Seduzida Pelo Magnata
Alice Dias
As luzes de Las Vegas sempre me pareceram irreais, como se fossem parte de um cenário montado para um espetáculo do qual eu não fazia parte. Mas naquela noite, quando atravessei as portas de vidro do cassino Toledo Royale, tive a estranha sensação de que o palco havia sido armado para mim.
As cores vibrantes das máquinas, o som frenético das fichas caindo sobre as mesas e o tilintar dos copos de cristal formavam uma melodia que parecia embalar cada passo meu. Minhas amigas riam, animadas, e logo correram em direção à roleta. Eu, porém, me deixei ficar um pouco atrás, absorvendo o ambiente.
Foi então que o senti.
Não ouvi seu nome. Não sabia quem ele era. Mas algo, em meio àquela multidão ruidosa, me fez erguer os olhos — e eles o encontraram.
Ele estava de pé no alto da escada que levava ao andar reservado do cassino. Alto, imponente, o terno perfeitamente ajustado moldava um corpo que exalava poder. Mas não foi apenas a presença física. Foi o olhar. Um olhar que me atravessou como se pudesse despir cada camada de mim, ignorando roupas, alianças, aparências.
Arfei.
O ar-condicionado estava forte, mas foi como se uma chama tivesse acendido dentro do meu peito.
Tentei desviar, mas sua atenção já estava cravada em mim. Ele não piscou, não sorriu. Apenas me observou como se tivesse encontrado algo que procurava. E eu… eu não deveria ter me deixado enlaçar.
— Alice, vem! — chamou uma das minhas amigas, agitando as fichas que acabara de trocar.
Balancei a cabeça, forçando meus pés a se moverem, mas mesmo ao me misturar à multidão, eu sabia que ele ainda me observava. Era impossível não sentir. O peso daquele olhar continuava em mim, como mãos invisíveis percorrendo cada curva do meu corpo.
Pouco depois, um funcionário elegante aproximou-se, com um leve sorriso:
— Senhora, o senhor Toledo gostaria de convidá-la para a sala VIP.
Meu coração disparou. O nome me atingiu com a força de uma aposta alta demais: Toledo. O magnata dono de metade de Las Vegas, segundo diziam. Um homem inacessível, cercado de histórias e mistério.
Minha primeira reação foi recusar. Eu não tinha nada que me aventurar em salas reservadas, nem queria alimentar qualquer fantasia que já começava a me corroer. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, meus olhos buscaram instintivamente o topo da escada.
E lá estava ele.
O olhar ainda fixo em mim.
Dominador.
Perigoso.
Convite e desafio em uma só expressão.
Um arrepio percorreu minha espinha.
Meu coração lutava contra minha razão, e mesmo assim, meus lábios pronunciaram a resposta que não planejei:
— Diga a ele que eu vou.
Enquanto seguia o funcionário pelos corredores acarpetados, minhas pernas tremiam levemente. Não de medo, mas de algo mais sombrio, mais arrebatador. Era como se estivesse entrando em um jogo cujo prêmio eu não conhecia, mas cuja aposta já havia sido feita.
Naquele instante, uma certeza queimava dentro de mim: aquela noite mudaria tudo.
O corredor estreito se abriu em uma sala silenciosa, iluminada por um brilho dourado que parecia engolir o resto do mundo. Tapetes persas, sofás de couro macio e paredes adornadas com obras de arte que, provavelmente, valiam mais do que minha casa inteira.
Eu deveria me sentir intimidada. E me sentia. Mas havia algo mais forte do que o medo: a excitação de estar prestes a enfrentar o dono de tudo aquilo.
E lá estava ele.
De costas para mim, diante de uma ampla janela que revelava a cidade em neon. Alto, sólido, imperturbável, como se fosse parte da paisagem.
— Alice Dias… — Sua voz soou grave, quase como uma sentença. Ele não precisou se virar para me mostrar que já sabia quem eu era. — Belo nome.
Meu coração tropeçou dentro do peito.
— Parece que seu funcionário se enganou — tentei disfarçar, mantendo uma postura ereta. — Eu não deveria estar aqui.
Ele se voltou lentamente. O rosto era ainda mais devastador de perto: traços angulosos, olhar de aço, boca firme. Um homem que não precisava erguer a voz para impor respeito.
— Não. — Ele sorriu de canto, um sorriso perigoso. — Você deveria estar exatamente aqui.
Meu corpo inteiro reagiu como se aquelas palavras fossem ordens, não opinião. Apertei a bolsa contra mim, como se fosse um escudo.
— Está enganado, senhor Toledo. Eu sou casada.
Aquela palavra deveria me proteger. Mas no instante em que a pronunciei, vi algo brilhar nos olhos dele — não recuo, não respeito. Desejo.
Ele avançou devagar, cada passo firme ressoando no silêncio da sala. Quando parou diante de mim, senti o perfume amadeirado, forte e viciante, que parecia feito para me desarmar.
— Casada… — repetiu em um tom baixo, como se saboreasse a palavra. — Isso só torna tudo mais… interessante.
Arfei, tentando desviar os olhos, mas ele ergueu meu queixo com um simples toque, forçando-me a encará-lo. O gesto não foi agressivo, mas firme, seguro.
— Eu quero você, Alice. — A declaração veio direta, crua, sem rodeios. — E quando eu quero algo… eu consigo.
Meu corpo se incendiou em silêncio. Eu deveria ter recuado, gritado, me virado e saído daquela sala. Mas fiquei imóvel, prisioneira do olhar dele.
Ele se inclinou levemente, a voz roçando minha pele como um sussurro íntimo:
— Dois milhões de dólares. Uma noite. Só você e eu.
O mundo parou.
As batidas do meu coração ecoaram nos ouvidos como tiros.
Ele se afastou um passo, os olhos ainda cravados em mim, como se esperasse que eu caísse na armadilha. Não havia urgência no seu tom, apenas certeza de que, cedo ou tarde, eu diria sim.
— Pense bem, Alice. — O sorriso dele foi lento, calculado. — Alguns jogos valem qualquer aposta.
E, pela primeira vez em muito tempo, percebi que o verdadeiro perigo não era o dinheiro. Era o homem.
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...Alice Dias...
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Leni Rocha
Tô gostando, Alice é muito linda
2025-08-29
1
Jocemira Castro
início está bom da história
2025-09-02
0