O fim de tarde chegava com uma melancolia quase palpável, enquanto a chuva fina tamborilava suavemente sobre as janelas do alto edifício da Vasconcellos Corporation. O ambiente, que normalmente fervilhava com o ritmo acelerado do trabalho e das decisões impessoais, agora parecia desacelerar, mergulhando numa atmosfera quase íntima e inesperadamente silenciosa. Foi nesse cenário que Leonardo surpreendeu Isabela ao convidá-la para ajudá-lo com documentos confidenciais na sala de reuniões — um convite que, para ela, soou como uma quebra sutil da distância que até então os separava.
A sala era pequena, mas moderna, com uma grande mesa de madeira escura e cadeiras de couro que contrastavam com a transparência da porta de vidro que a isolava do restante do mundo corporativo. Para fora, o horizonte cinzento e a chuva criando uma cortina suave, como se aquele espaço fosse um refúgio secreto, um universo paralelo onde poderiam se afastar da pressão implacável das expectativas e responsabilidades.
Enquanto mergulhavam em números, contratos e decisões que moldariam o destino da empresa, Isabela sentia a concentração crescer, mas também uma tensão sutil, quase elétrica, que fluía entre eles como uma corrente invisível. O ar estava carregado não apenas com o aroma do café frio na mesa, mas com o peso das responsabilidades que carregavam — e de sentimentos não expressos que começavam a emergir, ameaçando romper as barreiras cuidadosamente construídas.
A luz suave do abajur lançava sombras tênues no rosto de Leonardo, realçando a expressão séria, porém vulnerável, que ele raramente deixava transparecer. Isabela, ao seu lado, tentava manter o foco nos papéis, mas não conseguia ignorar a proximidade dele, o calor que irradiava, o ritmo cadenciado da respiração que parecia sincronizado com o seu.
Durante uma pausa, Leonardo fechou um contrato importante e virou-se lentamente para ela, o olhar fixo e intenso. O silêncio que se instalou entre os dois não pedia palavras; falava por si só, carregado de tudo aquilo que não ousavam dizer.
— Você sabe o quanto esse lugar exige — disse ele, a voz baixa, quase um sussurro que parecia atravessar não só a sala, mas algo mais profundo.
Isabela sentiu o coração acelerar, um misto de medo e excitação que lhe tirava o fôlego. Tentou controlar o tremor na voz, respondendo com firmeza, mesmo quando suas mãos inconscientemente se apertavam sobre a mesa.
— Sei — respondeu, consciente de que aquelas palavras guardavam uma carga muito maior do que pareciam.
Seus olhos se encontraram e, naquele instante, tudo pareceu desacelerar. O mundo lá fora desapareceu, e só existia aquele espaço delimitado pela porta de vidro, a chuva sussurrando histórias de segredos e desejos. Leonardo estendeu a mão lentamente, quase hesitante, até tocar delicadamente a dela, um gesto simples, porém carregado de significado.
O contato das mãos foi como uma faísca que incendiou tudo o que ambos tentavam esconder — o desejo contido, a atração proibida, a promessa silenciosa de algo mais intenso e profundo. Isabela sentiu a pele arrepiar, o sangue correr mais rápido, e um calor suave tomar conta de seu corpo.
Por um momento, nada mais importava além daquele toque, daquela conexão silenciosa e carregada de segredos. O espaço entre eles se fechou, como se o tempo e o mundo tivessem decidido fazer uma pausa para permitir que aquela tensão, aquela chama oculta, finalmente tivesse seu momento de revelação.
Mas mesmo naquele instante tão vulnerável, ambos sabiam que o que acontecia ali, por trás daquela porta de vidro, precisava continuar sendo um segredo — um delicado equilíbrio entre ordens e desejos que apenas começava a ser desvendado.
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Atualizado até capítulo 65
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