CAPÍTULO 4

A enorme mansão se estende para muito além de onde a vista de Nina, embaçada pelas lágrimas, poderia alcançar. Ela verdadeiramente compreende o motivo pelo qual a propriedade se chama Império, pois é semelhante a um suntuoso palácio de um rei.

E como um tirano, Dominic sobre ela se impõe, fazendo-a ser a prisioneira desse castelo.

Ao chegar, Nina é conduzida por Carson Fergunson, o mordomo e a única pessoa que lhe demonstra algum resquício de humanidade.

— Senhorita D´Ávila, esse é o seu quarto.

— É o mesmo do sonho. — Ela repete enganosamente, pois agora sabe que esteve ali ao lado do CEO.

— A senhorita encontrará roupas limpas no closet. Por favor, se arrume para esperar o senhor. Ele quer vê-la assim que chegar de suas reuniões.

— Tudo bem. — Resignada, ela concorda, desejando arrancar de sua pele o cheiro que o seu algoz deixou-lhe. — Preciso tirar isso de mim.

Após sair do banho, Nina encontra em seu quarto um dos seguranças que a direciona a uma enorme sala escura, com apenas uma poltrona no meio. Ele a joga e se retira, deixando-a.

— Agora que não tem como fugir, espero que não tente mentir mais uma vez. — Ela olha ao redor, mas não identifica de onde saiu a voz.

— Onde você está, seu covarde?

— Em todo lugar, Nina. Sempre estou em todo lugar e você não me pegará desprevenido mais uma vez. Conectem-na.

Carson surge com um homem engravatado, que começa a conectá-la em fios e o som do pulsar do seu coração invade o local.

— O que é isso?

— Um polígrafo. O famoso detector de mentiras. — Explica o mordomo.

— Graças a Deus! — Exclama, acreditando que a verdade finalmente virá à tona.— Poderei ir embora quando acabar?

— Nome?

— Nina D’Ávila. — Responde, quando compreende que é melhor fazer o que pedem.

— O que estava fazendo há três anos atrás?

— Trabalhando. Escrevia um novo livro…

— Nada além disso?

— Em absoluto!

— Nina, nessa data você deveria estar grávida.

— Insisto que isso é impossível.

Carson estranha os resultados do teste, pois indicam que a jovem moça fala a verdade, tal como traduzido em seus olhos amedrontados. Mas prossegue, conforme determinado por Dominic, que ouve todas as respostas em uma sala anexa.

— Senhorita, segundo nossa investigação, a senhorita se trancou em sua casa por todo um ano, foi a um hospital por exatas quarenta semanas, na calada da noite e, desde então, retomou a sua vida normal. Até mesmo suas roupas mudaram naquele ínterim. Escondia a barriga para que ninguém notasse?

— Eu estava escrevendo! Tinha uma série de livros para terminar e produzir de casa, pois lá sou mais eficiente! Não há crianças, mas sim “A esposa do Magnata”, meu livro de maior sucesso!

— E onde estava no ano novo anterior a esse período?

— Estava com minha família! Eu sempre… — Nina se cala, quando se recorda que não é bem vinda em sua própria casa há quase seis anos.

— Você estava na cama do Senhor Byron! Se ofereceu em um ardil!

— E por que eu faria tal coisa? Isso não tem sentido… Um homem cruel como ele? Asqueroso! Eu jamais me entregaria por vontade própria!

Do outro lado, o CEO aperta suas mãos em fúria diante da resposta da mãe de seu filho. Chama-o asqueroso, mas deu-se espontânea e ardilosamente anos atrás. E ele sabe o que seu corpo sentiu quando a tomou para si uma e outra vez na última semana.

— Mulher cretina e mentirosa! — Brada, encaminhando-se ao local. Aproxima-se e segurando-a pelo rosto, apertando seu maxilar. — Você se jogou como uma qualquer! — Os olhos claros de Nina se agigantam em temor.

— Eu não tinha motivo para isso!

— Não? Mas eu encontrei um muito contundente. — Diz cheio de si. — Não passa de uma adotada da família D´Ávila. Inveja a sua irmã a tanto tempo, mas como não? Uma autora de quinta categoria contra uma influencer, socialite, modelo e futura esposa de um dos homens mais ricos do país, dominante no setor de cosméticos. Como vencê-la, quando ela sempre é melhor em tudo? Conseguindo simplesmente o homem mais rico da atualidade no mundo. Não passa de uma caça fortuna com ares de inocência! Nega? Nega que sempre teve inveja de Dora?

— É mentira! — Ele sorri, quando a lágrima dela escorre e sua negativa se mostra falsa no polígrafo.

— É mentira que sempre quis superá-la? — O CEO ri irônico, quando percebe que nem mesmo o detector salva-a.

— É mentira! — Nina se desespera, quando percebe que mesmo confessando a verdade, a única mentira que sempre contou a todos foi escancarada.

E o impiedoso CEO parece compreender equivocadamente com sua constante arrogância.

— Ficou grávida e como sequer me recordei, escondeu de todos… Pretendia fazer fortuna, Nina?

— Tão bem você julga me conhecer, mas apenas prova a cada segundo que sua prepotência te impede de ver com clareza o que acontece na sua própria vida! Se baseia em suas próprias convicções para decidir sobre mim e isso tudo é uma grande besteira!

Ela não sentia inveja de Dora, mas inveja do fato da irmã ter levado embora tudo o que um dia lhe pertenceu. O amor dos pais, a consideração da família e o amor da sua vida.

Não lhe restou nada.

Ela não deseja ser Dora, apenas anseia ter de volta o que perdeu.

— Seu coração acelera quando o assunto é Dora e suas mentiras. Acelera quando recordo-a da criança que está sozinha em algum lugar, apenas porque a própria mãe não diz a verdade!

— Se eu engravidasse de você, esteja certo de que abortaria!

O impacto das palavras de Nina atordoam Dominic, cujo semblante torna-se uma máscara de fúria e incompreensão.

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