Olhares e Encontro

A noite caía sobre a cidade, pintando as ruas com tons dourados e laranjas que refletiam nas vitrines dos cafés e restaurantes, Isabella vestia seu jeans favorito, uma blusa simples e tênis brancos, optando por um visual confortável após uma semana intensa de plantões no hospital.

Camila: Hoje precisamos sair, Bella!

Insistiu Camila, já a puxando pela mão.

Camila: Nada de estudos, nada de plantões, só diversão!

Isabella riu, deixando-se levar.

Bella: Ok, mas só um barzinho tranquilo, nada de baladas com mil pessoas.

Camila sorriu com cumplicidade.

Camila: Confia em mim, este lugar é perfeito.

O bar era pequeno, mas vibrante, luzes baixas, música boa, mistura de aromas de drinks e risadas espalhadas pelo ambiente,as mesas estavam cheias, mas ainda havia espaço suficiente para duas pessoas se acomodarem.

Camila: Esse é o tipo de lugar onde você encontra histórias interessantes 

Comentou Camila, sentando-se e pedindo dois coquetéis.

Bella: Histórias interessantes, hein… 

Isabella respondeu, observando o movimento com um sorriso tímido.

Enquanto conversavam e riam, Camila se levantou para ir até o balcão pedir mais uma rodada, no caminho, esbarrou involuntariamente em alguém.

Camila: Desculpe!

Disse rapidamente, recuando, e então olhou para cima,o homem à sua frente tinha uma expressão surpreendentemente familiar,alto, cabelos castanhos escuros levemente desalinhados, corpo firme e postura confiante, Marcos.

Marcos: Camila…

Disse ele, com um sorriso que misturava surpresa e diversão contida.

Camila: Marcos… — 

Respondeu ela, surpresa e imediatamente sorrindo.

Os olhos dos dois se encontraram por um instante que pareceu interminável,sem dizer uma palavra, sentiram a familiaridade da presença do outro, a lembrança do passado e da cumplicidade construída com o tempo e um silêncio confortável se estabeleceu entre eles, até que, de forma quase instintiva, Camila desviou o olhar e deu alguns passos para trás, recolhendo-se com naturalidade.

Camila: Eu… vou buscar as bebidas.

Disse, recuperando o tom casual.

Marcos: Claro.

Respondeu Marcos, com um leve sorriso, curvando seus lábios, antes de se virar e desaparecer entre a multidão.

Isabella, observando de longe, percebeu apenas o movimento, mas não entendeu a intensidade daquele breve encontro, Camila voltou à mesa, visivelmente animada, mas tentando disfarçar.

Bella: Tudo bem aí? 

Perguntou Isabella.

Camila: Sim, só esbarrei em alguém que conhecia.

Respondeu Camila, desviando o assunto rapidamente.

O bar seguiu animado, risadas e música se misturando, mas os olhares trocados naquela esquina ficariam marcados na memória de ambos, sem que ninguém percebesse a intensidade do que se passava e enquanto isso, em outra parte da Itália, Giulia descobria a notícia que mudaria seu humor por semanas, Isabella havia se mudado de cidade.

Giulia: Não… isso não é possível! 

Gritou Giulia, jogando o celular sobre a mesa com força.

Giulia: Ela não tinha direito de se afastar!

A raiva crescia como fogo dentro dela, uma inveja destrutiva que há anos se acumulava,tudo o que Isabella conquistava, Giulia queria para si, o fato de a ex-amiga agora estar prosperando longe dela era insuportável,cada sorriso que Isabella dava, cada elogio que recebia, tornava Giulia mais furiosa.

Giulia: Maldita seja…

Murmurou, apertando os punhos, os olhos cheios de ódio.

E naquele instante, Giulia decidiu que não descansaria até se vingar, planejando silenciosamente a forma de destruir Isabella, sem se importar com as consequências.

Mais enquanto Giulia nutria seu veneno, Dante e Marcos estavam em outra missão, a  dupla havia sido chamada para investigar uma ameaça que colocava em risco um de seus hotéis fora do país, o destino os trouxe de volta à cidade de Isabella, embora a coincidência não fosse óbvia para ninguém.

Marcos: Então estamos rperto do hospital onde ela trabalha? 

Disse Marcos, ajustando o casaco escuro, mantendo o olhar atento.

Dante: Sua paixão do passado?

Respondeu Dante, a voz baixa, carregada de concentração.

O carro preto deslizava pelas ruas silenciosas, Marcos olhava através da janela, calculando cada movimento,o hospital se aproximava e ele manteve os olhos fixos no prédio para ver se conseguia mesmo que de longe ver Camila.

Ao chegarem, o hospital parecia tranquilo para quem não conhecia o local, pacientes e médicos se movimentavam-se pelos corredores, mas Isabella não estava à vista. Ela havia terminado seu plantão mais cedo, mas o acaso ainda não a uniria a Dante naquela noite.

No entanto, alguém que Marcos conhecia muito bem estava prestes a encontrá-lo.

Camila, atendendo pacientes no pronto-socorro, olhou para o corredor e sentiu um frio percorrer sua espinha e lá estava ele, de forma inesperada.

Camila: Marcos?

Disse, surpresa e imediatamente sorrindo

Camila: O que faz aqui?

Marcos: Camila.

Respondeu ele, com o mesmo brilho nos olhos. 

Marcos: Estou só de passagem.

Os dois se aproximaram, e por um instante, esqueceram que estavam no hospital, rodeados de pacientes e do cotidiano urgente da medicina,o reencontro foi silencioso, mas carregado de emoção, como se todo o tempo passado sem contato fosse comprimido em segundos.

Camila: É… bom te ver mais uma vez.

Disse Camila, ainda sorrindo, tentando manter a compostura.

Marcos: Para mim também.

Respondeu Marcos.

Dante, do banco do carro estacionado do lado de fora, observava através da vidraça sem ser notado,seus olhos cinzentos acompanharam cada gesto, cada sorriso trocado, cada olhar,a  satisfação de Marcos diante de Camila não passou despercebida, Dante fez um leve movimento de cabeça, analisando, calculando.

Dante: Marco, você vai me contar detalhes de tudo mais tarde.

Murmurou Dante, a voz firme.

Dante: Mas por enquanto, seguimos o plano.

Marcos assentiu, ainda sorrindo para Camila por alguns segundos antes de se afastar.

Camila, por sua vez, sentiu um calor estranho subir pelo corpo, uma mistura de surpresa e felicidade ao reencontrar alguém que sabia que confiava e admirava,ela não podia imaginar a profundidade da missão que Marcos e Dante estavam realizando ali fora, mas algo dizia que aquela noite seria apenas o início de acontecimentos que mudariam tudo.

Isabella por outro  lado se divertiu com Camila em um bar, longe dali, Giulia ainda fervia em ódio, cada detalhe sobre a nova vida de Isabella chegava aos seus ouvidos como punhaladas,a inveja, sempre silenciosa, se transformava em planejamento ativo, Giulia queria ver Isabella sofrer, queria que todo o brilho conquistado fosse destruído, mesmo que precisasse manipular outras pessoas para isso.

O contraste entre a leveza de Isabella com Camila e o ódio silencioso de Giulia reforçava a dualidade da vida que agora se desenrolava,enquanto uma construía um futuro brilhante, a outra afundava em sua própria destruição.

A noite avançava, e Isabella e Camila brindavam à amizade, à liberdade e aos novos começos,mas no silêncio da cidade, nos corredores do hospital e nas ruas iluminadas, havia olhares atentos, presenças silenciosas e movimentos calculados, Dante e Marcos estavam cada vez mais próximos, mesmo sem que Isabella soubesse, de cruzar novamente o caminho daqueles que poderiam alterar para sempre sua vida e naquele momento, a sensação de que nada seria mais como antes permeava cada pensamento, cada decisão, cada escolha.

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