O amanhecer trouxe consigo uma tempestade. Não era feita de vento ou chuva — era de palavras, manchetes e julgamentos.
O nome Mariah Olliver dominava os noticiários desde as primeiras horas da manhã, e cada nova reportagem parecia cravar mais fundo as garras da mentira.
“Esposa de empresário é acusada de desviar milhões de fundação familiar.”
“Mariah Olliver: de vítima a vilã.”
As acusações se espalhavam como fogo em palha seca, e a cada segundo a reputação de Mariah era rasgada em pedaços.
No entanto, quem a olhasse naquele instante veria uma mulher sentada no canto da sala, com os olhos vermelhos de tanto chorar, o corpo encolhido como se tentasse desaparecer no silêncio.
Ela não sabia quanto tempo ficou ali, sozinha, ouvindo as notícias ecoarem pelos corredores da mansão.
Não sabia quanto tempo levou para que a dor deixasse de ser apenas um peso no peito e se transformasse em algo quase insuportável.
Mas sabia de uma coisa: estava cansada.
Cansada de ser injustiçada.
Cansada de ser humilhada.
Cansada de lutar sozinha.
Foi nesse momento que a porta se abriu com força, revelando Lúcio. Ele entrou com o semblante carregado, os olhos faiscando de raiva e determinação.
Tinha passado a manhã inteira tentando conter a imprensa e reunir provas contra a farsa que Jordan e Solar haviam arquitetado.
E, mesmo sem dizer uma palavra, ao vê-la ali, tão frágil e destruída, soube que não poderia deixá-la afundar.
— Mariah… — chamou suavemente.
Ela levantou os olhos lentamente, tentando forçar um sorriso.
— Parece que agora eu sou tudo aquilo que eles sempre disseram que eu era — murmurou. — Uma criminosa. Uma vergonha.
Lúcio se aproximou e se agachou diante dela, pegando suas mãos frias entre as dele.
— Não. — Sua voz era firme, inabalável. — Você é a mulher mais forte que eu conheço. E eu não vou deixar que eles destruam quem você é.
Ela riu amargamente.
— Eles já conseguiram…
— Não enquanto eu estiver aqui.
— O tom de Lúcio era tão decidido que, por um instante, ela acreditou. — Eu sei que isso é uma armação.
Eu sei que Jordan e Solar estão por trás disso.
E eu vou provar.
Os olhos de Mariah se encheram de lágrimas. Nunca ninguém havia dito aquelas palavras com tanta convicção. Nunca ninguém havia acreditado nela daquele jeito.
— Por que está fazendo isso?
— perguntou baixinho. — Por que se importa tanto?
Lúcio hesitou por um segundo. Ele não sabia explicar completamente. Não era amor — pelo menos não ainda.
— Mas havia algo dentro dele que o impulsionava a protegê-la, algo mais forte do que qualquer vínculo de sangue que o prendesse àquela família.
— Porque você merece justiça — respondeu, por fim.
— E porque eu não vou deixar que eles tirem de você o que já te roubaram uma vez: a paz.
Horas depois, a tensão na mansão explodiu. Joe Olliver convocou uma reunião urgente no salão principal, reunindo todos da família.
A atmosfera era sufocante, o ar denso com a presença dos segredos que todos sabiam, mas ninguém ousava dizer em voz alta.
Jordan estava com um sorriso satisfeito no rosto, Solar ao seu lado, fingindo compaixão.
Anabete observava Mariah com desprezo, enquanto Joe mantinha sua postura autoritária, como um juiz prestes a anunciar a sentença.
— Mariah — começou Joe, com a voz firme.
— As provas são graves. Você sabe o que isso significa para o nome da nossa família.
Mariah abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela voz de Lúcio, firme e alta:
— Essas provas são falsas.
Todos se viraram para ele.
Jordan estreitou os olhos, Solar prendeu a respiração e Joe franziu a testa.
— O que disse? — perguntou o patriarca.
— Disse que tudo isso é uma armação — repetiu Lúcio. — Mariah não desviou nada.
Ela está sendo usada como bode expiatório por alguém que quer destruí-la.
Jordan se levantou, furioso.
— Está me acusando, Lúcio?
— sua voz era pura fúria. — Está dizendo que eu inventei isso?
— Estou dizendo que alguém aqui tem muito a ganhar com a destruição dela — respondeu ele, encarando o tio com desprezo.
— E esse alguém não é Mariah.
O clima ficou pesado.
Um silêncio tenso dominou a sala enquanto os olhos de todos se voltavam para Jordan e Solar.
Foi então que Joe se levantou e bateu a bengala no chão.
— Chega! — rugiu.
— Não vou permitir esse tipo de acusação sem provas. Lúcio, está se deixando cegar por uma mulher.
— Talvez eu esteja — respondeu ele, encarando o pai diretamente. — Mas prefiro ser cego pela verdade do que cúmplice de uma injustiça.
As palavras ecoaram pela sala, provocando um impacto profundo.
Joe nada respondeu — apenas se retirou, irritado. Jordan, por outro lado, não conseguiu conter a raiva.
— Isso vai te custar caro, Lúcio — sibilou ele.
— Vai perder tudo o que tem.
— Se perder tudo for o preço por defendê-la, então que assim seja — respondeu Lúcio sem hesitar.
Naquela noite, Mariah não conseguiu dormir.
As palavras de Lúcio repetiam-se em sua mente como uma melodia suave e reconfortante.
“Se perder tudo for o preço por defendê-la, então que assim seja.”
Ninguém jamais havia se colocado entre ela e o mundo dessa forma. Ninguém havia escolhido ficar ao seu lado mesmo quando tudo parecia perdido.
E era isso que a fazia sentir algo novo — algo que crescia a cada olhar, a cada gesto, a cada palavra dele.
Mariah caminhou até a varanda e observou o céu escuro, iluminado por poucas estrelas.
Sentiu uma lágrima escorrer silenciosa por seu rosto, não de tristeza, mas de uma emoção profunda que não conseguia nomear.
Talvez fosse amor.
Não, não talvez… era amor.
Sim, ela o amava. Não sabia quando isso começara.
— se no dia em que ele a defendeu pela primeira vez, ou naquele em que a fez acreditar em si mesma. Mas agora era inegável: amava Lúcio.
Amava a forma como ele a olhava, como acreditava nela quando ninguém mais acreditava. Amava o homem que estava disposto a enfrentar tudo e todos por ela.
E, mesmo que nunca tivesse coragem de dizer isso em voz alta, Mariah sabia que seu coração já não lhe pertencia mais.
No escritório, Lúcio observava os documentos e provas que começara a reunir.
Sabia que a batalha estava apenas começando.
Joe, Jordan e Solar fariam de tudo para destruir Mariah, e agora também fariam de tudo para destruí-lo. Mas ele não tinha medo.
Pela primeira vez em muito tempo, ele sentia que estava lutando por algo que realmente importava.
Não por dinheiro, não por poder, não por orgulho… mas por justiça. Por ela.
E no fundo do seu coração — embora ainda não admitisse — algo também começava a mudar.
Algo que ele não conseguia explicar, mas que o atraía cada vez mais para perto dela.
Talvez fosse apenas a vontade de protegê-la.
Ou talvez fosse o começo de algo que nem ele estava pronto para enfrentar.
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Atualizado até capítulo 80
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