capítulo 4

Júlia segue a viagem segurando o choro de tão nervosa que ficou só de ser julgada e culpada pela situação, o motorista não faz perguntas e ao ver o estado em que ela se encontra não quis cobrar a corrida, assim que ela chega em sua casa, vai direto para o banheiro tirar toda aquela roupa, que agora é lixo, pois está toda rasgada, Júlia entra no chuveiro para tomar um banho, e só quando a mesma se olha no espelho para passar seus cremes hidratantes é que cai a ficha de que ela poderia ter morrido essa noite, ela troca de roupa para se deitar.

- Porque não paro de pensar nessa noite, meu Deus eu poderia estar morta agora, se não fosse por Miguel sabe-se lá oque poderia ter me acontecido ,mas o cretino ainda insinuou que a culpa foi minha, idiota, é por causa de homens machistas como ele que a sociedade vira um caos – Júlia ainda não se conforma de ter sido salva e acusada pelo mesmo homem e na mesma noite, ela siz em tom baixo para si mesma enquanto olha para o teto do seu quarto.

Mas Júlia também não é a única que pensa no que poderia ter acontecido naquele beco, após tomar seu banho Miguel também se deita na cama, a mesma que Júlia estava alguns minutos antes, e começa a relembrar dos fatos que o levaram até aquele beco.

- Meu Deus! Oque seria dessa garota se eu não interferisse? O pior é que fui grosseiro com ela, e não vou ter notícias dela agora, queria muito poder me redimir da minha grosseria, eu não podia ter dito aquelas coisas, ainda mais sabendo pelo que ela acabou de passar - Miguel fala para si mesmo em pensamentos também deitado na cama olhando para cima.

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Já é sábado e Júlia passou o dia todo repondo seu sono, ainda está dormindo e acorda escutando batidas na porta, apenas depois de tanta insistência que ela se levanta, ainda estando com dor, para ir abrir a porta.

- Já vai! - Júlia grita saindo da cama e indo até lá.

Júlia vai com um pouco de dificuldades até a porta afinal hoje está toda dolorida quando ela mal abre a porta, Lúcia fala irritada:

- EU POSSO SABER PORQUE DIABOS VOCÊ NÃO ME ATENDE? - Lúcia demostra estar bem furiosa por não ter notícias.

- Eu tô aqui - Júlia diz com voz de sono.

Sua amiga entrou e nem percebeu seus machucados, mas não demora muito para que ela os perceba e olha para você muito preocupada.

- Oh, amiga oque aconteceu com você? - Lúcia pergunta completamente paralisada ao ver a sua situação.

- Eu nao sei nem por onde começar, Lúcia - Júlia fecha a porta e começa a chorar.

- Calma amiga, está tudo bem vem cá - Lúcia a chama para ir até o sofá.

- Lúcia... eu... eu sofri uma tentativa de estupro - Júlia põe as mãos entre os cabelos e sua amiga vem para a abraçar e dar consolo.

As duas permanecem ali no sofá e Júlia conta tudo oque aconteceu enquanto Lúcia chora ao ouvir cada palavra a abraçando e cuidando da amiga.

- Ju, pelo amor de Deus me perdoe, Por ter te deixado sozinha - Lúcia diz ainda chorando e acariciando o rosto da advogada sentindo culpa.

- Ei Lúcia, não foi sua culpa, não tinha como você saber - Júlia segura nas mãos da amiga, tirando a possibilidade de a culpa ser dela.

- E esse rapaz aí que você disse, ele se tornou seu herói, como é o nome dele, eu preciso muito agradece-lo - Lúcia diz secando as lágrimas do rosto.

- Esse cara é um idiota não quero falar dele - Júlia também seca as lágrimas que já estavam no pescoço, mas sua cara ainda é de decepção.

- Um idiota que salvou a sua vida, minha amiga - Lúcia diz sendo sensata.

- Sim e depois se mostrou ser um babaca como todos os outros - Júlia ainda defende suas críticas sobre Miguel.

- Qual é, o que foi que ele fez que te deixou assim com tanta raiva - Lúcia pergunta querendo entender oque houve que chateou de tal forma a sua amiga.

- Nada! ele só quis insinuar que eu fui responsável pelo que me aconteceu ontem a noite - a advogada diz de forma direta.

- Sei lá amiga... é que.... você não acha que pode estar exagerando um pouco? - Lúcia diz para ela de forma amigável.

- Não! Você só pode tá tirando onda com a minha cara Lúcia - Lúcia se mostra inconformada com a insinuação de Lúcia ao seu respeito.

- Não estou tirando com a sua cara Júlia, é que.... sei lá ele salvou a sua vida, não faz sentido! - a jovem Lúcia defende sua perspectiva e ponto de vista dos fatos, em relação a Miguel.

- Eu não acredito que até a minha amiga está defendo alguém que nem sequer conhece - Júlia ainda não se conforma com os argumentos de sua amiga.

Lúcia olha para a amiga confiante do que ela disse então faz Júlia pensar também na possibilidade dela estar certa.

- Inferno - Júlia fala num tom auto e sapateia no chão enquanto o seu celular toca na sequência.

Na ligação é uma colega da advocacia onde ela trabalha, Júlia atende para ver oque houve.

LIGAÇÃO ONN

- Oi Ju, preciso muito da sua ajuda - uma voz feminina diz do outro lado da linha assim que Júlia aceita a ligação.

- Oi Nanda, pode dizer estou ouvindo - Júlia fala para que a mulher continue.

- Estou com um caso de agressão, para resolver agora, mas não vou poder comparecer, você poderia, por favor, ir em meu lugar? - Fernanda diz estando um pouco apreensiva com a situação, passa desespero pela voz trêmula.

- Não sei não Fernanda, estou resolvendo alguns problemas aqui em... - Júlia tenta não se envolver até por causa da sua condição física mas sua colega a interrompe movente.

- Júlia você sabe que não te pediria nada se não fosse extremamente importante, minha mãe teve um AVC e está agora no hospital, não consigo estar em dois lugares diferentes, quebra esse galho pra mim por favor - ela diz como se estivesse desesperada ao interromper.

- Nanda, pode ficar tranquila, eu vou sim, vai cuidar da sua mãe tá bom - mesmo sabendo que ela não estaria em condições de ir, Júlia não deixa sua colega na mão e assume o caso para Fernanda poder cuidar da mãe.

- Obrigada Ju - Fernanda agradece e passa a impressão de estar chorando.

- Não se preocupe com nada, apenas com sua mãe e me passa as informações pelo watts, que já estou indo está bem! - Júlia confirma sua presença para tranquiliza-la ainda mais.

LIGAÇÃO OFF

Júlia desliga o celular e tenta, na medida do possível, trocar de roupa o mais rápido possível.

- Oque houve? - Lúcia, que está sentada pergunta ao ver a amiga com tanta pressa.

- Tenho que ir para a delegacia agora, a Fernanda, que trabalha comigo está com um caso de agressão contra a mulher e não vai poder ir, você pode me dar carona até lá? - Júlia fala enquanto se troca.

- Mas é claro que eu te levo, afinal seu carro está ainda na oficina, não é mesmo? - Lúcia da um sorriso ao ver o entusiasmo dela pela profissão.

- Poisé, e eu só pego ele na semana que vem aínda! - Júlia também sorri para ela, afinal de contas, elas duas são amigas sempre, mesmo que não concordem sempre.

- Vamos lá então, eu te levo e depois passo te buscar, está bem! - Lúcia diz levantando-se só sofá e arrumando os cabelos.

Assim que Júlia termina de se arrumar as duas pegam suas bolsas e vão até o carro, Fernanda já enviou todas as informações necessárias para o caso pelo whatsapp de Júlia enquanto Lúcia dirige ela as lê.

Júlia opta também por vestir algo mais confortável para que não machuque ainda mais seus machucados próximo da sua barriga. Ela veste então:

...

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