Sentimentos?

O segundo dia no café começou com a mesma rotina: chegar cedo, organizar mesas e preparar bebidas simples. Mas hoje, Elisa Figueiredo sentiu algo diferente dentro de si. A princípio, a timidez ainda apertava o peito, mas a sensação de pertencimento crescia a cada pedido que ela anotava corretamente, a cada xícara de café entregue sem tropeços.

— Muito bem, Elisa! — disse Carol, sorrindo enquanto observava minha evolução. — Tá vendo? Você consegue.

Sorri, tímida, mas com uma pontada de orgulho. Pela primeira vez, eu sentia que podia aprender, que podia me adaptar.

Enquanto eu preparava uma bebida, Sofia se aproximou silenciosa, observando cada gesto meu. Ela não falava nada, apenas me olhava, inclinando ligeiramente a cabeça como quem examina algo com cuidado, mas de um jeito que fez meu coração disparar.

— Quer que eu te mostre um truque pra deixar o café mais cremoso? — perguntou, aproximando-se de mim.

Balancei a cabeça, nervosa, enquanto ela se inclinava ligeiramente para me mostrar o movimento da máquina de café expresso. O aroma forte do café misturado ao perfume suave dela me fez corar.

Carol, percebendo minha distração, riu baixinho.

— Olha a Elisa toda concentrada… mas tá babando pela chefe, hein?

Corei, olhando para baixo, mas Sofia apenas sorriu de canto, sem dizer nada. Aquele olhar ficou comigo o resto da manhã. Era como se ela estivesse vendo mais do que eu mesma mostrava, e isso me deixava ao mesmo tempo envergonhada e curiosa.

A cada pedido entregue, a confiança dentro de mim crescia. Eu não era mais só a garota ingênua da roça; estava aprendendo, me soltando, e mesmo que fosse aos poucos, começava a sentir que podia ser capaz de coisas grandes.

E, no fundo, não pude deixar de perceber que, ao lado de Carol e com Sofia observando de um jeito tão intenso, algo dentro de mim estava mudando. Um sentimento novo, uma curiosidade que eu ainda não sabia nomear.

O movimento da manhã já estava acalmando quando a porta do café se abriu de repente. Um rapaz entrou sem cerimônia. Os olhos varreram o ambiente com uma naturalidade que denunciava intimidade com o lugar.

— Sofia Becker! — exclamou ele, abrindo os braços. — Quanto tempo!

Sofia riu, surpresa, e saiu de trás do balcão para cumprimentá-lo com um abraço rápido.

— Davi Salgado… sempre aparecendo sem avisar.

— É que eu senti saudade do seu café. E, quem sabe, da sua companhia também, — ele brincou, piscando.

Foi nesse momento que os olhos dele encontraram Elisa, que equilibrava uma bandeja tímida nas mãos. O sorriso de Davi se abriu ainda mais.

— Ora, ora… e quem é a ruivinha? — perguntou, em tom malicioso, inclinando-se para Sofia.

Sofia, que até então ria, fechou o semblante por um segundo.

— Essa é Elisa Figueiredo. Ela começou há pouco tempo.

— Hum… Elisa, — repetiu ele, saboreando o nome, sem disfarçar o interesse.

Carol, que limpava uma mesa próxima, quase engasgou rindo ao notar o olhar atravessado de Sofia. Elisa, por sua vez, sentiu as bochechas arderem, sem saber onde colocar os olhos.

— Mas presta atenção, Davi, — disse Sofia, cruzando os braços, firme. — Não vem se engraçar. Elas estão aqui pra trabalhar, não pra virar alvo das suas piadinhas.

Davi ergueu as mãos em rendição, rindo.

— Tá, tá… já entendi. Você sempre protetora, né?

— Protetora, não. Só sei bem quem você é, — respondeu Sofia, sem desviar o olhar.

Elisa, do balcão, fingia ajeitar as xícaras, mas não deixava de perceber o tom na voz da dona do café. Sofia a defendia com uma seriedade que a deixou confusa… e estranhamente aquecida por dentro.

Davi, percebendo a tensão, piscou para Elisa antes de pedir seu café. Ela quase deixou a colher cair na xícara.

Enquanto isso, Sofia não tirava os olhos dos dois.

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