Uma corrida pela vida!

Após sairmos do restaurante, caminhamos até o pátio, onde todos os carros dos clientes estavam estacionados. Pela primeira vez, pude olhar ao redor com calma, sem a adrenalina da fuga turvando minha percepção. O lugar era bonito—mais do que eu esperava. Árvores frondosas se espalhavam pelo espaço, suas folhas dançavam suavemente ao sabor do vento, e a grama brilhava em um verde vibrante, impecável. Um lago artificial repousava no centro, abrigando pequenos peixes que nadavam em círculos tranquilos. Para minha surpresa, havia peixes cor de rosa—uma visão quase surreal. Nenhum lixo no chão, nenhuma sujeira visível. Era um lugar perfeito para uma refeição em paz. Paz… se ao menos eu pudesse desfrutá-la.

Gustav começou a andar, e eu o segui sem questionar. Seus passos eram firmes, decididos, como se soubesse exatamente para onde me levar. Estranhamente, nos dirigíamos para o fim do estacionamento, onde poucos carros estavam estacionados. Algo nisso me parecia incomum, mas logo avistei o veículo ao qual ele nos conduzia.

Nunca fui boa com modelos de carros. Não sabia se era um Fusca ou uma caminhonete, mas sua aparência me chamou atenção de imediato. A pintura brilhava ao ser beijada pelos raios do sol, transformando-se em um espelho que refletia o ambiente ao redor. Por dentro, era revestido de couro sintético preto—e eu gostei disso. O toque sofisticado me fez sentir que aquele carro possuía história, personalidade.

Entramos. Gustav girou a chave na ignição, e o motor rugiu suavemente. O som me fez lembrar do meu pai. Uma memória fugaz, distante, como uma brisa tocando meu rosto e desaparecendo antes que eu pudesse segurá-la. Suspirei, afastando os pensamentos. Não era hora de me perder em lembranças.

Saímos do estacionamento e pegamos a estrada. A paisagem do lado de fora se movia rápido, como se o mundo corresse ao contrário. As nuvens no céu formavam desenhos estranhos, e eu tentava identificar formas familiares, um hábito infantil que nunca abandonei. Mas a inquietação dentro de mim crescia. Alguma coisa estava errada. Eu sentia. Era um pressentimento denso, opressor, como se algo estivesse prestes a acontecer—algo ruim.

Dois longos e silenciosos minutos se passaram, e eu continuei observando pela janela. Pelo relógio digital acoplado ao rádio do carro, já havíamos rodado por quase duas horas quando finalmente chegamos a uma cidade. O cheiro de maresia tomou conta do ar, e tudo ao redor gritava "cidade portuária turística". Barcos por todos os lados—de verdade, em miniaturas, em pinturas espalhadas pelos estabelecimentos. Até um restaurante em formato de barco existia ali.

Mas algo interrompeu minha breve fascinação.

Assim que passamos pelo arco de entrada da cidade, notei um carro preto atrás de nós. Os vidros eram escuros, impossibilitando a visão de quem estava dentro. A angústia se instalou no meu peito como um peso sufocante.

Gustav notou meu nervosismo e olhou pelo retrovisor. Sem que eu precisasse dizer nada, ele compreendeu. Pedi para que ele entrasse em algumas ruas aleatórias, desse algumas voltas, apenas para confirmar se realmente estavam nos seguindo. Ele aceitou a ideia sem hesitar. Mas transformou a simples tentativa em um verdadeiro labirinto, se movendo por becos e avenidas como um jogador experiente. O problema? Eu não sabia mais como sair dali. Estávamos completamente perdidos.

Mas pior do que estar perdida era saber que, apesar de todas as voltas e desvios, o carro preto ainda estava atrás de nós.

Gustav não perdeu tempo. Encontrou uma saída rápida e pegou a estrada novamente. Meu coração estava disparado. Olhei para trás e vi o veículo nos perseguindo implacavelmente.

Quando me virei para frente, meu estômago despencou.

O velocímetro marcava quase 200 km/h.

— Gustav... — murmurei, minha voz presa na garganta.

— Fique tranquila. Eu sei o que estou fazendo. — Sua voz era firme, como se realmente estivesse no controle.

Eu queria acreditar nele. Queria confiar. Mas era difícil quando cada fibra do meu corpo me dizia que isso não terminaria bem. Tentei respirar fundo, manter a calma. Inspirei lentamente e soltei o ar devagar.

Foi então que um disparo ecoou.

Meus olhos se arregalaram. Me virei imediatamente para trás. O carro preto havia começado a atirar contra nós.

Meu corpo inteiro congelou.

— São pistolas inglesas. As balas não atravessam essa lataria. — Gustav disse, como se isso fosse algum tipo de consolo.

Mas para mim, aquilo era grego. Não entendia nada sobre armas, sobre resistência de carros. A única coisa que eu sabia era que estavam tentando nos matar. E a cada minuto eu sentia meu desespero se aprofundar.

Será que já posso chorar agora, ou espero mais um pouquinho?

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Comments

Ana Uchirra

Ana Uchirra

sério eu tô amando isso

2023-01-13

1

Anonymous

Anonymous

carai a prota não tem 1 minuto de paz :/

2021-11-25

2

Ver todos
Capítulos
1 O encontro
2 Que barulho foi esse !!?
3 Uma corrida pela vida!
4 Onde estamos?
5 Rostinho delicados
6 Quem é ele?
7 O Começo de tudo!
8 Quem é essa outra garota?
9 Um pequeno presente, ou não.
10 A garota de metal
11 Seu nome é ....
12 Um dia de compra
13 Quem poderá nos salvar?
14 O engarrafamento
15 Uma aconchegante manhã.... ou quase!
16 As crianças
17 nó sobre nó
18 A pequena fuga
19 Um pequeno probleminha
20 O fim do coma...
21 O que é isso em minha casa?
22 O dia das bruxas
23 Dois de Novembro
24 O desenrolar da briga
25 Vamos as compras
26 Bati em algo
27 Que lugar é esse?
28 A bela cidade de pedra
29 Com o barulho do despertador
30 Despertador e a adormecida
31 Não é hora de visitas...
32 O Garoto medroso
33 O passado de Gustav
34 A fronteira
35 Por que essa decisão?
36 Hajime, a primogênita
37 A babá eletrônica
38 A grande árvore
39 A famosa véspera
40 Então é natal...
41 A grande ceia
42 O réveillon da grande familia
43 Gustav?
44 O que eu faço?
45 O que ele faz por aqui?
46 E a história se repete
47 A Bruxa e a escada...
48 Fazer ou Não fazer, eis a questão!
49 O que é aquilo no jardim?
50 A chamada...
51 A origem da foto...
52 A grande viagem
53 Finalmente o grande dia...
54 O Detector
55 A grande festa
56 O que fazem durante a viagem?
57 Uma escolha difícil
58 Finalmente voltamos
59 Me esqueci completamente
60 Os do Brasil
61 Porque a pegaram?
Capítulos

Atualizado até capítulo 61

1
O encontro
2
Que barulho foi esse !!?
3
Uma corrida pela vida!
4
Onde estamos?
5
Rostinho delicados
6
Quem é ele?
7
O Começo de tudo!
8
Quem é essa outra garota?
9
Um pequeno presente, ou não.
10
A garota de metal
11
Seu nome é ....
12
Um dia de compra
13
Quem poderá nos salvar?
14
O engarrafamento
15
Uma aconchegante manhã.... ou quase!
16
As crianças
17
nó sobre nó
18
A pequena fuga
19
Um pequeno probleminha
20
O fim do coma...
21
O que é isso em minha casa?
22
O dia das bruxas
23
Dois de Novembro
24
O desenrolar da briga
25
Vamos as compras
26
Bati em algo
27
Que lugar é esse?
28
A bela cidade de pedra
29
Com o barulho do despertador
30
Despertador e a adormecida
31
Não é hora de visitas...
32
O Garoto medroso
33
O passado de Gustav
34
A fronteira
35
Por que essa decisão?
36
Hajime, a primogênita
37
A babá eletrônica
38
A grande árvore
39
A famosa véspera
40
Então é natal...
41
A grande ceia
42
O réveillon da grande familia
43
Gustav?
44
O que eu faço?
45
O que ele faz por aqui?
46
E a história se repete
47
A Bruxa e a escada...
48
Fazer ou Não fazer, eis a questão!
49
O que é aquilo no jardim?
50
A chamada...
51
A origem da foto...
52
A grande viagem
53
Finalmente o grande dia...
54
O Detector
55
A grande festa
56
O que fazem durante a viagem?
57
Uma escolha difícil
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Finalmente voltamos
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Me esqueci completamente
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Porque a pegaram?

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