Detroit – 17:50
O céu começava a escurecer, tingido de tons azulados e laranja queimado. As ruas da zona sul estavam mais silenciosas do que o habitual, como se até os becos soubessem que algo perigoso caminhava por ali.
Eve estacionou sua moto preta, discreta, em uma viela lateral próxima ao endereço. Estava vestida com calça jeans escura, jaqueta de couro, botas de sola macia e luvas finas. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo apertado. Nenhuma peça de roupa denunciava sua identidade — como sempre.
Ela tirou do bolso um pequeno dispositivo com visor digital. Verificou o layout do prédio: quatro andares, sem elevador, entrada pelos fundos com uma escada de emergência. A câmera de segurança estava desligada — cortesia de James, que enviara a confirmação poucos minutos antes.
Com passos leves, ela subiu os degraus da escada de emergência até o quarto andar. A janela estava ligeiramente entreaberta. Eve puxou uma pequena lâmina de sua bota, deslizou-a entre o vão e destravou o fecho com agilidade.
Silêncio.
Ela entrou no apartamento escuro como uma sombra. Ouviu o som baixo da TV em outro cômodo. O alvo ainda estava acordado.
Pela fresta da porta, viu o homem — Louis Brandon — deitado no sofá, comendo algo em uma tigela. Despreocupado. Inocente demais para quem estava jurado de morte.
Eve sacou a faca, aproximando-se sem um ruído sequer. Estava a poucos passos quando o celular dele tocou — e ela congelou ao ouvir o nome na tela iluminada.
“Lian Owen – número pessoal.”
Eve arqueou uma sobrancelha. O nome ecoou em sua mente como uma explosão silenciosa.
— Tsc... — ela murmurou, recuando um passo.
Louis atendeu sonolento:
— Alo? Senh-
Ele não terminou a frase.
Num movimento rápido e certeiro, Eve surgiu da escuridão e passou a lâmina de uma adaga curva pela garganta do homem. O som da carne rasgando foi seguido por um gargarejo sufocado. O sangue espirrou na Tv enquanto o corpo caía, convulsionando.
O celular escorregou da mão dele, ainda com a ligação ativa.
Eve o pegou, limpando o sangue da tela com a manga da jaqueta. Levou até o ouvido, ouvindo uma respiração calma e controlada do outro lado.
— E aí, quanto tempo, mafioso.
Houve uma pequena pausa.
— Ah… a senhorita sombra. — Lian respondeu, com um tom debochado e divertido. — Vejo que continua afiada.
Eve sorriu, olhando o corpo no chão.
— Foi mal… não tava afim de perder outro pagamento.
Lian deu uma risada abafada do outro lado da linha.
— Entendo. Trabalho é trabalho. E o nosso encontro de hoje… ainda está de pé?
Eve gargalhou, um riso soprado e sarcástico.
— Pode sonhar, Owen. — E desligou, sem dar chance para resposta.
Com frieza, limpou a lâmina na camiseta do próprio morto e guardou-a de volta na bota.
Antes de sair do apartamento, sacou seu próprio celular. Discou o número do contratante.
— Está feito. Faça o restante do pagamento. — disse, e saiu porta afora como se nada tivesse acontecido.
Do outro lado da cidade, Lian Owen ainda segurava o telefone, sorrindo no escuro.
— Ela é mesmo diferente de tudo que já vi.
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O motor da moto roncava sob Eve enquanto ela cruzava as ruas molhadas de Detroit. A noite já caía de novo, e as luzes da cidade piscavam sobre seu capacete preto como olhos vigilantes.
Ao chegar em casa, ela estacionou na garagem apertada do pequeno prédio, subiu os dois andares até seu apartamento e entrou.
Jogou as chaves no balcão da cozinha como quem descarrega um peso.
Sem tirar a jaqueta de couro, foi direto até o sofá, pegou o celular e abriu o aplicativo do banco.
Quando viu os 20 mil dólares caídos na conta, um sorriso de vitória se formou em seus lábios.
— Agora sim…
Ela buscou o contato de James e fez a ligação.
— E aí, cabeção. Vamo sair pra beber? Eu pago.
Do outro lado da linha, James gritou:
— OPA! VAMO NESSA!
— Você sabe que não precisa me chamar duas vezes, né?
— Onde? Quando? Agora? Eu tô com a calça, a carteira e a sede prontas!
Eve riu e disse:
— Te mando a localização. Vinte minutos.
— Fechado. Hoje é por tua conta, então eu vou pedir as caras.
— Você sempre pede as caras, James. — ela respondeu, já indo para o quarto se trocar — Mas tudo bem. Hoje eu deixo.
Ela desligou, trocou de roupa para algo mais casual — ainda com a jaqueta, claro — e se olhou no espelho.
Ainda era a Sombra de Detroit. Mas por uma noite…
ela queria apenas ser Eve.
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Lian ainda sorria, o cigarro aceso entre os dedos, enquanto o telefone descansava sobre a mesa. A voz dela — firme, debochada e deliciosa — ainda ecoava em sua mente.
“Pode sonhar...”, ela dissera.
E ele faria exatamente isso.
Três batidas na porta o tiraram de seus devaneios. Sem desviar os olhos da janela, ele disse calmamente:
— Entre.
A porta se abriu e Ryan entrou, sempre preciso, sempre pontual. Era o homem encarregado de buscar informações confidenciais, localizar alvos e apagar rastros. Alto, magro, discreto, usava óculos de aro fino e carregava uma prancheta.
— Senhor... — disse ele, parando diante da mesa de Lian — Consegui encontrar algo sobre a mulher que procurava. A... sombra.
Lian se virou com um sorriso satisfeito, apagando o cigarro no cinzeiro de cristal.
— Me diga o que achou sobre a gatinha arrisca.
Ryan pigarreou antes de continuar, com o tom sempre profissional:
Ryan abriu a pasta, tirando alguns papéis com fotos e anotações.
— Nome: Eve Wong. Vinte e sete anos. Mora sozinha em um pequeno apartamento na região norte da cidade, perto da linha do trem.
Trabalha em meio período numa cafeteria no centro chamada Brew & Soul, sob o nome registrado no sistema.
Lian arqueou uma sobrancelha, interessado.
— Eve Wong... bonito nome. Continue.
— Ela é extremamente cuidadosa. Quase nenhum rastro. Mas consegui confirmar que a única pessoa que mantém contato frequente com ela é James Carter, 25 anos, hacker conhecido nos círculos ilegais por trabalhos limpos e discretos.
É ele quem, ao que tudo indica, apaga qualquer vestígio que ela possa deixar nas cenas dos assassinatos.
As câmeras somem, os registros digitais desaparecem, e até mesmo laudos médicos são alterados quando necessário.
Ryan suspirou, como se relatar aquilo fosse um misto de orgulho e frustração profissional.
— Tentei puxar o passado dela… escola, histórico médico, parentes... Mas é como se alguém tivesse apagado tudo.
Nem mesmo o sistema da prefeitura tem registros anteriores aos últimos três anos.
É como se Eve Wong tivesse surgido do nada.
Lian ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo cada palavra. Então se levantou, caminhando até a janela. O céu de Detroit estava cinzento, pesado.
— Um nome... um endereço... e um fantasma no passado. — Ele sorriu de lado. — Isso só me deixa mais curioso.
— Uma mulher que sabe matar e desaparecer. Que ri na minha cara ao telefone.
— Ela não é só uma sombra, Ryan. Ela é um blecaute completo.
Ryan apenas assentiu.
Lian então voltou à mesa, pegou a foto de Eve na cafeteria e passou os dedos sobre ela, como se pudesse sentir sua energia através do papel.
— Continue observando. Mas sem se aproximar. Ainda não.
Quero saber mais sobre esse James também. Verifique os acessos, redes, conexões dele.
E… — ele sorriu, quase em tom íntimo — descubra se a senhorita Wong tem algum ponto fraco.
Ryan guardou a pasta.
— Sim, senhor.
Lian ainda segurava a foto de Eve entre os dedos, os olhos fixos no retrato dela atrás do balcão da cafeteria. O sorriso dela era sutil, discreto, quase como se soubesse que estava sendo observada mesmo ali.
Ele murmurou, como se falasse apenas para si:
— Eve Wong... — repetiu lentamente. — Um nome tão bonito quanto a dona dele.
Deu um leve sorriso torto, inclinando a cabeça, ainda hipnotizado pela imagem.
— Estou mais ainda curioso sobre você, Eve...
Quem é você, afinal? De onde veio essa sombra que dança entre as luzes de Detroit?
— Uma assassina que desaparece sem rastros. Uma mulher que me encara sem medo... — ele deu uma risada baixa. — Isso não acontece todo dia.
Lian se recostou na cadeira, ainda segurando a foto como se fosse uma peça rara, algo precioso. O interesse dele estava cada vez mais longe de ser apenas profissional. Havia algo nela — algo que ele precisava entender. Ou talvez, no fundo, ele só queria ver até onde aquela mulher podia ir... e se um dia ela chegaria até ele por vontade própria.
Ele olhou pela janela novamente, os prédios refletindo a luz opaca da manhã.
— Vamos ver até onde você consegue correr, sombra.
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Detroit – 20:15
Eve parou sua moto em frente ao pequeno prédio onde James morava. Nem precisou buzinar — ele já estava na porta, descendo os degraus aos pulos, como uma criança empolgada indo para a loja de brinquedos.
— Aí vem ele... — murmurou Eve, rolando os olhos por baixo do capacete, contendo um sorriso.
Quando ele se aproximou, ela tirou um segundo capacete da garupa e o jogou na direção dele.
— Suba logo, cabeção.
James pegou o capacete no ar com um movimento desengonçado, mas certeiro.
— Vamos, vamos! Hoje é histórico: a Eve tá pagando!
Ele subiu na moto com um salto animado, colocando as mãos na cintura dela para se segurar.
— Cuidado com essa mão, James. — disse Eve num tom seco, mas com um meio sorriso no canto da boca.
— Qual é, você quer que eu caia e quebre os dentes? — rebateu ele, rindo. — Aí você que vai pagar meu plano dentário.
Eve soltou uma risada, deu partida na moto e os dois partiram em meio às luzes da cidade.
O vento cortava os sons da noite enquanto a moto avançava pelas ruas de Detroit. Por um momento, parecia que Eve podia esquecer o sangue, as sombras... e apenas aproveitar a companhia daquele maluco que sempre a fazia rir, mesmo nos piores dias.
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Assim que estacionaram a moto, James saltou da garupa como se estivesse prestes a entrar num parque de diversões.
— Esse é o melhor bar da cidade, Eve. Confia! — disse com os olhos brilhando, abrindo os braços em direção à fachada iluminada em neon vermelho.
Eve arqueou uma sobrancelha por baixo do capacete, tirando-o com calma.
— Hm... espero mesmo, senhor entendedor de bebidas baratas.
Ambos entraram. O ambiente era envolto em luzes quentes, com uma mistura de rock suave e blues preenchendo o ar. O som das conversas e dos copos se chocando criava uma atmosfera viva, mas ainda íntima.
Eve olhou em volta, instintivamente mapeando saídas, ângulos e rostos. Um velho hábito que nunca desaparecia.
Foram direto ao balcão.
— Uma tequila, por favor. — disse Eve com voz firme.
O barman assentiu com um aceno.
— E pra mim, uma cerveja gelada. — completou James, apoiando-se no balcão com um sorrisinho bobo.
Ele então se virou para Eve com aquele olhar curioso de sempre.
— E aí... como foi seu encontro com o maior mafioso de Detroit?
Eve pegou o copo assim que a tequila chegou, deu um gole generoso, seco. O álcool queimou como uma lembrança.
Ela se virou calmamente para James, seus olhos carregando o tédio de quem já viu demais.
— Hm... normal. Só era mais um no ramo. Nada diferente. — disse com indiferença, como se estivesse falando de um cliente de cafeteria que reclamou do açúcar.
James soltou um assobio baixo, impressionado com a frieza.
— Você é de outro planeta, mulher. — disse, tomando um gole da cerveja. — Mas tá mentindo mal, hein.
Eve apenas sorriu de lado, voltando a olhar o bar, atenta... como se algo ainda estivesse por vir.
A noite seguia animada. Copos iam e vinham, risadas se misturavam ao som pulsante da música. Eve mantinha a postura firme, mesmo após várias doses — uma veterana nas bebidas. James, por outro lado, já estava praticamente desmaiando no balcão, com a cabeça pendendo para o lado e a língua solta.
— Você é... oficialmente... uma máquina, Eve... — murmurou ele antes de apoiar o rosto no braço como um adolescente derrotado.
Eve soltou uma risada rouca, girando seu copo entre os dedos, quando um homem se aproximou. Era alto, bem vestido, com um charme espontâneo e um sorriso de quem sabia o que queria.
— Está sozinha, princesa?
Eve se virou devagar, medindo o homem com um olhar afiado de cima a baixo. Ele não era de se jogar fora. Corpo atlético, barba por fazer, olhos escuros e confiantes.
"Por que não? — pensou. Ela deu um sorriso de canto."
— Hm... estou sim. Quer me levar pra algum lugar melhor?
O homem sorriu de volta, um pouco surpreso com a resposta direta.
— Acho que posso te surpreender.
Antes que os dois saíssem, James ergueu a cabeça com esforço.
— Eve... você é minha carona...
Ela se virou com naturalidade, pegou uma nota dobrada no bolso e jogou sobre o balcão.
— Táxi, James.
Ele franziu a testa, indignado.
— Eu ia dizer pra você tomar cuidado... — suspirou. — Mas você é uma mulher que não precisa disso.
Eve piscou para ele, divertida, pegou sua jaqueta de couro e se levantou.
— Boa noite, cabeção.
James balançou a cabeça, rindo sozinho.
— Se ele souber quem você é... vai precisar de um milagre.
Do lado de fora, Eve sumiu na noite com o estranho, botas estalando contra o asfalto molhado. Mas mesmo em meio ao desejo impulsivo, seus olhos ainda analisavam os reflexos nos carros e os vultos nas esquinas. Ela nunca estava realmente distraída.
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Apartamento desconhecido – 03:47
A porta bateu atrás dos dois com um estrondo abafado.
Corpos colidiam pelas paredes do corredor estreito. As mãos dele percorriam o corpo de Eve como se estivesse explorando um território desconhecido — e ela o deixava acreditar nisso. Seus beijos eram vorazes, selvagens, como se o tempo tivesse urgência.
— Nossa... você é gata demais... — murmurou ele entre um beijo e outro, ofegante, sem esconder o fascínio.
Eve sorriu contra os lábios dele, prendendo os dedos na gola de sua camiseta antes de puxá-lo com força.
— É, eu sei... agora só continua.
Ele riu, excitado e um pouco atordoado com a ousadia. Foram se arrastando pelo apartamento, batendo contra móveis, derrubando uma luminária, até que finalmente chegaram ao quarto. A porta se fechou com um chute apressado e as roupas começaram a desaparecer, uma peça após a outra, como parte de um jogo silencioso de domínio e desejo.
Ele sorriu, um sorriso que prometia mais do que palavras, e seus lábios úmidos continuaram o caminho traçado pelo seu olhar, descendo pelo abdômen tenso de Eve. Cada beijo era uma brasa, acendendo um fogo que já crepitava forte entre eles. A respiração dela se tornou um sussurro ofegante, as mãos dela se enroscaram em seus cabelos, puxando-o para mais perto, para mais fundo naquela exploração que incendiava cada fibra do seu corpo.
Quando os lábios dele finalmente alcançaram a região íntima de Eve, um arrepio percorreu-a da cabeça aos pés. Era uma sensação de rendição, de entrega total a um desejo que parecia ter existido desde sempre, esperando apenas o toque dele para explodir. Ele usou a língua com uma perícia que a fez arquear as costas, um gemido rouco escapando de sua garganta.
Os movimentos eram lentos e provocantes no início, explorando cada curva, cada fenda, até que a urgência tomou conta. A respiração de ambos se misturava no quarto, pesada e inebriante.
Ele a possuía com a boca, com a língua, com o calor que irradiava dele, e Eve não conseguia mais conter os sons que borbulhavam em seu peito. Seus dedos se apertavam nos lençóis, suas pernas se moviam, buscando mais, implorando por mais. Ele volta subindo os beijos para cintura de eve então seus olhos param em uma cicatriz diferente das outras.
— O que foi isso? — perguntou, erguendo os olhos para ela. — Parece uma bala...
Eve inspirou devagar, apoiando-se nos cotovelos, encarando-o com um olhar que dizia mais do que qualquer resposta. Seu rosto, por um instante, perdeu o sorriso provocador e assumiu uma sombra de dureza.
— Você não precisa saber. — A voz dela saiu firme, seca, quase um sussurro cortante. Então voltou a sorrir com um toque debochado. — Apenas continue o que estava fazendo.
Ele hesitou por um segundo, mas o tom dela não deixava espaço para perguntas. Sorriu, talvez mais intrigado do que assustado, e retomou o ritmo com ainda mais intensidade — como se quisesse fazê-la esquecer de tudo, inclusive daquela cicatriz.
Mas Eve não esquecia.
Nunca esquecia.
Cada marca em seu corpo era um lembrete.
De onde veio.
E de por que jamais poderia se deixar envolver.
Não com ele.
Não com ninguém.
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A respiração dele ainda estava pesada quando se inclinou sobre ela. Com um movimento rápido, alcançou a gaveta da escrivaninha ao lado da cama, tirando uma camisinha. Os olhos de Eve o seguiram, atentos a cada gesto, a expectativa crescendo no ar. Ele desenrolou-a com uma destreza familiar e a colocou em seu membro, o olhar fixo no dela, como uma promessa silenciosa do que viria.
Então, sem aviso, ele a penetrou. Foi um impacto repentino, mas que Eve recebeu com um gemido abafado. As estocadas eram rápidas e fortes, um ritmo que a impulsionava contra a cama, roubando-lhe o fôlego. As mãos dele se agarraram às suas coxas, puxando-a para mais perto, a urgência de seus corpos se chocando no quarto.
De repente, Eve o parou. Com uma força surpreendente, ela o inverteu, jogando-o na cama. Subiu sobre ele, assumindo o controle, pronta para cavalgar no mesmo ritmo intenso que ele havia iniciado. Seus quadris começaram a se mover, e os gemidos dela se misturaram aos dele. Ele segurava a cintura dela com firmeza, os polegares massageando a pele macia enquanto ela ditava a cadência.
O corpo de Eve estava iluminado apenas pela luz prateada do luar que entrava pela janela, transformando a cena em um espetáculo de sombras e movimentos. Os gemidos dela, profundos e prazerosos, ecoavam pelo ambiente, preenchendo o quarto com a melodia da paixão. A cada subida e descida, a conexão entre eles se aprofundava, levando-os mais e mais perto do limite.
Ele a empurrava para cima, e ela descia com uma ferocidade deliciosamente controlada, os músculos tensos, o suor brilhando na pele.
A tensão se tornou quase insuportável, um prazer excruciante que os consumia. E então, em um grito abafado e um espasmo final que os percorreu, ambos chegaram ao ápice juntos.
Eve desabou ao lado dele, ofegante, o coração batendo descompassado no peito. O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo som de suas respirações pesadas, os corpos entrelaçados na exaustão e na satisfação.
— Uau... você é incrível, — disse ele, ainda ofegante, deitando-se de costas na cama, admirando-a como se fosse uma obra rara.
Eve, porém, não respondeu.
Sem pressa, se levantou, nua, caminhou até onde sua jaqueta estava jogada no chão. Pegou o maço de cigarros no bolso interno, acendeu um com a mesma naturalidade com que eliminava alvos, e voltou a se sentar na beira da cama. Suas costas nuas contrastavam com a fumaça que subia preguiçosa pelo quarto mal iluminado.
Ela cruzou as pernas, tragou fundo e soltou o fumo lentamente, os olhos fixos no vazio — fria, distante, no controle.
Ele se levantou, ajeitando o lençol na cintura, e seguiu em direção ao banheiro.
Eve apenas o observou, sem dizer uma palavra.
Naquele momento, para ela, ele já não existia mais. Era só mais um corpo. Mais uma noite.
Nada além de distração.
Ele voltou do banheiro, deitando-se ao lado de Eve com um sorriso satisfeito no rosto.
— Valeu por isso, — disse ela, fria, soltando o último suspiro de fumaça e apagando o cigarro no cinzeiro improvisado sobre a cômoda.
Ele apenas sorriu, tentando puxar conversa, mas Eve já se virava de costas, fechando os olhos.
Ela não queria papo. Nunca quis.
Era sempre assim.
Antes mesmo de o sol nascer completamente, Eve se levantou devagar, silenciosa como um felino. Se vestiu em poucos minutos, pegando sua jaqueta, as botas, as chaves da moto — e saiu do apartamento sem olhar para trás.
O homem ainda dormia, inconsciente de que aquela mulher que dividiu a cama com ele era mais perigosa que qualquer pesadelo de Detroit.
Ao se aproximar da moto, o celular vibrou.
James: “Eu cheguei vivo, só pra você saber, sua desalmada.”
Eve riu sozinha, sacudindo a cabeça, digitando com uma mão enquanto montava na moto:
Eve: “Tava na minha lista te deixar vivo hoje. Considere-se sortudo.”
Ela então deu partida.
O motor da moto rugiu na madrugada ainda fria, ecoando pelas ruas de Detroit.
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Atualizado até capítulo 30
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