No próximo dia, acordei muito cedo, preparei minhas coisas para tomar um banho e saí do quarto em direção ao banheiro. Despi completamente, deslizei a tela do celular e coloquei para tocar música, entrei no chuveiro, abri a torneira e a água caiu molhando todo o meu corpo. Uma música do meu cantor favorito Héctor Lavoe começou a tocar. Imediatamente comecei a cantar enquanto ensaboava meu corpo.
Em breve chegará,
O dia da minha sorte
Eu sei que antes de minha morte
Certamente minha sorte mudará.
Quando criança, minha mãe morreu
Sozinha, ela me deixou com o velho
Ela me disse que eu nunca ficaria sozinho
Pois ele não esperava uma doença.
Aos dez anos, papai morreu
Ele se juntou a mamãe no além
E as pessoas diziam ao me ver chorar
Não chore, meu garoto, sua sorte vai mudar
E quando será?...
E então a água parou de cair.
— O que diabos aconteceu? — Sussurrei girando o botão, mas nenhuma gota de água saiu. Franzi a testa e respirei fundo. Olhei para todo o meu corpo e estava cheia de sabão. Definitivamente a sorte nunca estará ao meu lado, saí do banheiro e dei conta de que não trouxe a maldita toalha.
E agora, como diabos saio daqui??. Me deu vontade de sentar e chorar, mas reuni coragem e abri lentamente a porta, olhei pelo corredor que parecia infinitamente longo. Não há ninguém. Perfeito!.
— Com certeza, ele ainda deve estar dormindo, não creio que vá sair e me ver assim— Saio devagar, porque se eu correr com certeza vou escorregar e não quero um acidente neste exato momento.
Ando com extrema cautela, como se estivesse me escondendo de alguém, Quase lá!, grita emocionado meu interior, quando Adrián abre a porta do quarto e sai, parando completamente parado na minha frente.
Por que diabos isso tinha que acontecer comigo!, fico imóvel sem saber se corro, se volto ou pelo menos grito para ele cobrir os olhos. Que me olham de baixo para cima, detalhando lentamente todo o meu corpo. É a primeira vez que um homem me vê nua. E não exatamente na beira de uma cama prestes a copular. Meu rosto está envergonhado ao extremo. Reajo após algum tempo, cubro meus seios e minha parte sagrada com uma mão cada um. O que não serve de nada, porque meus seios são de bom tamanho.
— Desculpe, eu não achei que você estivesse... — Ele engole em seco desviando finalmente o olhar de mim—. Desculpe.
Murmura rápido e volta para o quarto, meu coração quer saltar e bater contra alguma parede. Eu solto o ar retido e entro no meu quarto. Pego a toalha e seco meu corpo, já que o sabão começou a sumir...
— Que vergonha com o Adrián— Murmuro enquanto todo o meu corpo treme.
Duas horas se passaram desde aquela situação vergonhosa. E eu não consegui sair do meu quarto. Mesmo morrendo de fome, eu não vou sair. A vergonha ainda está estampada no meu rosto. Talvez, quando ele me vir, ele seja capaz de rir de mim: por tola, por distraída e por ter esse corpo de pudim. O que eu faço?, como eu saio?. Preciso de comida para superar o meu momento constrangedor pelo qual acabei de passar.
Colo minha orelha na porta e não escuto nenhum barulho, será que ele foi embora?, hesito em sair ou não. Mas algum dia teremos que nos ver e assumir que nada aconteceu. Na verdade, ele nem deve se lembrar do que acabou de acontecer.
Às vezes, você é tão estúpida e infantil, Gabriela, novamente minha voz interna me debatendo.
O que posso fazer, é o primeiro homem que vê meu corpo.
E não será o último se você continuar assim, vai ficar virgem até a morte. Nem os vermes vão querer te comer.
Claro que sim, temos carne boa o suficiente para alimentar um batalhão.
A única carne que desejo sentir é um pedaço bem suculento que nos tire...
Que mente tão suja e pervertida está dentro da minha cabeça, essa não sou eu, o subconsciente tem vida própria além de mim.
Saio do meu quarto nervosa por ter que olhar nos olhos de Adrián, entro na cozinha e preparo algo rápido para comer. Deixo tudo pronto e me sento no balcão para comer meus ovos com salsicha, fatias de pão com manteiga, café forte e, por último, uma porção de frutas picadas. Estou saboreando meu rico café da manhã quando Adrián aparece na cozinha. Não consigo levantar a cabeça e olhá-lo.
- Está muito gostoso? - Ele perguntou\, engolindo o que tinha na boca.
- Sim\, muito saboroso - Respondi sem olhar nos olhos dele.
- Entendi. Você poderia compartilhar um pouco do seu... - Ele fez uma pausa\, reuni coragem e olhei nos olhos dele\, com um sorriso de lado\, ele me olhou com olhos penetrantes - café da manhã.
- Ah\, claro\, tenho algo de sobra para você aqui - Estendi o prato e ele pegou - Se ainda estiver com fome\, você pode preparar alguma carne que está na geladeira. Está congelada.
- Eu gosto de carne\, sou muito exigente e minha dieta me obriga a comer em grandes quantidades - Bebi um gole de café - E ainda mais quando está gostosa.
Direto no coração, e ali morri sentada. Aquilo foi muito direto, concordei levemente.
- Concordo com você\, Adrián\, o paladar se delicia mais com um bom pedaço de carne.
Ficamos nos encarando nos olhos, o ambiente estava quente e pesado. Mais ainda com a intensidade do olhar dele. Que não consegui suportar e acabei desviando.
- Viviana me disse que poderia pedir sua ajuda\, caso precisasse.
- Claro\, para que sou boa.
- Eu adoraria saber - Assim\, meu pobre coração ficará parado\, me levando para o além - Quero dizer... Preciso encontrar trabalho e não conheço a cidade.
- Claro\, vou me trocar e te acompanho.
- Assim\, você está perfeita. O preto lhe cai bem\, principalmente com suas curvas - Ele vira e se perde em seu quarto.
Que curvas? Se meu corpo não tem forma alguma, pelo menos é como eu vejo. Saio do meu transe e coloco um tênis para caminhar sem problemas. Pego uma jaqueta e a visto. Ao sair, nos encontramos no corredor. Sorrimos ao mesmo tempo e saímos do apartamento. O que diabos estou fazendo?
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Deise
Vivendo, apenas se permita e pare de se julgar insuficiente para qualquer homem te querer
2024-01-15
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Deise
Senti um pouco de duplo sentido aí, Adrián meu filho você também quer né?
2024-01-15
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Deise
“Parte sagrada” amei o termo 😂😂😂
2024-01-15
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