão resumida, gostei.

— O que estava a usar para jogar na janela do meu quarto hoje de manhã?

— Pedras, costuma frequentar os cultos da igreja?

— Me afastei um pouco, fazia tempo que não vou. E você?

— Fui ontem, é estranho as meninas que vi crescer estão bem grandinhas e fica se jogando para cima da gente. Queria ver a expressão no rosto delas ao ver-te comigo.

— Eu iria gostar muito disso também — concluí ela.

- Os seus pais foram convidados para um jantar especial na minha casa, e você deve ir. — ele menciona.

— Devo? Hã! até sei o porquê. — ela balança a cabeça.

— Amor esse dia é seu, só o seu. Ela discorda e responde:

— Não, o dia é nosso.

— Hum, não me provoque. — ele ergueu a sua sobrancelha.

— Não queria insinuar nada.

— Espero que goste do jantar das suas amigas.

— Sabe quem estará lá? — perguntou ela curiosa.

- Os nossos pais, a Kris e Daniel, Jéssica, Tomas e Katherine, e algumas pessoas da igreja. Vai gostar, vai ser legal.

— Tudo bem. — o rosto de Kate fazia mostrava a sua curiosidade.

— Nos vemos à noite, tenho que ir. — ele fica a observar os ponteiros do relógio que ficava na parede da biblioteca, e já tinha se passado três horas que ele estava lá.

— O que foi? — perguntou Kate.

— Esse relógio está certo?

— Sim, saberia se não estivesse.

— Queria ficar mais tempo com você.- E...? Porque não fica?

— Só mais um pouco não vai fazer mal, o que uma domadora de cavalos faz além de acompanhá-los desde potros?

— Isso é sério?

— Sempre é. — ele franziu a testa novamente.

— Puxe uma cadeira. Ela começa a explicar que além de domar os equinos desde pequenos, também ensinava a se adaptarem conforme as mudanças de postura prática, que com o tempo se torna mais intensa. Já os mais chucros deve acostumar-se a ser apto para a montaria.

— Interessante, deve dar um pouco de trabalho.

— Quando são novos principalmente, ou quando chega um cavalo mais "selvagem", envolve paciência.

— Sempre trabalhou no Camping in the horse?

— Sim, durante as segundas e sextas.

— Quando decidiu querer seguir essa profissão?

— Foi algo que decidi de última hora e acabou a dar certo. Você faz-me tão bem, vem aqui. — ela começa a fazer carícias nas mãos dele, ele põe a sua mão direita sobre os seus cabelos e a esquerda no seu pescoço.

— Kate você está-me provocando, pare com isso! — ele exclama.

— Eu não sou esse tipo de garota, confio em você. Não vou para cama enquanto não me casar, tenho uma reputação e zelo por ela, sou pura.

— Por isso eu escolho você diariamente.

— Se carinho te provoca se controle, porque gosto de fazer isso. — ela avisa.

— Você é linda.

— Amor. — ele sorriu.- Eu amo você. — ele engoliu seco, não esperava ouvir essas palavras dela.

— O que está a acontecer com você, não me parece ser a mesma pessoa que conheci há alguns dias.

— Decidi pensar em mim e ser feliz eu não quero-te perder.

— E não vai, quero estar com você, mas agora tenho que ir para casa. — ele piscou.

Assim que ele se retirou, Kate começou a ler uma epístola antiga escrita pelo Apóstolo Paulo destinada aos cristãos que viviam em Corinto, cujo tema era "O amor é dom supremo". Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor seria como o metal que soa ou como címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimando, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno, o amor não é invejoso, o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba, mas havendo profecias, serão aniquiladas, havendo línguas, cessarão, havendo ciência, desaparecerá. porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos, mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, pensava como menino, falava como menino, sentia como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque vemos agora como por espelho, em enigma, mas então veremos face à face, agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, com também sou plenamente conhecido. Agora, pois permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. 

Coríntios 13:13.

Outra tarde que já estava a ir, o sol se escondia atrás das montanhas e Kate se preparava para a festa surpresa que a aguardava.

— Todos prontos? — Emma pergunta.

— Sim, vamos. — Rafael respondeu.

— Ela está diferente, ele está a mudar ela, sabia que o Senhor mudaria os planos dela, Kate aparece com os seus longos cabelos pretos, usando um vestido preto um pouco justo, mais comportado. A festa surpresa estava linda, decorada com flores brancas e roxas, ao centro fora posto uma mesa para presentes, tinha algumas frituras, sucos naturais, “cookies” e alguns mimos.

— Kate faz alguns dias que não nos vemos, o que aconteceu? Você parece-me ser outra pessoa.

— Tudo está diferente, estou a namorar. Penso que isso é o suficiente para estar diferente, estou a amar alguém.

— Não tenho dúvidas, você merece ser feliz. Kris abraçou Kate e cochicha a seguinte frase no seu ouvido "quero ser sua madrinha também". 

 Elas se conheciam desde crianças, e seriam amigas para sempre, uma via na outra irmã que jamais iriam ter. Gabriel as observava de longe, e vai se aproximando lentamente.

— Posso ficar com a minha namorada? Kris balançou a cabeça em sinal de aprovação. Gabriel parecia estar a querer fugir de todos ao seu redor.

— Aconteceu algo que você não gostou?

— Lembra de quando disse a você que me mudaria se soubesse de alguma promoção?

— Sim, lembro-me da nossa conversa, você irá se mudar?

— Só queria falar isso, não aceitei nada tenho que pensar melhor.

— Eu não vou impedir você ir, quero você ao meu lado, mas não vou ser egoísta e pensar só em mim.

— Obrigado por entender. — Gabriel respondeu aliviado.

— Amor, eu amo você. — Kate declarou-se apaixonada.

— Eu também. Ele estava a esperar dizer isso no momento certo, na hora certa. Ela não sabia, mas ele já a amava há um longo período, porém, manteve segredo e descrição. Não iria se aproximar, pois, sabia que Kate desprezava o amor, mas quando ficou a saber que ela também seria madrinha de Daniel Walker e Kristen Heaton, pensou ser uma oportunidade única para se aproximar.

— Tenho medo. Kate disse isso com o rosto mergulhado em lágrimas e profundos soluços. Ele abraça-a.

— Sabe que deve se libertar desse medo, seria incapaz de fazer qualquer coisa para te ferir. Eu não tenho nenhum poder sobrenatural para tirar isso de dentro de você, é algo que você tem que deixar ir embora sozinha, eu quero ajudar e também deveria pensar assim. Viva um dia de cada vez apenas, esqueça as más lembranças, ocupe-se com coisas úteis, deixe cada dia chegar sem esforço algum. Não tente controlar nada, se algo der errado conserte, depois tente novamente até acertar. 

Ela queria falar algo, mas não conseguia.

— Se você pudesse pedir algo para mim, o que iria pedir?

— Sempre pensei nessas palavras "segure a minha mão", mas não era assim que imaginava pedir.

— É assim sim, vou estar a segurar independentemente de onde você estiver no mundo.

— Me sinto melhor ouvindo você falar com tanta convicção. Ele sabia que o que ela sentia era real, mas ele tinha certeza que apesar dela tentar para mudar levaria tempo, muito tempo.

— Qual a sua estação favorita?

— Pode ser duas favoritas? — ele faz uma cara de quem não entendeu nada.

— Me explica?

— Está bem, gosto do inverno porque amo a neve e todo aquele frio que faz, mas também gosto do cheiro das flores, andar nos bosques e ver os jardins coloridos, observar as borboletas e pássaros saírem a voar pelos ares, também gosto da primavera.

— Curioso, você é cheia de mistérios. Vamos dar uma volta, vão pensar que não gostamos da sua festa surpresa.

— Estou cansada, deixem sentir nossa falta, quem preciso está ao meu lado nesse momento.

— Eu amo você. Kate se recosta nos ombros de Gabriel. 

Vi rosas dançarem com o sopro da brisa que pairava suavemente pelo ar, senti o seu perfume envolver toda aquela atmosfera cinzenta e gelada. Com o passar dos dias as rosas eram notadas por todos que admiravam o jardim, cada dia que passava elas ficavam mais charmosas e radiantes, então vi mãos querendo apanhá-las, enxerguei a escuridão através de olhares gananciosos de cada pessoa, não era mais pelo que a rosa era em si, mais no que essas pessoas poderiam pensar em fazer elas serem. Tão frágeis e indefesas, vi aquelas mãos escorrerem sangue, serem perfuradas por espinhos, aprendi que na fragilidade também à defesa, na simplicidade à beleza, que coisas e palavras passam o que resta é a sua essência.

— Esses dias sonhei com alguém parecido com você, era um rapaz alto, loiro, tinha pele clara e olhos azuis.

— Poderia até ser eu. — ele respondeu a sorrir. — Mas, só se não fosse loiro e olhos azuis. Ela franziu a testa.

— Esse rapaz tinha uma rosa nas mãos.

— E então, o que houve depois? — replicou ele.

— Nada, eu acordei.

— Bom, rosas. Para todos os efeitos podem machucar, pois tem espinhos, apesar de serem lindas e ter um cheirinho agradável.

— Vamos embora! mas primeiro tenho que me despedir. Leva-me para casa? 

— Amor, você está bem?

— Estou a sentir muitas dores no peito sinto-me fraca e um pouco cansada.

— Ei, apoie-se em mim, quer que te leve para o Centro Clínico?

— Não, logo estarei bem, só preciso descansar. Apesar de terem passado a noite a sós, tudo estava perfeito a medida do possível. Não era só ela que evitava o contato com as pessoas. Depois das despedidas ele levou-a para sua casa. A aparência dela demonstrava uma quantidade resumida da dor que estava a passar por dentro

— Tem certeza que não quer ir ao médico? — ele perguntou novamente.

— Querido, isso já é comum.

— Há quanto tempo sente essa dor?

— Acredito que uns dois anos.

- Não, isso não é normal. Você vai se cuidar, não estou pedindo, estou mandando. - ele estava sério.

— Não quero ir, vou ficar bem.

- Não me faça brigar com você. 

  A verdade era que Kate tinha traumas de hospitais e médicos.

- Está bem, eu vou. - ela decidiu enfim.

- Só quero o seu bem, agora vem aqui e me dá um abraço.

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Comments

joana Almeida lima

joana Almeida lima

Estou ansiosa pra saber o que aconteceu com essa garota pra ter se tornado deprimida e um pouco afastada das pessoas como ela mesmo diz.

2023-12-31

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