Os Martínez e os Garcia

Enquanto a família Bianchi vive seus dilemas internos e rotinas, em Tijuana,no México, um jovem chega em seu esportivo de luxo à uma gigantesca mansão à beira mar.

—Bem vindo,senhor!

—Obrigado. Onde está o meu pai?

—No salão de jogos o aguardando.

O rapaz anda seguido por capangas, segue por entre os cômodos da propriedade única em toda a costa mexicana próxima à fronteira americana.

A porta do salão se abre,e ele entra, vê homens fumando ,bebendo, contando bolos de dinheiro, dividindo grossas correntes de ouro entre si e ao centro de tudo, aquele que é a liderança do maior cartel mexicano ao redor da fronteira,Ernani Martínez.

—Benção,papá! - ele o beija a mão

—Que la Virgen de Guadalupe o proteja, niño! Sente-se! Quer beber alguma coisa, fumar um bom charuto cubano?

—Sabe que não fumo.

—Parece um gringo falando,Diego! Se não fosse sua mamá insistindo para que você fosse estudar na América,não estaria assim!

O rapaz ri e puxa a cadeira para sentar em frente ao pai.

—Porque me trouxe aqui com urgência?

—Sabe que a nossa fábrica filial em Nova York é apenas uma fachada para agirmos no submundo.

—Sim, é claro.

—Diego,não quero que sejamos como as gangues mexicanas comuns que andam por lá,quero um nível de sofistição e inteligência semelhante à máfia italiana,compreendes?

—Perfectamente,papá! Estou me aperfeiçoando para isso.

— Mas há um grande empecilho. A família Bianchi.

—As magnatas da construção?!

—Eles não são apenas simples bilionários do ramo de construção,eles são herdeiros de um império construído à base da máfia italiana na costa leste americana. E a minha meta é sermos como eles.

—Então ,são eles o clã americano que faz parte da Aliança de Poder,da Camorra?

—Sim. Embora os Bianchi sejam da Cosa Nostra,as duas máfias são aliadas e foram eles que quase arruinaram nossos negócios aqui duas décadas atrás.

Ernani bafora o charuto,pega o copo de whisky e se dirige até a varanda com vista para o oceano Pacífico,o filho o segue.

—Hijo, foram eles quem mataram seu tio, Pablo....que era conhecido como El Diablo.

—Hum...não lembro dele, era recém nascido nesse época.

—Sí...mas prometi a tua abuela, minha mãezinha ,que la Virgen a tenha, - o homem beija a medalha de ouro onde há a imagem da padroeira do México cunhada - que vingaria o morte do meu irmão. Eu demorei muito para reerguer os Martínez, e hoje,podemos tomar tudo o que é deles, e já estamos no caminho.

—O que deseja que eu faça, papá?

—Vicenzo Bianchi já colocou um sucessor no seu lugar, o sobrinho. Jovem como você, inteligente e muito competente. Evan Bianchi.

O pai o entrega uma pasta,onde Diego lê um dossiê sobre o filho de Andrew.

—Evan Bianchi, formado em direito pela Universidade de Palermo ,na Sicília. Advogado Júnior na construtora Bianchi&CO.

—Ele é frio, calculista, está sempre à frente dos seus inimigos. Uma mafioso tão jovem e fora da curva, ele tem domínio total de Nova York e manteve as gangues todas sobre seu controle, todas tem que pagar uma taxa de 55% para atuar em seu território. Quero que encontre uma fraqueza dele,algum ponto que o faça desmoronar e assim desestabilizar a família Bianchi.

O rapaz sorri e fecha a pasta.

—Eu farei isso,papá! Sabe que pode contar comigo!

......................

Enquanto isso, num bairro de imigrantes latinos no Harlem, a família Garcia,vinda de Cuba,tenta recomeçar a vida.

Após saírem da ilha, o casal, acompanhado da filha Isabel de 20 anos e do filho caçula de 15 anos, vive com medo de ser pego pela imigração, embora trabalhem honestamente em um restaurante da cidade. A rotina é árdua, o dinheiro é pouco e o medo é grande.

—Nem à igreja podemos ir! Teremos que rezar de casa,viram o quê aconteceu? - diz o pai

—E a Isabel quase nos coloca em risco, tinha que voltar para pegar o terço? - fala o irmão

—Era o terço que a abuela me deu quando saímos de Havana, e logo após isso ela se foi. É a última lembrança dela. - diz a moça enquanto ajuda a mãe a pôr a mesa.

—Bem, de qualquer forma, não é bom sairmos se não for para trabalhar. - completa a matriarca

—Se for para vivermos assim, então é melhor voltarmos para Cuba! Lá pelo menos eu podia andar nas ruas. - esbraveja o adolescente

—Não pretendo ficar muito tempo aqui,vamos juntar dinheiro ,e quem sabe, irmos para um país latino onde viveremos melhor. - afirma o patriarca

—Como,papá?! O dinheiro mal dá para comer, olha como vivemos?! - o rapaz se exalta

—Não grite comigo, niño! - o pai soca a mesa e o filho corre para a rua - Juan! Volte aqui!

As mulheres se olham entristecidas.

—Juan precisa de maior atenção, tenho medo por ele. - a mãe mostra-se angustiada

—Seria bom se você ficasse mais em casa, mas se pararmos de trabalhar...- o pai lamenta - não podemos nos dar a esse luxo.

—O trabalho no restaurante é muito pesado. A vizinha que se mudou, foi com a família toda trabalhar para uns ricaços, moram no emprego e ganham muito bem. Temos que arrumar algo assim! Posso pedir indicações a ela,mas enquanto isso não acontece, vamos continuar com tudo do jeito que está. - diz a mãe

Após o jantar,Isabel lava a louça pensativa nos problemas da família e lembra do rapaz que lhe entregou o terço na porta da igreja.

—Ele era tão lindo...- suspira

—Quem é lindo?

—Ninguém! Onde estava, Juan?

—Por aí. Tem comida ainda?

—Guardei para você no forno. - a irmã o encara - Juan...não se meta em coisa errada! Não largamos tudo para trás para isso!

—Exatamente, Isabel! Não largamos nossa vida em Havana para vivermos pior do que vivíamos lá!

A moça lembra do que a mãe falou sobre a antiga vizinha e resolve tomar uma atitude. Procurar um emprego semelhante ao dela,seria uma forma da família continuar em unidade e do irmão estar em segurança morando em um bairro de alto padrão longe das inúmeras gangues que sempre recrutam meninos da idade de Juan.

—Eu prometo hermano, tudo vai ficar melhor!

......................

Na família Bianchi, Alice dirige sua casa e a sua família. Desde quando os filhos começaram a assumir os negócios, ela aposentou-se do mundo coorporativo, dedicando-se apenas à projetos e obras sociais mantidos pela Bianchi Foundation,da qual ela é presidente e trabalha em conjunto com a cunhada Amy,esposa de Vicenzo.

—Eu preciso de novos funcionários, Amy. A Carol vai se aposentar, está com idade avançada e morará com o filho em Nova Jersey. A nova cozinheira não acerta cozinhar do jeito que as crianças e eu gostamos e estamos sem jardineiro.

—Será que você não consegue alguém pela fundação? Há tantos imigrantes buscando oportunidades e você gosta de ajudá-los.

—É...seria bom se fosse uma família.

—Podemos tentar, vamos ficar atentas.

Horas depois,uma jovem imigrantes aparece com o rosto assustado,longos cabelos escuros soltos, vestindo uma calça jeans desbotada, camiseta branca e tênis, trazendo consigo uma pasta cor de rosa grudada ao corpo.

—Boa tarde ,senhora ! - ela cumprimenta com forte sotaque espanhol

—Boa parte! Como posso ajudá-la?

—Vim atrás de vagas de emprego.

—Sente-se! Qual o seu nome? - pergunta Amy

—Isabel. Isabel Garcia

Amy conversa com a moça, que tem um inglês pouco fluente,e documentos suspeitos.

—Está ilegal aqui,não é Isabel? - pergunta Amy

A moça empalidece e recolhe seus pertences.

—Obrigada por me ouvir,mas eu já vou.

Isabel levanta rápido

—Calma! Eu não vou denunciar você, mas quero te ajudar. - ela liga para Alice,que vai até a moça e juntas fazem um interrogatório que faz Isabel sentir tonta.

—Bem ,Isabel, Se a sua família for tão destemida como você,que mesmo correndo risco, preferiu vir atrás de uma oportunidade maior...eu os contrato! - diz Alice

—Sério? - a moça se ajoelha e beija as mãos da brasileira - Gracias, senhora!

—Por favor,não faça isso! - Alice a ajuda a se levantar - Eu gosto de ajudar imigrantes, principalmente pessoas muito trabalhadoras e honestas,pois já estive no seu lugar. Bem....mas eu era legal, então,precisamos resolver isso,está bem?

Isabel se levanta com os olhos brilhando de esperança.

—É o que meus pais e eu mais desejamos! Só estamos nessa situação pela força da situação.

—Pois amanhã traga-os aqui. Vamos resolver essa pendência.

Assim que Isabel sai, Alice e Amy a observam.

—São situações complicadas que pegamos aqui ,Alice...

—Sim. Por isso esse trabalho é importante, pelos menos devolvemos algo de bom à sociedade.

—E ela é uma moça tão linda! - observa Amy

—Sim...e parece que a conheço de algum lugar....

Isabel sai do prédio em direção ao restaurante onde trabalha com sua família, animada para contar a novidade e esperançosa em um destino muito melhor!

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●Como Diego e Isabel entrarão na vida dos herdeiros Bianchi?

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