Capítulo 2 – O Amanhecer da Entrevista
O sol nasceu tímido naquela manhã em Gaziantep, tingindo o céu com tons de laranja e dourado. O bairro simples onde Luna morava parecia acordar devagar: mulheres varriam as calçadas, crianças se arrastavam sonolentas para a escola, e o cheiro de pão fresco escapava da padaria da esquina. Mas, para Luna, aquele não era um dia comum.
Ela acordara antes mesmo do despertador tocar, os olhos fixos no teto gasto de seu quarto. O coração batia acelerado, como se quisesse pular do peito.
— Hoje é o dia… — murmurou para si mesma, sentindo um frio subir pela espinha.
Sentou-se na cama, respirou fundo e encarou o pequeno guarda-roupa encostado na parede. Dentro dele não havia vestidos caros nem ternos sofisticados. Apenas roupas simples, algumas já gastas pelo tempo. Abriu devagar as portas de madeira que rangiam e passou a mão pelos tecidos.
Sua tia, Dona Ayla, apareceu na porta, com um sorriso cansado, mas acolhedor.
— Luna, você não dormiu quase nada, não foi? — perguntou, segurando uma xícara de chá quente. — Olhe, minha filha, tome um pouco. Vai acalmar seu coração.
Luna pegou a xícara com as mãos trêmulas, tentando sorrir.
— Estou nervosa, tia. Nunca estive tão nervosa. Essa entrevista é a chance de mudar nossas vidas… E se eu não conseguir?
Ayla caminhou até ela, acariciando seus cabelos.
— Escute bem o que vou lhe dizer, Luna. Não importa quanta riqueza eles tenham, você carrega dentro de si algo que nenhum dinheiro compra: dignidade. Mostre quem você é, minha filha.
Os olhos de Luna marejaram. Ela respirou fundo e começou a se vestir. Escolheu uma saia azul marinho simples e uma camisa branca já usada, mas limpa e bem passada. Calçou sapatos pretos, não novos, mas polidos. Olhando-se no espelho, suspirou.
Look da Lunna.☝️☝️☝️
— Parece pouco diante das outras candidatas…
Ayla a interrompeu, firme:
— Parece pouco aos olhos soberbos. Mas para quem sabe olhar de verdade, é mais do que suficiente.
🚶♀️ O caminho até o destino
Com uma pasta em mãos, Luna saiu de casa. O vento frio da manhã bagunçava seus cabelos castanhos, e cada passo parecia pesado. O trajeto até o centro da cidade foi feito de ônibus, apertado entre trabalhadores que falavam sobre contas a pagar e crianças que riam alto.
Quando finalmente desceu em frente ao prédio da Azevedo Corporation, Luna parou, boquiaberta. O edifício era gigantesco, com paredes de vidro que refletiam o sol e uma fonte elegante na entrada. Pessoas de terno e salto alto passavam apressadas, seguras de si.
— É aqui que tudo vai começar… — sussurrou, apertando a pasta contra o peito.
Dentro da recepção, o ambiente era frio e luxuoso. O chão de mármore brilhava, e as cadeiras de couro pareciam não combinar com o nervosismo que pairava no ar.
As outras candidatas já estavam lá. Vestidos elegantes, perfumes caros, saltos que batiam firme no piso. Elas se entreolhavam, cochichando. Quando Luna entrou, várias cabeças se viraram em sua direção.
Uma delas, loira, ergueu a sobrancelha e comentou em voz alta para a amiga:
— Veja só… até gente desse nível veio tentar.
A outra riu, cobrindo a boca:
— Será que ela sabe pelo menos ligar um computador?
Luna ouviu, o rosto corando. Apertou os punhos, mas não respondeu. Sentou-se na última cadeira, respirando fundo.
Minutos depois, uma mulher elegante surgiu de trás do balcão. Era a secretária-chefe, Selma, com cabelos presos em coque perfeito, batom vermelho impecável e um olhar gelado.
— Candidatas, prestem atenção. — A voz dela cortou o silêncio. — O senhor Henrique Azevedo irá entrevistá-las pessoalmente. Vocês serão chamadas uma a uma. Mantenham a postura.
Um murmúrio percorreu a sala. Só de ouvir o nome do CEO, algumas já se ajeitaram, cruzando as pernas e conferindo os batons em pequenos espelhos.
Luna sentiu o coração bater mais rápido. O nome “Henrique Azevedo” soava pesado, poderoso. Ela não podia demonstrar fraqueza.
Selma chamou a primeira candidata. Uma moça de vestido vermelho levantou-se, estufando o peito como se fosse dona do lugar. As demais riram discretamente, trocando comentários.
O tempo passava, e cada vez que uma saia da sala de entrevistas, Luna observava suas expressões. Algumas saíam confiantes, outras nervosas, mas todas pareciam competir entre si.
👀
Enquanto esperava, Luna foi novamente alvo das provocações.
— Aposto que ela nem será chamada — disse a loira arrogante.
— Henrique não perde tempo com… gente sem presença — completou a amiga.
Luna ergueu o olhar, firme, encarando-as por um instante.
— Talvez Henrique Azevedo esteja procurando competência, não aparência — respondeu, com a voz trêmula, mas firme.
As duas riram alto, debochando.
— Oh, que gracinha… já acha que sabe o que um CEO quer.
Selma, a secretária, lançou um olhar cortante.
— Silêncio na recepção. — Sua voz foi seca, autoritária.
As duas moças se calaram, mas não sem antes lançar olhares venenosos para Luna.
💥
O coração de Luna já estava em disparada quando Selma consultou a lista e anunciou:
— Luna Carvalho.
O mundo pareceu parar por um segundo. As pernas dela tremeram, mas ela se levantou devagar, segurando firme a pasta contra o peito. Sentiu todos os olhares cravados em si, como se quisessem que ela falhasse.
Selma abriu a porta do corredor elegante que levava à sala de Henrique.
— Por aqui.
Luna respirou fundo. Era o momento decisivo. Cada passo ecoava no chão de mármore, cada batida de seu coração parecia gritar em seus ouvidos. Estava prestes a encarar o homem que poderia mudar completamente sua vida.
Quando a porta se fechou atrás dela, o silêncio do corredor fez sua respiração soar mais alta.
E então, lá estava: a porta do escritório de Henrique Azevedo.
Selma bateu suavemente.
— Senhor Azevedo, a próxima candidata.
O coração de Luna parecia querer saltar do peito.
E, antes que pudesse se preparar, ouviu uma voz grave lá dentro:
— Pode entrar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 48
Comments