Capítulo 5

Jake sai dirigindo sem rumo, ele liga pra um amigo e marca o encontro em um bar.

Archie:_ Eu tentei te avisar sobre a Priscila. Desde o começo, aquilo ali era problema com salto alto.

Jake:_Eu sei. Eu me sinto um idiota, cara. Eu acabei com a minha vida por causa de uma chantagem emocional barata.

Archie:_ Você tá falando da gravidez?

Jake olha pro copo.

Jake:_O que posso fazer? Acha mesmo que a Priscila vai cuidar dessa criança direito? Archie no começo eu só estava frustrado por ter perdido a Beatriz eu me afoguei na bebida e quando ela me disse que estava grávida eu achei que era uma oportunidade de eu ter a minha família, sei lá o que eu estava pensando.

Jake coloca a mão no rosto.

Archie:_ E agora?

Jake:_ Agora eu não aguento nem olhar na cara dela. Ela me sufoca. Faz escândalo por tudo.Eu não aguento mais, estou ficando maluco!

Archie:_E a Beatriz?

Jake:_Eu sinto tanta saudade dela, com ela tudo era mais fácil Beatriz e maravilhosa e eu estraguei tudo agora estou prestes a casar com uma mulher que não amo. Eu sou um idiota!

Dias depois...

No trabalho de Beatriz....

O barulho dos dedos no teclado era quase um mantra para Beatriz, ajudando-a a se concentrar e esquecer, nem que fosse por alguns minutos, o vazio que a acompanhava nos últimos meses. Até que um perfume adocicado e familiar cortou o ar, fazendo seu estômago revirar antes mesmo de ouvir a voz.

— Bia… — disse Priscila, com um sorriso calculado nos lábios e um envelope branco nas mãos. — Quanto tempo, prima.

Beatriz ergueu o olhar devagar, respirando fundo antes de responder.

— O que você quer, Priscila?

— Ah, nada demais… — ela deu de ombros, entrando como se tivesse todo o direito. — Só vim entregar isso pessoalmente. É especial demais para mandar pelo correio. — Estendeu o envelope, com seu nome escrito em letras douradas.

Beatriz não tocou nele. — E o que é isso?

— O convite do meu casamento com o Jake. — Priscila sorriu como quem anuncia uma promoção imperdível. — Ah, e… — fez uma pausa dramática, acariciando a barriga levemente — …também queria que você soubesse que vamos ter um bebê.

Beatriz sentiu um frio na espinha, mas manteve o tom firme. — Parabéns. Espero que vocês sejam muito felizes.

— Obrigada, prima. — Priscila inclinou a cabeça com falsa doçura. — Eu realmente queria que não houvesse ressentimento entre nós. No fundo, sei que você e o Jake não eram feitos um para o outro. Ele precisava de alguém… diferente.

— Diferente… ou disposta a trair? — Beatriz rebateu, a voz carregada. — Me diz, Priscila, por que você me odeia tanto? Por que sempre tem prazer em roubar os homens com quem eu me envolvo?

O sorriso de Priscila não vacilou, mas seu olhar brilhou com malícia. — Odeio você? Não, Bia… Eu só gosto de ganhar. E você… bem, você sempre foi fácil de vencer.

Beatriz fechou os punhos, lutando contra a vontade de mandá-la embora aos gritos. Mas não lhe daria esse espetáculo. Apenas disse, seca.

— Fecha a porta ao sair.

Priscila deu um último sorriso triunfante e saiu, deixando o silêncio pesar sobre a sala.

Sozinha, Beatriz se afundou na cadeira, os olhos queimando. Passou a mão pelo rosto, tentando segurar as lágrimas, mas o nó na garganta não cedia.

Nos últimos tempos,ela havia trabalhado, estudado, sobrevivido… mas, no fundo, sentia que não tinha conquistado nada de verdade. Não tinha o amor que sempre sonhou, nem a família que imaginava, nem sequer a certeza de estar no caminho certo.

Estava sozinha. Outra vez.

E, pior, derrotada pelo único homem que tinha amado.

Beatriz respirou fundo, engolindo o choro, mas a sensação era clara: ela era um fracasso.

Momentos depois...

Beatriz estava sozinha no banheiro da empresa, as luzes brancas refletindo seu rosto cansado no espelho.

Por um instante, ela se permitiu encarar aquela mulher no reflexo e odiou o que viu. Os olhos marejados, o batom borrado, a expressão quebrada. As lágrimas vieram sem permissão, quentes e silenciosas, como se cada gota carregasse anos de decepção.

Por que ela não conseguia ser feliz?

Por que sempre acabava traída, humilhada, como se fosse algum tipo de destino cruel?

E onde estava o “final feliz” que prometiam nos romances de banca da Harlequin books que ela tanto devorava na adolescência? Aquele amor arrebatador, aquele alguém que a escolheria para sempre… era tudo mentira.

Ela enxugou as lágrimas com força, respirou fundo e encarou a própria imagem com um novo peso no olhar.

— Eu odeio todos os homens — murmurou para si mesma, a voz baixa e carregada. — Nunca mais vou me permitir me apaixonar. Nunca mais vou deixar ninguém me destruir.

Um silêncio pesado tomou conta do ambiente.

— É o meu destino ser sozinha. — A frase saiu quase como um juramento. — Não existe ninguém esperando por mim por aí. Não existe alma gêmea. Isso é idiotice… e eu tenho que parar de pensar nessas bobagens. Eu não fui feita para o amor. A minha vida amorosa está morta!

Virou-se, endireitou os ombros e saiu, com o coração blindado e a promessa de nunca mais deixar ninguém atravessar suas barreiras.

Mais tarde no mesmo dia....

Na casa dos pais de Beatriz...

Beatriz e os pais jantavam quando a mãe dela percebe a filha inquieta.

Maria:_O que aconteceu? Está sem fome, querida?

Beatriz que estava brincando com os talheres olha para a mãe.

Beatriz:_É sim e que eu comi muita besteira hoje.

Fernando e Maria se olham.

Fernando:_Você já sabe não é?

Beatriz:_Que os dois traidores vão se casar? Sim, a noiva fez questão de ir até o escritório pra me contar e levar o convite e sei também que ela está grávida.

Maria:_Filha?

Beatriz:_Eu não desejo falar disso se não se importam por que não me contam sobre a viagem de vocês.

Fernando:_Não podemos deixar você assim.

Beatriz:_Estou bem, olha vocês trabalham muito e merecem descanso eu ficarei bem.

Maria:_Um dia você encontrará alguém que vai te tirar do eixo, alguém que você não vai suportar viver sem ele e nem ele sem você acredite filha, Deus está vendo o seu sofrimento ele vai te recompensar.

Beatriz:_Deus? E onde ele estava quando o Jake estava transando com a Priscila? Me enganando me traindo e os dois debochando de mim? Eu não acredito mais nele mamãe e nem em homem algum eles mentem traem, humilham e não tem nenhum arrependimento em relação à isso eu estava sendo traída há meses e onde Deus estava? Não, eu não acredito mais nele.

Fernando:_Não blasfeme menina! Porque ele pode te castigar!

Beatriz:_Mais do que me castigou? Impossível! E olha que eu nunca dei motivos pra Deus me odiar tanto! Bom eu vou pra casa tenho que me arrumar, a Renée está fazendo aniversário e vamos comemorar em um bar. Amo vocês e obrigada pelo jantar.

Beatriz se despede dos pais e vai embora.

Fernando:_Eu queria tanto que ela fosse feliz.

Maria:_Eu também, eu odeio aquela cachorra da Priscila e a vagaba da mãe que teve a pachorra de me ligar pra contar que o Jake escolheu a melhor esposa que vontade me deu de entrar naquele telefone e dar na cara dela! Que sem vergonha! O seu irmão não merecia ter uma megera como ex esposa é uma filha cobra como aquela, tenho pena dele.

Horas depois....

O bar estava lotado, o som alto, e as luzes piscando em tons de roxo e dourado deixavam o lugar com um ar de festa permanente. Beatriz encostou no balcão, rindo de algo que Renée tinha acabado de contar, enquanto segurava um copo de margarita. Era aniversário da amiga e, como sempre, o grupo estava reunido para celebrar com risadas, brindes e um pouco de drama gratuito.

— Trinta anos bem vividos, minha gente! — Renée ergueu a taça, toda iluminada pelo glitter dourado da maquiagem. — E que venham mais trinta com muito vinho e zero homens cafajestes!

— Amém! — Beatriz riu, brindando com ela.

As outras amigas — Graziela e Samara — se juntaram ao brinde, cada uma mais animada que a outra. Depois de alguns goles e de várias fofocas, Graziela se inclinou na direção de Beatriz, um sorriso travesso nos lábios.

— Aliás, Bia… já pensou no que vai fazer sobre aquele casamento? — perguntou, referindo-se ao convite que Beatriz recebera de Priscila.

Beatriz revirou os olhos. — Vou fazer o que? Fingir que não existe. Não vou até lá encarar aquele circo armado.

Pra que? Pras pessoas virem o fracasso de mulher que sou? Uma mulher que nem conseguiu segurar o noivo? E que perdeu pra prima? Tô fora!

Renée segura na mão da amiga.

Renée:_Não diga isso você não é um fracasso eles que não prestam meu bem.

Graziela balançou a cabeça como quem tem um segredo valioso. — Ai, amiga… você precisa ir. E mais precisa ir maravilhosa. Tipo capa de revista, de vestido arrasador e… — ela fez uma pausa dramática, olhando para todas — de braço dado com um homem perfeito.

Beatriz:_Ah, claro! Vou ali pedir pro Brad Pitt me acompanhar — ironizou Beatriz, tomando mais um gole.

— Não precisa ser o Brad, mas… pode ser alguém contratado. — Graziela abriu a bolsa e tirou um cartão preto com letras prateadas. — Tenho um contato perfeito. É de uma agência superdiscreta. Você paga, escolhe o perfil do cara e ele finge ser seu noivo.

Beatriz ficou boquiaberta. — Você tá brincando…

— Eu tô salvando a sua dignidade — Graziela respondeu, deslizando o cartão pela mesa até a mão de Beatriz. — Pensa só: você entra naquele salão com um homem lindo, charmoso, sorrindo como se fosse o amor da sua vida. Jake e a víbora da Priscila vão engasgar com o próprio bolo.

Renée gargalhou, batendo palmas. — Eu apoio! Vai ser épico!

Beatriz olhou para o cartão, ainda rindo, mas com a mente já imaginando a cena. Um noivo de aluguel… soava absurdo. Soava também… tentador.

Beatriz:_Isso é maluquice gente!

Diz Beatriz devolvendo o cartão para a amiga que por sua vez pega o cartão e coloca na bolsa de Beatriz que repousava na mesa.

Graziela:_Guarde com você se tiver vergonha de ir até lá eu mesma vou e só me dizer eu escolho e mando o cara pra lá te encontrar.

Samara:_Eu também acho maluquice a Beatriz não precisa provar nada pra ninguém amiga deixa essa gente pra lá.

Beatriz:_Pessoal esse é o aniversário da Renée então vamos deixar esse assunto pra lá ok! Vamos comemorar!

Priscila Martins

Jake Wellington

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