A PERDA
A noite caiu como um véu sobre o reino, pesado e sufocante. Leila corria, o bebê apertado sobre o seu peito. As mãos trêmulas. O coração aos gritos.
Ela não sabia se era a chuva ou as lágrimas que escorriam por seu rosto. Só sabia que não podia parar. Não agora. Não depois do que prometeu. As últimas palavras da rainha queimavam como brasas na memória.
Relâmpagos riscavam o céu, iluminando por um instante os campos desérticos além dos muros do castelo. Havia vozes atrás dela. Cavalos. Cachorros de caça. O rei havia ordenado a morte do próprio filho.
Ysaac, recém-nascido, estava quieto demais. Dormia, ou fingia? O seu corpo irradiavam um calor estranho. Não febre, mas algo...diferente. Leila não ousava olhar. Se o fizesse, talvez desmoronasse.
Ela atravessou uma trilha de pedra, rumo a floresta. A chuva tornava o chão escorregadio, mas os pés dela continuavam sem falhar, impulsionados por medo, fé e desespero. Então veio o som
Assobios no vento. Risos baixos. Sombras que não pertenciam a nenhum homem. Leila parou. A floresta pareceu sussurrar ao ouvido dela. " Deixe-o...Você não é capaz" . Ela se virou, olhos arregalados. Mas não havia ninguém.
E então, um grito. Um cavalo surgiu do mato e colidiu com ela. O impacto foi violento. Leila caiu de costas, o corpo batendo com força contra uma rocha. O céu gritou. O grito do bebê foi engolido pela tempestade. O manto ao seu redor se soltou. Ysaac deslizou pelos galhos no chão, desceu uma pequena encosta e sumiu entre a névoa da floresta.
Leila
NÃO! NÃO!
* Leila gritou tentando se levantar*
Leila
NÃO, PELO AMOR DOS DEUSES!
* mas seu corpo não responeu*
Tudo doía. Uma perna quebrada. A cabeça latejando. A boca tomada por um gosto metálico. Ela começou a Rastejar.
Leila
Por favor...por favor...
Mas o bebê ja não estava lá. A floresta o engoliu. Leila apagou.
Horas depois o céu havia clareado. Os soldados encontraram apenas um manto rasgado com o brasão da rainha. O bebê, nada. E Leila, ferida e inconsciente, foi levada de volta para ser julgada.
Leila vivia como uma mulher silenciosa, isolada nas bordas de um vilarejo onde ninguém ousava se aproximar. Todos diziam que ela havia enlouquecido. Que falava com árvores.
Talvez ela tivesse enlouquecido de verdade, mas ela sabia e tinha certeza de que o bebê não estava morto. " ele está vivo e vou achá-lo" ela sussurrava para si mesma à noite.
DE VOLTA AOS TEMPOS ATUAIS
Ysaac não lembrava do rosto da mulher que o carregava naquela noite tempestuosa. Tudo o que sabia era que, quando abriu os olhos pela primeira vez, está sozinho.Enrolado em panos gastos, em cima de uma carroça abandonada. Chovia e ele chorava.
Foi então que Mei, uma idosa cega que passava por lá, o encontrou. Ela dizia que ouviu o choro e como não havia mais ninguém pelas redondezas. Decidiu adotá-lo. Ela levou-o com ela. Não tinha quase nada. Dormia entre cestos de palha e comia restos de feira. Quando sobrava. Mas ensinou Ysaac a falar, ler, escrever, a ouvir com atenção, a ler expressões mesmo sem ver rostos. Até lhe deu o nome de seu marido já falecido. Ysaac.
"Eu enxergo o que muitos não veem, garoto" Dizia ela. Durante 11 anos, Mei foi a única pessoa em que Ysaac confiou. Enquanto outras crianças o evitavam e taxavam como estranho por suas características diferentes, ela o defendia.
Deram vários apelidos a ele, alguns até maldosos. Mas mei Dizia " Eles tem medo do seu brilho Ysaac. Você não deve ser como eles."
Ysaac cresceu rápido. Aos sete, Ja corria como vento pelas ruas, escalava telhados e roubava sem ser visto. Na maioria das vezes. Aos dez, conhecia cada saída secreta da cidade, cada guarda corrupto, cada pessoa perigosa e poderosa. Mas aos 11, tudo mudou. Mei adoeceu.
Ysaac tentou de tudo: roubou ervas, remédios, até tentou trocar um anel antigo por ajuda. Mas ninguém queria ajudar uma velha cega e seu menino estranho. Na última noite, Mei segurou a sua mão e sorriu. " Você precisa ir. O mundo vai lhe mostrar quem você é. Mas não confie no primeiro que sorrir. Principalmente se for bonito de mais. Eles são malignos, criaturas sanguinárias" Então ela partiu.
Ysaac enterrou Mei em silêncio, em baixo de uma cerejeira seca. Não chorou, Não falou. Desde então, Ysaac viveu só. Mas nunca esquecerá os ensinamentos de Mei. E uma pergunta que crescia a cada dia.
Ysaac
Quem sou eu...de verdade?
Baeony
Eu queria focar esse capítulo mais no que aconteceu no dia da morte da rainha e como Leila perdeu Ysaac. E como Ysaac cresceu ao longo dos anos
Baeony
Obrigado por lerem. Até a próxima
Comments
🩵TIGRESA BLUE🩵
Quem será que salvou o bebê ?
2025-08-09
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🩵TIGRESA BLUE🩵
Verdade quem é tu ?? 🤨
2025-08-09
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